Pesquisar neste blog

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Collor e Sarney agora bajulam o sapo barbudo, quem diria...

Por: Marcelo Migliaccio

Nada como um dia após o outro.Em 1989, tivemos nossa primeira eleição direta para presidente desde aquela que colocara Jânio Quadros no poder. Depois da renúncia de Jânio e do golpe militar que deram em João Goulart, quando eu tinha um ano de idade, seguiram-se mais de duas décadas de ditadura militar, época em que havia tudo de ruim que há hoje, só que ninguém podia abrir a boca sem que lhe enfiassem um cano de descarga goela a dentro, como fizeram com Stuart Angel.Em 89, aquela revista que pensa que o leitor é cego e as organizações que têm nome de biscoito que se come na praia apoiaram descaradamente Collor de Mello. Apesar das muitas denúncias contra seu reinado em Alagoas (favorecimento de usineiros, miséria total do povo etc), Collor foi capa da revista com o título de "O Caçador de Marajás", e era endeusado pela TV Monopólio e pelo jornal dela, o biscoitão, como a imagem da modernidade e do futuro radioso que viria. No último debate entre Collor e Lula, este então o patinho feio, radical e pobretão que iria encher a casa da classe média de mendigos se fosse eleito, a emissora favoreceu o aristocrata posudo na edição final. Exibiu os melhores momentos do bonitão e os piores do feioso. Não se esperava outra coisa de quem ignorou a campanha pelas eleições diretas ainda subserviente à já senil ditadura.Collor ganhou a eleição e não chegou ao fim do mandato, escorraçado da Presidência tantos foram os escândalos e cascatas da Casa da Dinda. Lula ainda teve que esperar meio governo de Itamar Franco (aquele da musa sem calcinha no Sambódromo) e dois de Fernando Henrique. Sarney, que já vinha por cima da carne seca desde a ditadura, continou onde sempre esteve, mandando no Maranhão, estado cuja qualidade de vida do povo parou nos anos 50, ao contrário da fortuna da família bigoduda, que não cessou de se multiplicar.Aí, finalmente, o sapo barbudo ganhou. Os 800 mil empresários que Mario Amato (ex-presidente da poderosa Fiesp) disse que deixariam o país com a vitória de Lula, estão aí até hoje, faturando. O jornal que tem nome de biscoito, sua TV e a revista dos ceguetas continuam contra o ex-operário que fala errado e confessa que não gosta de ler. Com vergonha do nosso povo predominantemente negro, pobre, ignorante e subnutrido, os barões da mídia sempre preferiram os almofadinhas no poder. Agora, ganharam mais um aliado, outro jornal, o do "Erramos". Infelizmente para eles, a maioria da população adorou engolir o sapo e está pedindo bis. Reelegeu Lula e o faria de novo, se a Constituição permitisse.O jornal biscoito, aquele outro dos caipiras metidos a ingleses e a revista para cegos não sabem mais o que fazer. Seu último trunfo agora é aproveitar que Sarney, sempre a favor de qualquer governo, e Collor, hoje um office boy de Lula no Senado, estão puxando o saco do presidente.E Lula, o radical que, como diziam antes, não saberia negociar se chegasse ao poder mostrou-se um hábil articulador político, usando até mesmo os seus antigos opositores para tocar seu governo. Lula, que diziam ser um rancoroso que promoveria uma caça às bruxas se ganhasse, abraça Collor, mesmo depois dos episódios de 89, quando nobre alagoano levou ao programa eleitoral gratuito uma ex-namorada do petista para dizer que ele lhe pediu que abortasse a filha Lurian.Lula tem 80% de aprovação popular e seus opositores desdenham, dizem que o povo é idiota, não sabe de nada. Criticam o Bolsa Família, que alimenta 11 milhões de lares miseráveis, porque nunca passaram fome na vida. Se o almoço atrasa 20 minutos, já dão chilique... Dizem que o povo não trabalha para continuar recebendo a ajuda do governo. Para eles, pobre é sinônimo de vagabundo. Se vou perder leitores com este texto, lamento; no muro é que não fico.Aliás, não sou a favor do Lula, porque não confio muito em seres humanos. Mais cedo ou mais tarde, acabam pisando na bola feio. Uns bem cedo, como Collor, e outros muito mais tarde, como Fidel Castro. Mas também não sou cego, como acha a tal revista, nem um mero comedor de biscoito na praia, como gostariam o jornal e a TV.Se o presidente é corrupto, votem seu impeachment e pronto. O resto é marola.

0 Comments:

Acessos