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domingo, 30 de março de 2008

Mais sugestão de leitores

É com alegria e gratidão que registro a participação da amiga D. Norma Sales e seu esposo Dr. Joaquim Lino, que além de acompanharem diariamente este blog estão ajudando a divulgá-lo. Com enorme satisfação publico, abaixo uma excelente matéria indicada por D. Norma.

Para não esquecer

Laerte Braga - Jornalista


O brigadeiro João Paulo Burnier, em abril de 1968, montou a operação conhecida como PARASAR (Esquadrilha Aéreo Terrestre de Salvamento) e que pretendia, dentre outros atos de terrorismo, explodir o gasômetro do Rio de Janeiro e utilizar o fato e as conseqüências do mesmo como instrumento para culpar grupos adversários da ditadura militar.

Um capitão do grupo, Sérgio Miranda, conhecido como "Sérgio Macaco", recusou-se a cumprir as ordens e denunciou a operação a alguns jornais e revistas e mesmo existindo censura o fato veio a público, ganhou repercussão na imprensa internacional e acabou abortado.

Anos depois, no período do ditador João Figueiredo, no dia 1º de maio de 1980 um oficial do Exército e um sargento chegaram ao Pavilhão do Riocentro com o objetivo de explodir uma bomba no local. Ali estava sendo realizado um show em comemoração ao Dia do Trabalhador e a pretensão dos militares ligados ao CIE (CENTRO DE INFORMAÇÕES DO EXÉRCITO) e SNI (SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES) era a de promover um atentado capaz de criar um clima de comoção nacional, culpar os adversários da ditadura e ter então o pretexto para nova onda de repressão.

A bomba explodiu no colo do sargento que veio a falecer e deixou gravemente ferido o oficial que dirigia o carro, um modelo Karmanghia. Uma segunda bomba foi atirada contra a estação de energia do Riocentro, mas não foi forte o suficiente para interromper o fornecimento de energia ao local onde acontecia o show.

A reação do governo Figueiredo foi de tentar culpar "inimigos da democracia" e esse fato gerou discordâncias dentro do próprio Planalto. O general Golbery do Couto e Silva, chefe do Gabinete Civil da Presidência da República exigiu apuração transparente, deixou claro que se tratava de um atentado promovido por setores radicais das Forças Armadas interessados em promover um retrocesso no que chamavam de "abertura lenta e gradual". Custou-lhe o cargo.

Não houve como esconder a verdade. A própria imprensa já rompendo as amarras da censura denunciou o caráter do atentado.

O semanário O PASQUIM deitou e rolou em cima do frustrado atentado, entre outras coisas, fazendo referência à destruição da "genitália do sargento". Teve a edição apreendida e felizmente circularam exemplares de forma clandestina.

O fato apressou a desmoralização do governo Figueiredo e numa certa medida o passo para a chamada "Nova República".

Essa prática de promover atentados terroristas e inculpar adversários para justificar ações de violência e arbítrio encontra exemplos ao longo de toda a história da humanidade. Hitler explodiu o Parlamento alemão e colocou a culpa nos comunistas, logo em seguida implantou sua ditadura.

No Brasil mesmo, em 1937, o então capitão Olímpio Mourão Filho montou um plano conhecido como Cohen, que permitiu a Getúlio Vargas implantar o Estado Novo, um período cruel e ditatorial, com o pretexto de combater o comunismo. O plano se viu mais tarde foi montado para isso. Mourão, em 1964, colocou as tropas na rua para iniciar o processo de derrubada do governo João Goulart.

Uribe não fez diferente e nem faz na Colômbia em relação às FARCs e ao ELN (respectivamente Forças Armadas Revolucionárias Colombianas e Exército de Libertação Nacional) e Bush não usou estratagema diferente quando imputou a Saddam Hussein "armas de destruição em massa" para invadir e ocupar o Iraque, se apropriando do petróleo.

E é essa a prática de Israel em relação aos Palestinos. Cotidiano ao longo de anos e anos. Invadem o país Palestino, prendem, ocupam, saqueiam, destroem, matam, torturam, estupram e depois chamam os Palestinos de terroristas e encontram eco em boa parte da mídia. E ainda procuram justificar com as escrituras sagradas.

Dentre os mortos no ataque das forças colombianas ao acampamento de Raúl Reyes no Equador, havia pessoas de outras nacionalidades, nenhuma delas guerrilheiras, mas estudantes mexicanas que haviam participado de um congresso bolivariano em Quito no Equador. Reyes esperava ali a visita de negociadores franceses para concluir o acordo de libertação da ex-senadora Ingrid Betancourt, prisioneira de guerra das FARCs. O ataque foi decidido em Washington, capital da Colômbia. Bogotá é sede da governadoria geral.

Como Betancourt é adversária de Uribe e pode, sendo libertada, candidatar-se à presidência frustrando a farsa democrática e um terceiro mandato ao traficante que governa a colônia norte-americana na América do Sul, o que não interessa é exatamente a libertação de Betancourt.

Hoje há todo um processo midiático para transformar essas mentiras, essas farsas, em verdade. Os donos do mundo perceberam a importância da mídia e espalharam redes como a GLOBO por todos os cantos, revistas como VEJA por todos os lados e jornais como FOLHA DE SÃO PAULO pelo mundo afora.

Ao contrário do papel que exerciam faz algum tempo, o de denunciar fatos assim, esses veículos de comunicação constituem-se instrumentos que massificam a mentira transformando-a em verdade e com um objetivo mais amplo. O de alienar o ser humano, transformar as pessoas em exércitos de zumbis ao sabor dos seus interesses, o que torna o processo muito mais perverso e o sofistica de um tal jeito que um País pára para decidir quem vai levar um milhão num dos maiores bordéis da história, o BBB (existe no mundo inteiro, Álvaro Uribe esteve na "casa" colombiana do programa).

As verdades viram invenções, as mentiras transformam-se em verdades e a passividade das pessoas é comandada, arranjada e orquestrada pela mídia. Tomam o irreal como real e se deixam levar de uma tal forma que perdem a identidade.

Quando a Organização Mundial de Saúde fala em depressão como o grande mal do século XXI está falando isso. O ser de tal maneira se torna vazio na sociedade de consumo que aceita qualquer papel resignado, por mais digno que se mantenha, no pressuposto que a realidade é esse monstrengo que Debort chama de "sociedade do espetáculo".

E esse "digno" muitas vezes tem carimbo. Pagar as contas aos patrões em dia, fazer tudo o que os mestres mandarem. Engolirem os sapos que lhe forem dados como refeição da vida, não pensar em nada que não seja "cumprimento do dever", mas o imposto pelas elites.

Somos como que transformados em bolas de sinuca que ao talante dos donos vamos sendo encaçapados e sorridentes acreditando que tudo isso tem um nome: mundo real.

As tecnologias de comunicação hoje permitem que esse processo seja global. E se reproduzem em efeito cascata nas realidades irreais de trabalho, família, ideal de felicidade, na prática, tudo vira "negócio". "São só negócios, nada pessoal".

Ou seja, a perfeição na arte de mentir transformou em verdade quase absoluta (existem resistentes) a foto montagem que televisionam todos os dias desde a hora que o cidadão/ã acorda e que o lema maior das máfias.

No dia 1º de abril completam-se 44 anos do golpe militar de 1964. Um grupo de militares apoderou-se do poder, derrubou um governo constitucional, legítimo, tudo em nome da democracia. Prendeu, seqüestrou, torturou, matou, estuprou, transformou o País numa colônia em função de interesses de elites e começou a construir esse processo que hoje permanece na democracia fingida e artificial que temos.

Há um filme, O MUNDO DE TRUMAN, que mostra isso. O ser usado e explorado.

É preciso resgatar toda a história da ditadura militar, toda a barbárie do período, mostrar toda a crueldade que se paga até hoje, para que não nos esqueçamos nunca desse momento tenebroso e imundo da nossa história.

Essa prática se vê hoje em relação ao governo Lula, sobretudo em função dos interesses da república FIESP/DASLU e na tentativa de eleger a qualquer preço um dos cowboys fabricados por aqui, o governador José Serra.

Quer chegar ao topo e concluir o trabalho de robotizar um País inteiro, além de assinar a escritura de venda para a matriz. Trabalho que começou no governo FHC.


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