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sábado, 12 de abril de 2008

Odeio "pulítica" (parte I)

O título acima e o tema de dois textos que escrevi em março do ano 2000. Neles relato na primeira parte, em forma crônica, fatos que ocorreram em nossa cidade nos últimos anos. Embora alguns dos personagens reais relatados não estejam ocupando cargos públicos nos dias de hoje, continuam agindo nos bastidores na tentativa de perpetuar seus maus hábitos "pulíticos". Hoje, posto a primeira parte do texto, amanhã, postarei a segunda em forma de um pequeno ensaio. As duas partes, têm o mesmo título.

Crônica

ODEIO “PULÍTICA”

Você conhece alguma coisa mais indecente que a “pulítica”?

Com certeza essa pergunta, se feita a um certo número de pessoas, terá várias respostas. No entanto, sou capaz de apostar que a grande maioria, como eu, odeia o que está acontecendo nos palácios dos governos federal, estadual e nas prefeituras municipais, bem como, no Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores. Muitos, também como eu, odeiam as campanhas “pulíticas”, aqueles programas de propaganda gratuita que são veiculadas no rádio e na TV. É um xingamento mútuo entre a maioria dos candidatos que se consideram santos enquanto seus adversários não passam de demônios. Definitivamente, ODEIO a “pulítica”. Sabe por quê? Porque odeio falsidade, autoritarismo, pessoas que andam a fazer elogios a si mesmas e são incapazes de perceber as qualidades das outras. Na verdade, são, enquanto “pulíticos”, exatamente iguais aos adversários que estão a criticar. Além do mais, odeio a “pulítica” porque tenho um sonho de ver a verdade triunfar, de ver valores como: a vida, a dignidade dos cidadãos, a liberdade de opção e de expressão serem respeitados. E isso não está acontecendo por causa da “pulítica”.

Estou cada vez mais revoltado com esta prática. Na seção da Câmara de Vereadores de Riachão do Jacuípe, dia 18/02/2000, vimos um vereador - um empregado do povo para fiscalizar a gestão pública do município, fazer leis que beneficiem ao povo e acabem com a corrupção - com a maior ingenuidade, declarou o vereador, que a partir de agora não vai mais passar a mão pela cabeça do prefeito quando ele cometer alguma irregularidade e confessou que aquela casa já aprovou “coisas erradas” do prefeito. Interessante, é que este vereador é adversário do chefe do Poder Executivo local que chegou a chamar a Câmara de Vereadores de bordel num programa de rádio. Isso foi há aproximadamente 1 ano atrás. Mas parece que só agora, quando se aproximam as eleições, é que a Câmara de Vereadores soube disso. Pior ainda é que o programa de rádio onde o prefeito, há anos, pode, impunemente, mentir, distribuir ameaças, caluniar e xingar padres e outras pessoas honestas, e até chamar a Câmara de Vereadores de bordel, é pago com o dinheiro da prefeitura, ou seja, nosso dinheiro.

Na atual legislatura, alguns vereadores estão fazendo um jogo de interesses próprios nunca visto, ao menos com tamanho cinismo. Dos nove vereadores que foram eleitos para defender as propostas do grupo político que perdeu a última eleição para prefeito, no 1º dia de mandato, dois deles passaram para a bancada do atual prefeito. Também o presidente da Câmara, que dos eleitos, era o mais forte adversário do atual gestor municipal, não ficou muito tempo nessa condição. Tornou-se um dos maiores aliados do prefeito. Não fosse assim, certamente a Câmara, como disse o vereador ingênuo e/ou displicente, não teria aprovado “coisas erradas” do prefeito. Existe até gravação em fita K7, de uma das seções da Câmara onde o presidente daquela casa chamada, ironicamente, de “Casa da Cidadania” usou a Tribuna da Câmara para dizer, com toda a arrogância que lhe é peculiar, que “funcionário da prefeitura tem que votar em quem o prefeito mandar”. Imagine o quanto ele entende e defende a CIDADANIA, quando este desrespeita e ajuda o prefeito a desrespeitar a liberdade de escolha do cidadão votar em quem confia. Ao contrário, ajuda o prefeito a obrigar o eleitor a votar no corrupto que eles, o prefeito e presidente da Câmara querem, sob pena de perder o emprego. Muitos até perderam e continuam perdendo.

Outro fato que demonstra o quanto esses homens são interesseiros, é o rompimento entre o vice-prefeito e o prefeito. Entre outros motivos, o vice, não era satisfeito com a aliança entre o prefeito e o presidente da Câmara. Agora, junta-se ao próprio para com este e com outros, migrarem para o grupo do maior adversário, para quem passaram boa parte do seu mandato distribuindo xingamentos. Para vingar-se do prefeito, o vice, passou para o outro lado juntamente com o presidente da Câmara. O lado daquele que há menos de três meses era considerado pelo próprio vice-prefeito, como um corrupto... No entanto, a vingança pessoal tem mais importância do que o destino dos 30.456 cidadãos jacuipenses. A “pulítica”, realmente, deve ser odiada por todas as pessoas sérias e honestas.

Nem todos sabem, mas existe diferença entre “pulítica” e política.

Vital Martinho Carneiro de Oliveira

10 de março de 2000

Para ler Odeio "Pulítica" (parte II) clique aqui

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