Pesquisar neste blog

sábado, 18 de julho de 2009

“Paulo Souto deixou dívida de R$ 205 mi na área saúde”, diz Emiliano

O deputado federal Emiliano José (PT-BA) disse em discurso na Câmara Federal (14/7) que o Governo da Bahia, na ultima gestão de Paulo Souto, deixou uma dívida de mais de R$ 205 milhões na área de saúde. Segundo ele, desse total, mais de R$ 15 milhões são referentes a repasses para o SAMU 192.

“Paulo Souto deixou de aplicar quase R$ 5 milhões em ações de combate a dengue que deveriam ter sido feitas com recursos do Governo do Estado. Da dívida deixada na área da saúde, quase R$ 72 milhões não tinham sido contabilizados por sua gestão. Mais de R$ 17 milhões foram relativos a convênios assinados em 2006 às vésperas do processo eleitoral com municípios baianos e que não foram pagos. Ainda no primeiro ano do Governo Wagner, foram pagos quase 80% da dívida deixada”, acentuou.

O deputado disse ainda que, em 2006, Paulo Souto aplicou R$ 4,4 milhões de recursos do Tesouro Estadual para aquisição de medicamentos básicos quando, segundo ele, a obrigação do Estado deveria ser aplicar mais de R$ 13 milhões. “Em 2007, o Governo Wagner investiu mais de R$ 13,5 milhões e, em 2008, mais de R$ 21 milhões na compra de medicamentos da Farmácia Básica para os 417 municípios baianos”.

Emiliano ressaltou que, no Governo Wagner, a lista de medicamentos básicos dobrou a quantidade de itens, incorporando medicamentos que antes não eram adquiridos. “O Governo Wagner tem mais de R$ 2 milhões em medicamentos básicos armazenados, destinados à Prefeitura de Salvador e aguardando serem retirados e distribuir para a população nos postos de saúde. Além disso, criou o Programa Medicamento em Casa que está levando medicamentos em casa para milhares de baianos.

Bahiafarma

Para Emiliano, o grande feito de Paulo Souto na saúde foi ter fechado a Bahiafarma. “A Bahia tinha uma das maiores fábricas públicas de medicamentos. O governo anterior deixou os equipamentos como presente de grego para a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), que até hoje paga para guardá-los. Wagner está recriando a Bahiafarma. A lei já foi aprovada, o prédio onde funcionará a produção está em fase avançada e já foram firmadas parcerias para transferência de tecnologia da Farmanguinhos/Fiocruz, fábrica do Ministério da Saúde, para a Bahia poder voltar a produzir medicamentos”. O deputado finalizou o discurso dizendo que dará prosseguimento a esse tema em breve.

Reservas do Brasil batem recorde e somam US$ 209,5 bi

SERRA ESFUMAÇANDO DE RAIVA, FHC...COM INVEJA!, PAULO SOUTO, COITADO, PENSANDO EM COMO FALAR DESEMBOLADO EM MK... (e o reciclável puto da vida por não poder aumentar mais o seu cacife...)

A fonte da matéria publicada no Blog da Dilma, mas que já repercute nos jornais locais, é a Agencia Estado, que vou transcrever a essência:

“Agencia Estado
BRASÍLIA - As reservas internacionais brasileiras atingiram ontem um novo recorde histórico, totalizando US$ 209,576 bilhões, pelo conceito de liquidez internacional.

O valor mais alto já atingido pelas reservas, até então, havia sido de US$ 209,386 bilhões, em 6 de outubro de 2008. O novo valor representa uma elevação de US$ 265 milhões em relação aos US$ 209,311 bilhões registrados na quarta-feira (dia 15).

Mesmo com a crise financeira internacional, o Banco Central (BC) retomou os leilões de compra de dólar no dia 8 de maio. Desde então, essas intervenções diárias já retiraram US$ 6,2 bilhões do mercado, conforme dado atualizado até 15 de julho.

Essas intervenções têm sido possíveis porque o fluxo de dólares voltou a ficar positivo para o Brasil. Entre abril e junho, por exemplo, US$ 6 bilhões ingressaram no País, e o fluxo cambial no acumulado de 2009, que estava negativo, voltou a ficar positivo, com a entrada de US$ 3,1 bilhões este ano até a última sexta-feira (dia 10)....”


Isto é fruto de uma política conseqüente, que continua sendo aplicada no bojo da crise internacional, onde Lula investe pesado no social e na recuperação econômica, dando altos incentivos a vários setores da indústria e aplicando solida política de investimentos públicos através das obras do PAC.

Esta é a base do ataque à Petrobras. Esta é a base do ataque a UNE. Esta é a base do ataque a Sarney.

A dor maior dos Paulos Soutos e Geddels da vida é que o prestigio de Lula (portanto da eleição de Dilma) não vem só da Bolsa Família, como eles apregoavam.

Por: Antonio do Carmo

Fonte: Política Baiana com Dedo na Ferida


sexta-feira, 17 de julho de 2009

Dados que a mídia não quer mostrar

Os dados apresentados abaixo, foram transcrito do blog de Eduardo Guimarães. O texto do blogueiro é bem mais completo e é altamente recomendável clicar aqui, para ler a íntegra do artigo. Para não abusar do leitor que não dispõe de tempo suficiente para tanto, transcrevo os dados gritantes que os donos da mídia e do poder querem ocultar a todo custo e para não serem acusados de não divulgar notícias importantes, às vezes divulgam alguns dados apresentados abaixo, mas com enorme má vontade, sem nenhuma ênfase e a conta-gotas.
Números do 2º Trimestre mostram PIB em expansão
Até os especialistas mais pessimistas calculam que haverá um crescimento no PIB de 0,5% no segundo trimestre, e os menos pessimistas falam em mais de 2%.
Com forte impulso do consumo, PIB deixa recessão para trás
Os números de vendas no varejo de maio reforçaram a avaliação de que o consumo das famílias - o principal motor da demanda - avança a um ritmo razoável, impulsionado pela massa salarial que nos 12 meses até maio cresceu 6,6%, descontada a inflação.


Consumidor retoma confiança, quita dívidas e a inadimplência cai
O consumidor começa a recuperar a confiança na economia, decidiu quitar dívidas e planeja comprar mais, embora recorrendo menos ao crediário. Como resultado, a inadimplência no comércio registrou queda de 22,67% no mês de junho em comparação com maio.
PIS injeta R$ 5,2 bi na economia
O pagamento do abono de um salário mínimo (R$ 465) do PIS 2008/2009 alcançou R$ 5,2 bilhões, atendeu o número recorde de 12,7 milhões de trabalhadores e ajudou a movimentar a economia. De acordo com a Caixa Econômica Federal, responsável pelo pagamento, 1,3 milhão de pessoas a mais receberam o benefício em relação ao exercício anterior.

Juros do cheque especial caem para a menor taxa desde 1995
A taxa de juros do cheque especial chegou a 7,54% ao mês em junho, a menor identificada desde 1995, quando se iniciou a apuração das taxas pela Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Brasil é a bola da vez
O eminente investidor Whitney Tilson está impressionado com a qualidade das empresas brasileiras. Gestor de um fundo hedge americano, Tilson veio ao Brasil para lançar seu livro sobre o problema do mercado de hipotecas de alto risco nos EUA ("subprime") e para conhecer de perto algumas de nossas companhias. Para ele, entre os países emergentes o Brasil é de longe o melhor para investir hoje.

GM anuncia investimento de R$ 2 bi no Brasil e expansão de fábrica no RS
A General Motors do Brasil anunciou investimento de R$ 2 bilhões no país, o que inclui a expansão da sua fábrica em Gravataí (RS) para produção de uma nova família de veículos. Cerca de R$ 1 bi, 50% do investimento, será feito com recursos próprios da GM do Brasil. O restante virá de empréstimos contraídos juntos as bancos estatais. Já estão no projeto o Banrisul e o BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento Econômico) e há negociações com o BNDES.

O projeto de país derrotado pelos brasileiros em 2002 e em 2006, bem como seus entusiastas e formuladores, julga-se muito esperto ao usar a sabotagem e o moralismo para recuperar o poder e mudar a rota do Brasil a partir de 2011. Hoje, aproveita-se do controle de impérios de comunicação para acobertar acusações contra si e inflar as que pesam contra o projeto vigente, mas os dados acima explicam por que esse projeto nefasto e seu formulador principal, José Serra, darão com os burros n’água. De novo.

Collor e Sarney agora bajulam o sapo barbudo, quem diria...

Por: Marcelo Migliaccio

Nada como um dia após o outro.Em 1989, tivemos nossa primeira eleição direta para presidente desde aquela que colocara Jânio Quadros no poder. Depois da renúncia de Jânio e do golpe militar que deram em João Goulart, quando eu tinha um ano de idade, seguiram-se mais de duas décadas de ditadura militar, época em que havia tudo de ruim que há hoje, só que ninguém podia abrir a boca sem que lhe enfiassem um cano de descarga goela a dentro, como fizeram com Stuart Angel.Em 89, aquela revista que pensa que o leitor é cego e as organizações que têm nome de biscoito que se come na praia apoiaram descaradamente Collor de Mello. Apesar das muitas denúncias contra seu reinado em Alagoas (favorecimento de usineiros, miséria total do povo etc), Collor foi capa da revista com o título de "O Caçador de Marajás", e era endeusado pela TV Monopólio e pelo jornal dela, o biscoitão, como a imagem da modernidade e do futuro radioso que viria. No último debate entre Collor e Lula, este então o patinho feio, radical e pobretão que iria encher a casa da classe média de mendigos se fosse eleito, a emissora favoreceu o aristocrata posudo na edição final. Exibiu os melhores momentos do bonitão e os piores do feioso. Não se esperava outra coisa de quem ignorou a campanha pelas eleições diretas ainda subserviente à já senil ditadura.Collor ganhou a eleição e não chegou ao fim do mandato, escorraçado da Presidência tantos foram os escândalos e cascatas da Casa da Dinda. Lula ainda teve que esperar meio governo de Itamar Franco (aquele da musa sem calcinha no Sambódromo) e dois de Fernando Henrique. Sarney, que já vinha por cima da carne seca desde a ditadura, continou onde sempre esteve, mandando no Maranhão, estado cuja qualidade de vida do povo parou nos anos 50, ao contrário da fortuna da família bigoduda, que não cessou de se multiplicar.Aí, finalmente, o sapo barbudo ganhou. Os 800 mil empresários que Mario Amato (ex-presidente da poderosa Fiesp) disse que deixariam o país com a vitória de Lula, estão aí até hoje, faturando. O jornal que tem nome de biscoito, sua TV e a revista dos ceguetas continuam contra o ex-operário que fala errado e confessa que não gosta de ler. Com vergonha do nosso povo predominantemente negro, pobre, ignorante e subnutrido, os barões da mídia sempre preferiram os almofadinhas no poder. Agora, ganharam mais um aliado, outro jornal, o do "Erramos". Infelizmente para eles, a maioria da população adorou engolir o sapo e está pedindo bis. Reelegeu Lula e o faria de novo, se a Constituição permitisse.O jornal biscoito, aquele outro dos caipiras metidos a ingleses e a revista para cegos não sabem mais o que fazer. Seu último trunfo agora é aproveitar que Sarney, sempre a favor de qualquer governo, e Collor, hoje um office boy de Lula no Senado, estão puxando o saco do presidente.E Lula, o radical que, como diziam antes, não saberia negociar se chegasse ao poder mostrou-se um hábil articulador político, usando até mesmo os seus antigos opositores para tocar seu governo. Lula, que diziam ser um rancoroso que promoveria uma caça às bruxas se ganhasse, abraça Collor, mesmo depois dos episódios de 89, quando nobre alagoano levou ao programa eleitoral gratuito uma ex-namorada do petista para dizer que ele lhe pediu que abortasse a filha Lurian.Lula tem 80% de aprovação popular e seus opositores desdenham, dizem que o povo é idiota, não sabe de nada. Criticam o Bolsa Família, que alimenta 11 milhões de lares miseráveis, porque nunca passaram fome na vida. Se o almoço atrasa 20 minutos, já dão chilique... Dizem que o povo não trabalha para continuar recebendo a ajuda do governo. Para eles, pobre é sinônimo de vagabundo. Se vou perder leitores com este texto, lamento; no muro é que não fico.Aliás, não sou a favor do Lula, porque não confio muito em seres humanos. Mais cedo ou mais tarde, acabam pisando na bola feio. Uns bem cedo, como Collor, e outros muito mais tarde, como Fidel Castro. Mas também não sou cego, como acha a tal revista, nem um mero comedor de biscoito na praia, como gostariam o jornal e a TV.Se o presidente é corrupto, votem seu impeachment e pronto. O resto é marola.

Quem aprova o julgador

Por Mauro Santayana
O sistema de aprovação, pelo Senado dos Estados Unidos, dos juízes da Suprema Corte, como todos os atos humanos, não é perfeito, mas é bem superior ao nosso. O exame das ideias e da biografia dos candidatos é longo, cauteloso. Trata-se de decisão política, submetida, como todas as outras da mesma natureza, aos interesses sociais que os parlamentares representam. Mas, sobre os mesmos ritos que se processam entre nós, traz – até pela sua duração – a vantagem de ser acompanhado, dia a dia, pelos cidadãos. Advogados e juízes, intelectuais, jornalistas e grandes homens de negócios, além de trabalhadores atentos, seguem a arguição, e expõem, normalmente, sua própria opinião por intermédio dos jornais e, hoje, da internet. Quem irá julgar é previamente julgado, em nome do povo. A juíza Sotomayor, que está sendo ouvida há dias (a inquirição continuará em agosto), tem sua vida e atos, como advogada e juíza federal, sob o escrutínio dos senadores. Os conservadores temem que a provável juíza da Corte Suprema se deixe influenciar por sua militância juvenil, e buscam assegurar-se de que estarão ideologicamente protegidos. Eles avaliam, ainda, a origem familiar hispano-americana e a condição feminina da candidata. Relembraram afirmação sua, em discurso de 2001, de que “a wise latina” estaria em melhores condições de julgar do que o homem branco. O adjetivo wise, que vem do substantivo sânscrito veda (visão), significa muitas coisas, da sabedoria à prudência. Cabe discutir se é mais importante a um juiz o profundo conhecimento da lei ou o senso da prudência, que o sofrimento pode oferecer. A Suprema Corte dos Estados Unidos é tribunal político. Ela se arrogou essa condição com a declaração de que lhe cabe arbitrar os dissídios entre os outros dois poderes, na famosa e conhecida decisão de John Marshall no caso de Marbury versus Madison. A essa autoatribuição muitos se opuseram, entre eles o presidente Andrew Jackson, para quem os chefes dos outros dois poderes são iguais no direito de interpretar a Constituição, de acordo com sua própria razão e consciência. O nosso STF segue a mesma trajetória da Suprema Corte, como tribunal constitucional. Sendo um colégio político, sua constituição é de natureza política. O presidente da República indica os nomes dos candidatos de sua escolha ao Senado – que sempre os aprova. A diferença entre lá e aqui é ponderável. Aqui, normalmente, o candidato é aprovado pela Comissão de Justiça em uma só sessão, e o plenário sempre o confirma. Os cidadãos não têm como conhecer devidamente a biografia e as ideias dos postulantes, dada a celeridade do processo. Nos Estados Unidos, a participação da cidadania é tradicional. Essa participação se exerce na pressão direta dos eleitores sobre os senadores e mediante os chamados formadores de opinião. Tal como o axioma famoso de Jaspers (só aprendemos de filosofia o que de fato já sabemos), ninguém forma a opinião alheia – apenas pode confirmá-la com as informações e argumentos que pareçam corretos. Esse exame público tem o efeito de conter os arroubos inovadores de alguns postulantes. Há inúmeras propostas para a reforma do Poder Judiciário no Brasil, principalmente no caso do mais alto tribunal. Há os que sugerem mandatos definidos e outros que pretendem a vitaliciedade absoluta, como ocorre nos Estados Unidos. Outros aconselham que só devam ser nomeados para o STF os que ingressarem na magistratura como juízes de primeira instância e tenham atuado nos tribunais intermediários. Hoje, qualquer advogado, tenha ou não feito carreira na magistratura, pode ocupar o cargo. Uma coisa é absolutamente necessária: a exposição, pública e minuciosa, do candidato, com sua biografia, suas ideias, sua visão da sociedade e, em tanto quanto possível, seus sentimentos.Já que devemos reparar as clamorosas falhas de nosso sistema republicano, podemos, sem preconceitos, promover a reforma do Poder Judiciário, de modo a tornar mais transparente e legítima a composição dos tribunais superiores, principalmente do STF. Nunca teremos um Supremo Tribunal absolutamente isento e imparcial. As leis só servem para amparar as decisões que os magistrados tomam, no inviolável recinto da própria consciência. As sentenças podem ser justas ou injustas, e não há como evitar erros de julgamento. Como todas as coisas humanas, o ato de julgar é sempre impreciso. Por isso é importante que a discussão pública, durante a sabatina, legitime, de alguma forma, os escolhidos.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Manifesto - Carta a José Serra

Senhor governador,

A presente tem a finalidade de apelar ao seu bom senso, que acredito que ainda resista, em alguma medida, em sua mente intoxicada por ambições políticas desmedidas, antidemocráticas e autoritárias.
A CPI da Petrobrás foi instalada, como o senhor queria. Aliás, ainda bem. Quanto antes começar – e terminar –, menos os brasileiros perderão. Afinal, devido aos seus interesses político-eleitorais, senhor Serra, a maior empresa brasileira, respeitada internacionalmente, auditada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria Geral da União (CGU), pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Securities and Exchange Commission (SEC), dos Estados Unidos, perdeu, nos últimos dois meses, 5% de seu valor na Bovespa.
Mas não é só esse o prejuízo que o povo brasileiro está amargando para o senhor tentar aumentar suas chances eleitorais no ano que vem. A CPI está postergando a definição do marco regulatório da exploração do pré-sal, que, aliás, é um dos cavalos-de-batalha dos senhores privatistas tucanos, os quais, a serviço de interesses corporativos na riqueza imensa que jaz no litoral sudeste do país, esperam que o show que estão dando no Congresso dificulte que esse marco regulatório defina um modelo de exploração de tal riqueza que contemple o conjunto da sociedade em vez dos grupelhos de sempre.
Nem lhe peço que segure seus cachorros loucos na mídia, governador. Na verdade, começo a achar que eles, ao praticarem tudo o que praticam a seu mando, acabam mostrando ao país quem é o senhor, haja vista em que as pesquisas de opinião mostram que, quanto mais o senhor manda latirem acusações ao presidente Lula e à ministra Dilma Roussef, mais populares eles se tornam. Peço apenas, portanto, que o senhor reflita sobre o caso específico da Petrobrás.
Sua “estratégia”, governador, pode se converter num tiro em seu pé. Ao fim da CPI, que terminará como todas as outras nos últimos seis anos, o que restará será o prejuízo causado à maior e mais conceituada empresa brasileira. Aí, porém, tenha certeza de que os responsáveis serão apontados, em plena campanha eleitoral, como os sabotadores do país que são.
É óbvio, senhor Serra, que não estou preocupado com o fato de o senhor estar praticando tiro ao alvo no próprio pé. Por mim, pode despedaçá-lo a tiros que acharei ótimo. Contudo, o problema é que o senhor atira em seu pé e seremos nós, o povo, que pagaremos a conta de sua auto-mutilação.
Depois de o senhor mandar sua tropa de choque no Congresso praticar esse atentado contra o país, sei que não dá para retroceder. Mas será tanto melhor se o senhor segurar seus cães midiáticos e parlamentares. Melhor para o senhor, para seus partidários e para o país. Deixe, pois, que a CPI navegue em águas mornas, governador. A cada factóide, sua dívida com o país crescerá. Prefiro que não cresça. Que o senhor seja derrotado só por sua falta de propostas, pois assim o Brasil perderá bem menos.
Escrito por Eduardo Guimarães

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Deputado Emiliano José (PT-BA) reage e desce o pau no ministro Geddel

Bob Fernandes, editor da revista eletrônica Terra Magazine entrevistou o deputado federal Emiliano José (PT-BA), repercutindo o rompimento do chefe do PMDB baiano, Geddel Vieira Lima, com o Governo Wagner. O título da matéria é “O que era tragédia com ACM, é farsa com Geddel”. Emiliano critica Geddel pela grosseria política, copiando gestos da antiga oligarquia baiana, ecos do passado como o mandonismo político. Geddel tem feito um jogo de palavras comparando Wagner a Waldir Pires, como se fosse defeito e não mérito. Com ACM isso tudo era uma tragédia, com Geddel não passa de farsa.

LEIA NA ÍNTEGRA O PAU QUE EMILIANO DÁ EM GEDDEL

O que era tragédia com ACM é farsa com Geddel

Terra Magazine – Por Bob Fernandes

Emiliano José é deputado federal (PT-BA). Suplente, assumiu há pouco a vaga de Nelson Pellegrino. Jornalista, professor da Faculdade de Comunicação na Universidade Federal da Bahia, ex-preso político por 4 anos, Emiliano é autor de 8 livros, entre eles "Lamarca, Capitão da Guerrilha" (com Oldack Miranda) e "Imprensa & Poder, Ligações Perigosas". Amigo e de estreita ligação política com o ex-governador e ex-ministro Waldir Pires e com o governador da Bahia, Jaques Wagner, Emiliano rompe o silêncio tático nesta entrevista a Terra Magazine.

Como se viu aqui no sábado último, Geddel Viera Lima, ministro da Integração Nacional no governo Lula, um dos líderes de uma das facções do PMDB, anunciou rompimento com o governo Wagner, no qual tem, entre outras posições, duas secretarias. Geddel rompeu e tem, na paróquia, dito que Jaques Wagner é igual a Waldir Pires. Pretende o ministro que tanto seja uma crítica. O deputado Emiliano esquece o silêncio reinante, mais mineiro do que baiano, e bate:

- Geddel tem sido grosseiro com um aliado, com um governo no qual tem secretarias. O ministro copia gestos e reproduz ecos do passado,da antiga oligarquia baiana (...) Numa oligarquia lá atrás, com ACM, era tragédia, pela voz do Geddel é farsa.

O deputado Emiliano José ressalva que "não gostaria de citar quem já não está". Refere-se a ACM, com quem teve inúmeros entreveros, mas diz que agora o faz porque ao ser questionado sobre semelhanças com Antônio Carlos Magalhães o ministro Geddel tem respondido com críticas a Jaques Wagner e Waldir Pires:

- Ao comparar Wagner a Waldir ele não agride nem a um nem a outro, apenas pretende que isso seja uma agressão (...) e creio que ACM não gostaria dessa comparação com o ministro Geddel, creio por recordar tudo o que ele disse sobre Geddel quando era vivo.

TERRA MAGAZINE - Deputado, o que se passa na Bahia? O ministro Geddel Viera Lima anunciou no fim de semana o rompimento com o governo do petista Jaques Wagner, onde ele tem, entre outros cargos, duas secretarias muito fortes.

EMILIANO JOSÉ - Quem tenha me ouvido em diversas reuniões do PT se lembrará que eu dizia ser essa a crônica de um rompimento anunciado. Dizia porque percebia a movimentação do ministro no interior do próprio governo Wagner, desenvolvendo atividades nitidamente paralelas, nunca destacando as realizações do governo Wagner, sempre ressaltando apenas o trabalhos das secretarias sob seu domínio e com uma cultura, um linguajar político que lembra muito mais o passado oligárquico da Bahia do que os novos tempos, republicanos e democráticos, conduzidos pelo governador. Geddel prenunciava o rompimento...

TERRA MAGAZINE - E o rompimento se deu...

EMILIANO JOSÉ - Havia um esforço do governador em preservar a aliança, Wagner levou sempre em consideração o PMDB no quadro nacional, no governo Lula, enquanto Geddel foi esquentando a hipótese do rompimento, aparentemente como se vivesse um dilema hamletiano, mas foi sempre um dilema confortável porque amparado nas secretarias de Infraestrutura e Indústria e Comércio. Dois anos e meio depois ele rompe. É um direito dele sair, disputar o governo, mas o que me impressiona é a cultura política que ele revela, na verdade volta a revelar, porque ele é o que sempre foi.

TERRA MAGAZINE - A que "cultura" você se refere?

EMILIANO JOSÉ - Nitidamente a ecos do passado. Isso que estamos ouvindo são ecos do passado oligarca, de mandonismo. O ministro copia gestos e atitudes da oligarquia que governou a Bahia por muito tempo.

TERRA MAGAZINE - Deputado, sutilezas e eufemismos à parte, o sujeito presente mas ausente nas suas frases é Antônio Carlos Magalhães. Ou não?

EMILIANO JOSÉ - É, mas eu não gostaria de fazê-lo, tento não fazê-lo. Ele já não está - entre nós e eu que tive com ACM divergências públicas, explícitas, inclusive de natureza nacional, não gostaria de citá-lo, até por respeito à família...

TERRA MAGAZINE - Mas...

EMILIANO JOSÉ - Mas como eu soube que essa comparação entre ele e ACM tem sido eventualmente citada e ele responde com o que imagina serem ataques ao governador Wagner e ao ex-governador Waldir Pires, não posso deixar de notar que são evidentes as semelhanças entre as atitudes do ministro e antigas atitudes e práticas do ex-governador Antônio Carlos.

TERRA MAGAZINE - O que foi dito que o incomodou?

EMILIANO JOSÉ - Nos últimos dias, perguntado se gostava ou se incomodava-se ao ser comparado a ACM, Geddel disse que não se incomodava e não se incomodava porque havia também quem comparasse Wagner a Waldir. Ora, isso de um lado reflete a cultura da grosseria, a falta de civilidade política de quem é aliado do governo, está dentro do governo, e ainda assim pretende agredir duas figuras do porte do governador e de Waldir, essa figura extraordinária da vida brasileira. Não agride nem a um nem a outro, apenas pretende, e ao fazê-lo cada vez mais se parece com o que havia de pior em quem já não está entre nós.

TERRA MAGAZINE - ACM?

EMILIANO JOSÉ - ...E creio que ACM não gostaria dessa comparação com o ministro Geddel, creio por recordar tudo o que disse sobre Geddel quando era vivo. Mesmo que eu não entre no mérito do que era dito, não tenho como esquecer que tudo aquilo foi dito e repetido inúmeras vezes. O que não se contesta, nem se pode contestar, é uma candidatura dele ao governo; isso é da vida política, é um direito, mas é necessário contestar os métodos e os meios: estando dentro do governo, sendo teoricamente um aliado, passar a agredir ao governador e a Waldir não tem sentido, não educa politicamente. Não revela respeito algum por nada, é o poder pelo poder. Não pretendemos e não vamos ouvir ecos das vozes do passado. Numa oligarquia lá atrás, com ACM, era tragédia, pela voz do Geddel é farsa.

Fonte: Bahia de Fato

Traição anunciada: Geddel rompe com Wagner e põe cargos à disposição

Depois de uma aliança de três anos com o PT baiano, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), decidiu lançar-se candidato ao governo da Bahia e pôs os cargos dos peemedebistas à disposição do governador Jaques Wagner (PT). Aconteceu sábado (11/07/09), mas foi apenas o desfecho de uma traição anunciada.

O ministro confessou que não consultou o presidente Lula antes de tomar a decisão, mas que ainda apoia a candidatura de Dilma Rousseff à presidência da República. "Comuniquei que havia uma tendência de o PMDB vir a apresentar um candidato e que o nome que estava sendo colocado era o meu. E que se sentisse à vontade, portanto, com as posições que o PMDB ocupa no governo", disse Geddel à revista eletrônica Terra Magazine.

A traição foi completa. Geddel Vieira Lima não comunicou ao presidente Lula o rompimento, mas correu para comunicar ao candidato da oposição, Paulo Souto (DEM). E ainda achou o ato “um dever de lealdade” com o político carlista.

Fonte: Bahia de Fato

Lançado o livro “A ditadura da mídia”

Vamos prestigiar e comprar o livro "Ditadura da Mídia" do companheiro Altamiro Borges.
A mídia hegemônica vive um paradoxo. Ela nunca foi tão poderosa no mundo e no Brasil, em decorrência dos avanços tecnológicos nos ramos das comunicações e das telecomunicações, do intenso processo de concentração e monopolização do setor nas últimas décadas e da criminosa desregulamentação do mercado que a deixou livre de qualquer controle público. Atualmente, ela exerce a sua brutal ditadura midiática, manipulando informações e deturpando comportamentos. Na crise de hegemonia dos partidos burgueses, a mídia hegemônica confirma uma velha tese do revolucionário italiano Antonio Gramsci e transforma-se num verdadeiro “partido do capital”.
Por outro lado, ela nunca esteve tão vulnerável e sofreu tantos questionamentos da sociedade. No mundo todo, cresce a resistência ao poder manipulador da mídia, expresso nas mentiras ditadas pela CNN e Fox para justificar a invasão dos EUA no Iraque, na sua ação golpista na Venezuela ou na cobertura tendenciosa de inúmeros processos eleitorais. Alguns governantes, respaldados pelas urnas, decidem enfrentar, com formas e ritmos diferentes, esse poder que se coloca acima do Estado de Direito. Na América Latina rebelde, as mudanças no setor são as mais sensíveis.

Fonte: Desabafo Brasil

domingo, 12 de julho de 2009

SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO DESMACARADO PELO BLOG OS AMIGOS DO PRESIDENTE LULA.




Está o maior furor no ninho tucano. O blog Os Amigos do Presidente Lula, provou que o senador Arthur Virgílio mentiu ao declarar que pagou a sua dívida com Agaciel Maia, aquela grana para a viagem a Paris, com devolução do IR. Estão alucinados, falando em quebra de sigilo, estão fazendo uma cortina de fumaça, criando factóides para encobrir a mentira safada do senador Arthur Virgilio. Ora senador, não é possível que vossa excelência, que todos do PSDB, até os seus advogados, sejam uns néscios despreparados. Como homem público, o seu CPF também é público. Veja como é simples verificar a sua situação fiscal, e qualquer pessoa que tenha um computador poderá fazê-lo. Basta acessar o site da Receita Federal, digitar seu CPF, e pronto: está tudo lá para quem quiser se informar. Com seu CPF 154.982.477-53 eu verifiquei que até 2004 vossa excelência teve devolução do IR. Em 2005 o saldo era inexistente para pagar ou restituir. Em 2006 idem, em 2007 idem, em 2008 não há nenhuma referência. Em 2009, a mensagem informa que sua declaração está na base de dados da Receita Federal. Entendeu senador Arthur Virgilio? É simples assim, é público, ninguém quebrou o seu sigilo fiscal. Vai pagar mais esse mico senador? Que feio. Mico também está pagando o Globo, o Noblat, que sabem muito bem (ou não?!) como funciona o site da Receita Federal: basta digitar o CPF que está tudo lá bem explicado. Depois é só fotografar e publicar. Serão todos uns néscios? Aproveito para parabenizar a Helena e o Zé Luiz pelo ótimo trabalho de desmascarar as mentiras do senador Arthur Virgílio. Os blogs existem para mostrar o que a mídia esconde. Para levar informação correta, sem manipulação, aos leitores. Acima a prova: sua restituição foi em 2004, e não em 2005. Vossa excelência mentiu ao dizer que pagou a dívida com a restituição de 2005.

Jussara Seixas.

Fonte: Blog Desabafo Brasil

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Rita Lee - Artista cidadã

Requião critica a hipocrisia da mídia brasileira

População bloqueiam estradas em rejeição ao regime golpista

Tegucigalpa. — Milhares de hondurenhos que integram organizações populares bloquearam as estradas em diferentes pontos de Honduras, no undécimo dia de manifestações para exigir o fim do regime golpista e a volta ao poder do presidente Manuel Zelaya.
As manifestações abarcaram também o setor oriental da capital e a estrada que comunica a cidade com o leste da nação, principalmente os departamentos de Olancho e Paraíso, assim como San Pedro Sula, segunda cidade do país.
Os participantes da jornada marcharam unidos ao passo que gritavam consignas como “Avante, avante, que a luta continua!”, “Queremos a Mel”, apelativo do presidente constitucional, Manuel Zelaya.
Junto a os líderes sindicais, camponeses, estudantis, juvenis e de outros setores da sociedade, também liderou a marcha a primeira dama, Xiomara Castro, quem ontem, 8 de julho, somou-se às demonstrações populares.
A Estrada Internacional que conduz a Nicarágua também foi bloqueada para golpear a economia dos empresários que apóiam os golpistas, disseram dirigentes dos protestos, e ratificaram que continuarão a luta pelo restabelecimento da legitimidade democrática na nação. (PL) •

Honduras

Brasil e França exigem volta de Zelaya

Fausto Triana

Paris, (Prensa Latina) Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Nicolás Sarkozy, (foto)exigiram nesta terça a volta da ordem constitucional em Honduras e a restituição de seu presidente legítimo, Manuel Zelaya.
Em declarações à imprensa no Palácio do Eliseo a propósito da visita oficial de Lula aqui, ambos mandatários reiteraram que existe uma postura unânime internacional de rejeição ao golpe de Estado em Honduras.
"Acho que há uma decisão histórica de unidade e coesão na América Latina, em todo o continente na realidade e dentro das Nações Unidas. O presidente Zelaya deve retornar ao poder e ninguém pode lhe usurpar seu mandato", declarou Lula.
O governante brasileiro enfatizou que não há espaço para eleições adiantadas nem nada do estilo, "porque os golpistas não têm o reconhecimento de ninguém nem são representativos do povo hondurenho".
Acrescentou que também não é momento de tolerar um regresso às escuras práticas de golpes militares usuais na América Latina nos anos 60 e 70 do século passado.
"Devemos esperar porque pode-se voltar à normalidade nesse país centro-americano, mas para que isso ocorra só existe uma alternativa, a reinstalação na presidência da República de Manuel Zelaya", sentenciou.
Em seu turno, Sarkozy manifestou sua "total coincidência" com os pontos de vista de seu homólogo brasileiro, e recordou que seu chanceler, Bernard Kouchner, tem repetido em várias ocasiões o repúdio da França ao golpe em Honduras.
Os dois dignatários ressaltaram assim que irão à cúpula do G8 em LaÂ?Aquila, Itália, a partir de manhã, com posições comuns para impulsionar reformas verdadeiras e profundas" do sistema financeiro internacional.
"Queremos que se cumpram as ideias discutidas na cita do G20 em Londres e ao mesmo tempo, que o Brasil possa ter no futuro um posto no Conselho de Segurança da ONU, bem como redobrar o papel dos países emergentes na órbita", apontou Sarkozy.
Texto: Fausto Triana/Prensa Latina

A juventude e o direito à comunicação

Após intensa e prolongada pressão dos movimentos sociais, o governo Lula finalmente convocou a 1ª Conferência Nacional da Comunicação para os dias 1, 2 e 3 de dezembro. Foi preciso dobrar a resistência dos barões da mídia, que exercem enorme influência na chamada “opinião pública”, contam com expressiva bancada de deputados e senadores e estão infiltrados no próprio Palácio do Planalto, principalmente através da figura do ministro das Comunicações, Hélio Costa – ou melhor, do ministro da TV Globo. A convocação da conferência já representa uma vitória das forças progressistas e populares e é um marco histórico na luta pelo avanço da democracia no Brasil. A exemplo das outras 53 conferências institucionais promovidas pelo governo, ela será precedida das etapas municipais (até 31 de agosto) e das etapas estaduais (até 31 de outubro). Sua comissão organizadora já está em pleno funcionamento, apesar das justas críticas a sua composição – que exagerou na representação dos empresários e discriminou inúmeros movimentos sociais. Dos três titulares do Legislativo, por exemplo, dois são ligados às empresas de radiodifusão. Os barões da mídia, que não queriam a conferência, farão de tudo agora para emplacar as suas posições. Daí a necessidade dos movimentos sociais priorizarem, desde já, esta batalha de caráter estratégico. Entrave ao avanço civilizatórioA luta pela democratização da comunicação tem tudo a ver com as aspirações da juventude. Não haverá avanços civilizatórios sem que se supere o poder concentrado e manipulador da ditadura midiática. Da mesma forma como a água suja que sai das torneiras gera doenças, as informações distorcidas, a cultura enlatada e entretenimento consumista que jorram pelos jornais impressos e pelas redes de rádio e televisão também nos contaminam e causam sérios danos à saúde mental. Da mesma forma como já encaramos a educação, saúde e saneamento como direitos humanos, hoje é premente encarar a comunicação de qualidade e plural como direito humano inalienável.Atualmente, em decorrência dos avanços tecnológicos nas comunicações e telecomunicações, da lógica monopolista do capitalismo e da desregulamentação neoliberal, a mídia exerce um poder descomunal na sociedade, manipulando informações e deformando comportamentos. No campo informativo, ela criminaliza os movimentos sociais, discrimina segmentos da população, justifica guerras, torturas e genocídios “bushianos”, agenda a política, fabrica “caçadores de marajás” e “príncipes da Sorbonne”, destrói reputações, desestabiliza os governos progressistas e promove “golpes midiáticos”, entre outros graves atentados à democracia, as leis e ao Estado de Direito.No campo comportamental, a mídia mercantiliza vida. O que importa é o ter e não o ser. Como afirma o mestre Eduardo Galeano, para os barões da mídia o “tempo livre é tempo prisioneiro; as casas muito pobres não têm cama, mas tem televisão, e a TV está com a palavra. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos. A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo à descartabilidade midiática. Tudo muda no ritmo vertiginoso da moda, colocada a serviço da necessidade de vender... As mercadorias, fabricadas para não durar, são tão voláteis quanto o capital que as financia e o trabalho que as gera”. A sociedade é escravizada pela mídia!Neste sentido, o professor Dênis de Moraes acerta ao dizer que a mídia tem hoje um duplo papel. Como instrumento ideológico, que nada tem de neutra ou imparcial, ela é a principal apologista do deus-mercado. Já como poderosa empresa capitalista, ela busca apenas elevar os lucros. “As corporações da mídia projetam-se, a um só tempo, como agentes discursivos, com uma proposta de coesão ideológica em torno da globalização, e como agentes econômicos proeminentes no mercado mundial, vendendo os próprios produtos e intensificando a visibilidade dos anunciantes. Evidenciar esse duplo papel é decisivo para entender a sua forte incidência na atualidade”.Mídia concentrada e manipuladoraHoje, a mídia hegemônica não tem mais nada do romantismo da fase inicial do jornalismo. Ela é uma poderosa empresa capitalista, ligada ao capital financeiro e, inclusive, à indústria de armas. No mundo, ela está nas mãos de duas dezenas de corporações, com receitas entre US$ 8 bilhões e US$ 40 bilhões. São proprietárias de estúdios, produtoras, distribuidoras e exibidoras de filmes, gravadoras de discos, editoras, parques de diversões, TVs abertas e pagas, emissoras de rádio, revistas, jornais, serviços online, portais e provedores de internet. AOL-Time Warner, Viacom, Disney, News, Bertelsmann, NBC-Universal, Comcast e Sony, as oito principais no ranking da mídia e do entretenimento, visam impor seu domínio empresarial e sua hegemonia no planeta.Já no Brasil, que teve um processo sui generis de concentração, ela é ainda mais anômala. Como aponto no livro A ditadura da mídia, “a ausência de legislação proibitiva da propriedade cruzada, o desrespeito à Constituição, o respaldo da ditadura militar, as relações promiscuas com o Estado e a própria lógica monopolista do capital, entre outros fatores, explicam sua brutal concentração. Na década passada, nove famílias dominavam o setor: Marinho (Globo), Abravanel (SBT), Saad (Bandeirantes), Bloch (Manchete), Civita (Abril), Mesquita (Estado), Frias (Folha), Nascimento e Silva (Jornal do Brasil) e Levy (Gazeta). Hoje são apenas cinco, já que as famílias Bloch, Levy e Nascimento faliram e o clã Mesquita atravessa uma grave crise financeira”. Neste quadro totalmente distorcido, a Rede Globo ocupa posição hegemônica. Possui 35 grupos afiliados que controlam, ao todo, 340 veículos. Sua influência é forte não apenas no setor de TV. O conteúdo gerado pelos 69 veículos próprios do grupo carioca é distribuído por um sistema que inclui 33 jornais, 52 rádios AM, 76 rádios FM, 11 rádios OC, 105 emissoras de TV, 27 revistas e 17 canais, nove operadoras de TV paga e mais 3.305 retransmissoras. Como sintetiza o professor Venício A. de Lima, “o sistema brasileiro de mídia, além de historicamente concentrado, é controlado por poucos grupos familiares, é vinculado às elites políticas locais e regionais, revela um avanço sem precedentes das igrejas e é hegemonizado por um único grupo, a Rede Globo”. Esta brutal concentração garante à mídia hegemônica enorme capacidade de manipular “corações e mentes”. No mundo todo, ela a dita moda e vende produtos descartáveis. Ela induz a sociedade a acreditar nas falsidades imperialistas, seja ao divulgar 935 mentiras para justificar o genocídio de um milhão de iraquianos ou ao pregar o “mundo sem fronteiras” e sem controle do capital – o que acelerou a atual crise capitalista, responsável por milhões de desempregados e pela falta de perspectiva para a juventude. Já no Brasil, ela clamou pelo golpe de 1964, apoiou a sanguinária ditadura, sabotou as campanhas das “diretas-já” e do impeachment de Collor, elegeu presidentes fantoches neoliberais e desestabilizou governos progressistas. O papel destacado da juventudeDiante deste breve diagnóstico, não dá para se omitir na preparação da 1ª Conferência Nacional de Comunicação. O combativo movimento estudantil brasileiro, de ricas tradições, tem enorme responsabilidade nesta jornada. A conferência será uma chance impar na história para envolver amplos setores no esforço pedagógico para debater “da comunicação que temos à comunicação que queremos”. Também será a oportunidade para apresentar várias propostas concretas visando democratizar os meios de comunicação – entre elas, a do fortalecimento da rede pública, da revisão das outorgas e renovações das concessões às emissoras privadas de rádio e televisão, do incentivo à radiodifusão comunitária, do estímulo à inclusão digital e do novo marco regulatório. Sem derrotar a ditadura midiática, não haverá avanços na democracia e nem luta dos brasileiros contra a barbárie capitalista; a perspectiva de superação deste sistema de opressão e exploração, de construção do socialismo renovado, ficará ainda mais distante. O desafio agora é o de marcar as conferências em cada município e estado, mobilizar multidões e formular propostas. A guerra contra os barões da mídia, com o seu corrosivo poder de manipulação, será titânica. A juventude, maior vítima da contaminação midiática, poderá ter papel de destaque neste processo. É o seu futuro que está em jogo. Depois, não adianta reclamar do poder nefasto da mídia hegemônica.

Que época para se viver!


Crônica
Por: Eduardo Guimarães


O título deste texto é um clichê porque a realidade também é. A vida imita a arte. Nada mais emocionante do que a realidade, hoje em dia.
A nova ordem mundial que se desenha vai pondo fim a séculos de imutabilidade nas relações humanas e de poder. Vivemos a era da liberdade, que aflui de todas as partes, sobretudo do ar, das ondas invisíveis de radiotransmissão que cobrem a Terra como uma teia, de ponta a ponta.
O homem comum adquiriu meios de fazer o que durante milênios só foi permitido aos muito, muito ricos e muito poderosos, a pouquíssimos, os quais, por força do poder de difundir o próprio discurso a muitos, tornaram-se como que donos do planeta.
Hoje, um cidadão qualquer pode aprimorar uma forma de se comunicar, colocá-la na internet e, dali, atrair o interesse e o apoio de milhares e até de milhões.
Desmandos que nunca vieram à luz, hoje podem ser denunciados com considerável eficiência.
Recentemente, em Honduras, vimos um clichê de filme de ação. O presidente de uma pequena república latina tentando pousar um avião numa pista bloqueada às pressas. Ao vivo e à cores, o mundo assistiu à violência dos usurpadores contra uma população indefesa.
Do outro lado do mundo, no Irã, num regime fechado e teocrático, imagens que há nem uma década jamais seriam vistas hoje puderam ser acompanhadas em tempo real. Fatos que mal tinham sucedido por ali já eram comentados nos quatro cantos da Terra.
Até os aparatos de comunicação dos grandes interesses constituídos estão sentindo que não falam mais sozinhos. Freqüentemente, estão tendo que se explicar e justificar, por mais que tentem agir como se desprezassem os novos comunicadores que lhes roubaram o monopólio da comunicação.
E as armações políticas grosseiras? O governador de São Paulo encomenda um prêmio fajuto para receber de uma ONG amiga e enrolada com dinheiro público, mente ao dizer que será premiado pela ONU tentando se contrapor ao seu principal adversário político e a farsa é desmascarada em minutos.
É claro que quem está perdendo poder desdenha da capacidade ainda relativa dos seus opostos de confrontá-lo à altura. Todavia, a mera comparação com o passado recentíssimo mostra quanto poder hegemônico de comunicação foi perdido e em quão pouco tempo.
Se há dez anos dissessem a qualquer um de nós que o Brasil seria governado por Lula e com ele se tornaria uma das economias mais sólidas do mundo, que os Estados Unidos seriam governados por um negro humanista ou que qualquer um poderia desafiar o secular poder da imprensa, o que diríamos?
Sei que o futuro ainda reserva muitas maravilhas ao homem, mas agradeço a Deus por me permitir estar vivendo em uma época na qual, ainda que não se veja a vitória do direito, da verdade e da justiça, ao menos se tem boas razões para ter esperança.




quarta-feira, 8 de julho de 2009

Obama e os ditadores racistas de Honduras

“Esse negrinho [Barack Obama] nem sabe onde fica Tegucigalpa”. A frase racista do “ministro” das Relações Exteriores de Honduras, Enrique Ortez Colindres, indica o desespero dos golpistas, cada vez mais isolados no país e no mundo. Além dos protestos diários e massivos da população contra a deposição ilegal e brutal de Manuel Zelaya, esse arremedo de ditadura militar não conta com o apoio de nenhum governo do planeta, nem o do “império do mal”. Daí a reação racista e apavorada contra o presidente dos EUA, que se recusou a receber os gorilas golpistas.

O caráter fascista do golpe em Honduras é evidente – apenas o Correio Braziliense, a CNN e os colunistas trogloditas da Veja tentam acobertar. Até a TV Globo e outros veículos têm tratado os golpistas de “golpistas”. A Folha evita rotular a ditadura hondurenha de “ditabranda”. As cenas exibidas na mídia são de violenta repressão às manifestações populares, com mortes e dezenas de feridos. Há relatos sobre o fechamento de rádios e jornais – mas até agora a máfia da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP) não se pronunciou em defesa da “liberdade de expressão”. Os golpistas só contam com o apoio declarado dos direitistas mais truculentos e inábeis.

O suspeito papel dos EUA

Diante do total isolamento interno e externo, qual a duração desta ditadura sanguinária? Não dá ainda para prever. Ela depende da correlação de forças internas, da capacidade de pressão dos setores democráticos e populares de Honduras, e também da interferência externa. Neste caso, os EUA jogam um papel chave. Barack Obama rejeitou os golpistas, mas até agora o império evita medidas mais incisivas. Parece apostar numa solução “negociada”, que tire de cena os “gorilas”, mas que também barre o retorno ao governo de Manuel Zelaya, que recentemente rompeu um acordo bilateral (TLC) com os EUA e aderiu a Alternativa Bolivariana das Américas (Alba).

É sempre bom lembrar que o golpe desfechado em 28 de junho teve os “requintes” das operações da CIA, a temida agência terrorista dos EUA. O presidente Zelaya foi seqüestrado de madrugada e enviado, encapuzado, para Costa Rica; uma carta de renúncia foi falsificada; as embaixadas de Cuba e Venezuela foram atacadas; a TV pública foi destruída. Também é fato que os EUA têm uma base militar em Palmerola e sempre tiveram vários “consultores militares” neste país. John Negroponte, o servidor terrorista de Bush, até hoje é chamado de “vice-rei de Honduras”. Para a jornalista Stella Calloni, com tamanha presença, “é impossível que os EUA ignorassem o golpe”.

Obama, tratado indignamente pelos golpistas, está na berlinda. Caso silencie, terá dado apoio na prática ao primeiro golpe militar da sua gestão, em nada se diferenciando de Bush. Caso tente uma manobra, ele também será julgado pela história. Como anteviu o escritor uruguaio Eduardo Galeano, pouco antes de sua posse, “Obama, primeiro presidente negro da história dos EUA, concretizará o sonho de Martin Luther King ou o pesadelo de Condoleezza Rice? Esta Casa Branca, que agora é sua casa, foi construída por escravos negros. Oxalá, ele nunca esqueça isso”.

Fonte: Blog do Miro

Paulo Henrique Amorim e a felicidade do delegado Protógenes Queiroz


Protogenes no 2 de Julho, em Salvador

salvador

===============================================
O jornalista Paulo Henrique Amorim acaba de postar em seu blog Conversa Afiada, uma nota na qual registra o estado de espírito do delegado Protógenes Queiroz, mais que feliz com a denúncia de hoje do procurador Rodrigo De Grandis contra o banqueiro Daniel Dantas, cabeça do grupo Oportunity, e mais 13 pessoas, a dois dias de completar um ano da emblemática Operação Satiagraha,da Polícia Federal, que Protógenes comandou.

Depois da consagração que teve em Salvador, semana passada, ao participar pela primeira vez em sua terra natal do desfile cívico do 2 de Julho, data magna da Bahia, nada poderia ter deixado Protógenes mais contente e gratificado.

(Postado por:Vitor Hugo Soares)

======================================================

A seguir a nota de Paulo Henrique no Conversa Afiada:

“Protógenes queria ir para cima da BrOi, mas a PF, não

Para confirmar as suspeitas do juiz Mazloum, Paulo Henrique Amorim, obedientemente, confessa que cometeu o crime hediondo de ligar para o ínclito delegado Protógenes Queiroz.

Protógenes lembra que estamos a dois dias de se celebrar um ano da Operação Satiagraha, que prendeu Daniel Dantas duas vezes.

Essa denúncia de hoje, segundo Protógenes, fecha o cerco a uma quadrilha que assaltou o Estado.

No Brasil de hoje, diz Protógenes, não há mais espaço para corruptos nem corruptores.

Protógenes se considera realizado profissionalmente porque a denúncia do procurador Rodrigo De Grandis é a confirmação da qualidade do trabalho que ele fez durante quatro anos.

Protógenes está especialmente feliz com a decisão de De Grandis de confirmar o pedido que Protógenes fez, um ano atrás, para que se instaurasse uma investigação específica do processo de fusão das teles Brasil Telecom e Oi, a BrOi.

Segundo Protógenes, essa fusão é uma fraude desde o início.

Houve, segundo Protógenes, pagamento de valores sem a correspondente entrada na contabilidade, o que indica a utilização de caixa dois e/ou lavagem de dinheiro sujo.

Protógenes explica que na investigação que levou à Operação Satiagraha, ele apreendeu documentos, ouviu conversas telefônicas, leu e-mails que consubstanciam a fraude.

O entusiasmo de Protógenes se deve à diligência e à dedicação ao serviço público do procurador De Grandis, que fez o que a Polícia Federal deveria ter feito um ano atrás: abrir imediatamente uma investigação específica para estudar a patranha da BrOi.

Ou seja, segundo Protógenes, se o Ministério Público não investiga a BrOi, a Polícia Federal não investigaria.

Ou seja – essa é uma opinião de Paulo Henrique Amorim e não de Protógenes Queiroz -, a Polícia Federal do ministro da Justiça Tarso Genro e de um delegado acusado de ser torturador não queriam entrar no Palácio do Planalto.

Agora, com as lentes de observação de um servidor público da qualidade de Rodrigo De Grandis, a Polícia Federal vai ter que enfiar o dedo no câncer”.

Paulo Henrique Amorim

Fonte: Blog Bahia em Pauta

A nova encíclica papal


A Igreja, a partir de Leão XIII, sente a necessidade de recuperar a mensagem evangélica de uma religião que nasceu com os pobres, para a eles servir. Leão XIII, ao escolher o título de sua encíclica Rerum novarum (das coisas novas), confessou esse propósito. A coisa nova, em 1891, era o surgimento da classe operária, como sujeito da história. Educado para participar da nobreza do Vaticano, Vicenzo Pecci fizera a carreira que quase todos os papas percorrem – na diplomacia. Em Bruxelas, como núncio, ele descobriu as lutas dos trabalhadores. Sua presença na Bélgica coincidiu com as revoluções operárias europeias de 1848. Como se tratasse de homem de ideias próprias, e de temperamento independente, o rei Leopoldo I pediu ao Vaticano que o removesse. Pio IX, o papa reinante, se encaminhava para o reacionarismo ultramontano e o retirou de Bruxelas em 1849.Pio IX retornara à Idade Média, com dogmas difíceis de serem assimilados no século 19, como o da Imaculada Conceição e o da infalibilidade do papa. Ao sucedê-lo, em 1878, Leão XIII encontrou o mundo do trabalho e da inteligência alheios à religiosidade, e percebeu que a Igreja devia receber as coisas novas, mas lhe cabia caminhar cautelosamente. Em 1891, entendeu que era chegado o momento de saudar as “coisas novas”, entre elas o movimento sindical. Mas as coisas novas já se encontravam na pregação de Cristo e de seus apóstolos: como na advertência de Tiago, em sua única epístola, de que os salários retidos dos trabalhadores clamam ao Senhor, ou a objurgatória mais dura ainda, de Isaías, contra os que decretam leis de opressão, para negar justiça aos pobres. E estava nos Atos dos Apóstolos, com a forte narração do que fora a solidariedade da Igreja do Caminho, em que todas as coisas eram em comum. Leão XIII constatou que o maior escândalo da Igreja, no século 19, fora o afastamento dos trabalhadores de seus templos. A propósito, conforme observador bem situado, a Igreja está agora perdendo também as mulheres. Tendo morrido em 1903, o grande papa não pôde influir, com sua visão social, nos movimentos seguintes. Seu sucessor, o cardeal Sarto, que adotou o nome de Pio X, retornou, desde o primeiro momento, ao obscurantismo de Pio IX. Tudo o que fizera Leão XIII foi por ele desfeito. A situação, de certa forma, antecipava a da sucessão de João XXIII e de Paulo VI – sem falar no forte relâmpago que foi o papado de João Paulo I – pelo cardeal Wojtyla. João Paulo II atuou, do princípio ao fim, para desfazer as resoluções do Concílio convocado por João XXIII. Investiu contra a Teologia da Libertação e se associou a Reagan para combater a União Soviética, no que foram vitoriosos os dois. Mas não fugiu à tradição das encíclicas sociais. Em 1991, publicou a Centesimus annus, no centenário da Rerum novarum.É interessante que a encíclica ontem divulgada se centre na Populorium progressio, de Paulo VI, rascunhada por dom Helder Câmara e o padre Lebret, do Movimento de Economia e Humanismo. Ambos, juntamente com o então cardeal Montini, participavam de um grupo que se reunia no Colégio Belga de Roma, a fim de discutir as relações entre a Igreja e os pobres. Desse grupo surgiu o germe da Teologia da Libertação, que deveria chamar-se, inicialmente, Teologia do Desenvolvimento Integral, a fim de realçar o caráter social e humanista do verdadeiro progresso. A encíclica de Paulo VI estava ancorada nas discussões desses prelados, com a presença do padre francês Paul Gauthier, que dera seu testemunho emblemático, como operário, em Nazaré.Enfim, o documento do papa, com pontos muito importantes, repete as encíclicas sociais anteriores. O problema é que alguns papas pregam a caridade (ou, seja, a justiça do amor) aos pobres, enquanto a instituição permanece associada aos poderosos. Por outro lado, a encíclica Caritas in veritate não deixa de expressar o histórico eurocentrismo do Vaticano. Ao reconhecer que a maior parte das fontes não renováveis de energia se encontra nos países pobres, diz o documento (49): “A comunidade internacional tem o imperioso dever de encontrar as vias institucionais para regular a exploração dos recursos não renováveis, com a participação também dos países pobres, de modo a planejar em conjunto o futuro”. Em suma, Sua Santidade reserva aos nossos países uma participação subordinada, e não soberana, na exploração de seus próprios recursos naturais. A isso podemos chamar novo e “abençoado” colonialismo.
Fonte: JB online

terça-feira, 7 de julho de 2009

Mídia oculta os desastres do Plano Real

Na semana passada, os jornalões decadentes e as emissoras privadas de televisão fizeram grande alarde para “comemorar” o aniversário do Plano Real. O desgastado FHC foi bajulado por vários articulistas e âncoras de TV, sendo apresentado como o “salvador da pátria”, que “estabilizou a economia e derrotou a inflação”. O ex-presidente Itamar Franco até saiu do limbo para criticar a excessiva exposição do seu ministro da Fazenda e para se assumir como o autêntico “pai do Real”. O tucano José Serra também ganhou os holofotes da mídia, numa nítida campanha pré-eleitoral.

No livro “Era FHC: a regressão do trabalho”, escrito em conjunto com Marcio Pochmann, atual presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), argumentamos que o Plano Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. A estabilização conservadora da economia causou recorde de desemprego, brutal arrocho de salários, precarização do trabalho e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das empresas estatais, na abertura indiscriminada da economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores.

“Afora os marqueteiros oficiais, todos concordam que o resultado final desta política de FHC foi um grande desastre. Nestes oito anos, o Brasil regrediu brutalmente nas relações de trabalho. Os milhões de desempregados, de brasileiros que subsistem no mercado informal, de precarizados e dos que perderam seus parcos direitos sentiram na carne os efeitos desta política”, afirmava-se na apresentação do livro, publicado em agosto de 2002. Dois meses depois, o presidente FHC seria rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite, mas o povo não é bobo!

Fonte: Blog do Miro

Estréia da coluna semanal do Presidente Lula

O Presidente Responde
Coluna semanal do presidente Lula


Natália Miranda Vieira, 36 anos, professora universitária de Natal (RN) – Como o governo federal vai garantir que não haja uma sangria de dinheiro público nas obras que serão realizadas para a Copa de 2014, a exemplo da que ocorreu nas obras para os Jogos Pan-americanos de 2007?

Presidente Lula – Não houve sangria do dinheiro público. Os investimentos no Pan superaram o previsto porque o planejamento inicial, que não foi da responsabilidade do nosso governo, não previu itens necessários para a execução do evento, como por exemplo, segurança pública e a capacidade de 45 mil lugares do estádio João Havelange, projetado para apenas 10 mil pessoas. O governo federal teve que arcar com compromissos do estado e do município, o que não acontecerá com a Copa de 2014. Vamos fazer um planejamento detalhado das obras e depois reunir representantes dos estados e dos municípios sedes para definir responsabilidades, dando transparência ao processo. O Ministério do Esporte vai monitorar as obras para que tudo esteja pronto antes de 2014.

Leila Dalgolbo, 41 anos, pensionista de Cariacica (ES) – Em relação ao programa Minha Casa, Minha Vida, gostaria de saber por que não é feito o desconto das prestações em folha do INSS e se legaliza de vez a tão sonhada casa própria dos menos favorecidos? E por que as pessoas não podem se cadastrar pelo computador em vez de ficarem mofando em imensas filas?

Presidente Lula – O desconto na folha de pagamentos do INSS já é amplamente adotado pelo sistema bancário brasileiro e pode vir a ser realizado pelo programa Minha Casa, Minha Vida. É uma segurança para os bancos e uma comodidade para os pensionistas. Em relação aos trabalhadores da ativa, os descontos poderão vir a ser feitos na folha de pagamentos. Quanto à possibilidade de cadastramento pela internet, sua pergunta é, na verdade, uma ótima sugestão. As áreas específicas do governo serão acionadas para o estudo e a possível adoção dessa alternativa. O cadastramento também pode ser feito pelo 0800-726-0101 da Caixa Econômica. O mais importante é que o programa atende a boa parte da demanda por moradia e cria um grande número de empregos na construção civil e nas empresas que produzem telhas, tinta, canos, pias, tijolos, vasos, tomadas, torneiras, chuveiros etc., tudo contado aos milhões.

Anna Maria Marcus, 60 anos, dona de casa de Diadema (SP) – Diariamente a gente vê na televisão o caos na saúde nos principais estados brasileiros e o mau atendimento nos hospitais públicos. Porque é tão difícil oferecer assistência médica de qualidade pelo SUS?

Presidente Lula – Sabemos que há problemas no SUS, como filas e dificuldades para se marcar um exame ou consulta, o que é um transtorno para as pessoas mais fragilizadas. Conhecemos essas deficiências e estamos permanentemente tentando eliminá-las. A questão é que temos o maior sistema de saúde pública do mundo. Imagine que 70% dos brasileiros dependem exclusivamente dele. E o restante é beneficiado em campanhas de vacinação, atendimentos de urgência, transplantes e aquisição de medicamentos de alto custo. O financiamento desse sistema é um desafio gigantesco. E as demandas aumentam sem parar e variam de natureza, devido ao crescimento da população e da porcentagem de idosos. De 2002 para 2008, a verba que o governo repassa a estados e municípios triplicou, passando de R$ 12 bilhões para R$ 37 bilhões. É bom lembrar ainda que, com a derrubada da CPMF, perdemos volume expressivo de recursos, que esperamos recompor com a regulamentação, pelo Congresso, da Emenda Constitucional 29.



Mais Informações
Secretaria de Imprensa da Presidência da República
Departamento de Relacionamento com a Mídia Regional
(61) 3411-1370/1601

Terrorista de Israel e silêncio da mídia

Nos meses de abril e maio passado, a mídia hegemônica fez um baita escândalo contra a visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que estava agendada há meses para assinar vários acordos comerciais de interesse dos dois países. A TV Globo chegou a dar destaque a um reduzido protesto da comunidade israelense no Rio Janeiro. Alegando compromissos eleitorais, o governo iraniano cancelou a viagem na última hora, o que foi comemorado como “uma vitória dos direitos humanos” pela mídia colonizada, ventríloqua dos interesses imperiais dos EUA. Logo na seqüência, em junho, a mesma “grande imprensa” fez o maior escarcéu com o resultado das eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos para Ahmadinejad. Ela amplificou a mentira de que a eleição fora fraudada. Nem o alerta de um diretor da “informada” CIA, confirmando a legitimidade do pleito, serviu para acalmar os ânimos colonizados dos barões da mídia. Eles não disfarçaram o temor com a rebeldia crescente do Irã, que coloca em risco os “valores ocidentais” e desafia o decadente imperialismo. Nos mesmos dias, o assassinato de dezenas de indígenas no Peru, um país vizinho, foi ofuscado pelas manchetes contra a “fraude” no Irã. Haja engodo! Rechaçar a visita do ministro-terroristaAgora, esta mesma mídia manipuladora silencia sobre a visita ao Brasil, em julho, de um dos maiores carniceiros da Israel, o ministro de Relações Exteriores Avigdor Lieberman. Neste caso, não há dúvidas ou suspeitas: Lieberman é um racista assumido, que prega descaradamente ações terroristas. O jornal Água Verde, publicado no Paraná, preparou um dossiê sobre esse asqueroso personagem que, evidentemente, não será reproduzido pela chamada “grande imprensa”. Vale à pena conhecer sua história, até para organizar, desde já, protestos contra a sua indesejada visita.“Virá ao Brasil no final deste mês de julho o racista e terrorista israelense Avigdor Lieberman, ministro das Relações Exteriores de Israel, com a única tarefa de pressionar o governo brasileiro a romper relações com o Irã, país com o qual o Brasil tem ótimas relações comerciais. Em todo o país estão sendo organizadas manifestações de repúdio à vinda de Lieberman, um judeu sionista (racista) nascido na Moldávia. Lieberman participou da quadrilha liderada por Ariel Sharon e responde a processos na Justiça por envolvimento com o crime organizado (Máfia Russa), incluindo tráfico de drogas. Ele é fundador do partido de extrema direita Yisrael Beitenu (“Israel é nossa casa”), que apoiou o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em troca de cargos no governo. Entre as declarações racistas e criminosas do terrorista Lieberman destacamos as seguintes:“Transformar o Irã num aterro”- Em 1998, ele defendeu a inundação do Egito através do bombardeio da Represa de Assuã;- Em 2001, como ministro da Infraestrutura Nacional de Israel, propôs que a Cisjordânia fosse dividida em quatro cantões sem governo palestino central e sem a possibilidade dos palestinos transitarem na região;- Em 2002 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a seguinte declaração de Lieberman: “As 8 da manhã nós vamos bombardear todos os seus centros comerciais, à meia-noite as estações de gás, e às duas horas vamos bombardear seus bancos”.- Em 2003 o diário israelense Haaretz informou que Lieberman defendeu que os milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel fossem afogados no Mar Morto, oferecendo, cinicamente, ônibus para o transporte;- Em maio de 2004, ele propôs um plano de transferência de territórios palestinos, anexando os territórios palestinos e expulsando a população nativa;- Em maio de 2004, afirmou que 90% dos 1,2 milhão de cidadãos palestinos de Israel “tinham de encontrar uma nova entidade árabe para viver”, fora das fronteiras de Israel. “Aqui não é o lugar deles. Eles podem pegar suas trouxas e dar no pé!”- Em maio de 2006, ele defendeu o assassinato dos membros árabes do Knesset (Parlamento israelense) que haviam se encontrado com os membros do Hamas integrantes da Autoridade Palestina para discutir acordos de paz na região;- Em dezembro de 2008, defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”, afirmou em entrevista em jornal israelense Haaretz;- Em junho de 2009, discursou no Knesset israelense ameaçando “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio do país com armas nucleares.

Mídia esconde motivo da viagem de Lula a Paris



A imprensa nacional noticiou timidamente a viagem que o presidente Lula ora empreende a Paris. A maioria dos meios de comunicação disseram que ele viajaria “a descanso”. O real motivo dessa viagem não gerou manchete ou qualquer outra cobertura nos grandes jornais, nas tevês ou nos portais de internet corporativos.

O leitor e sociólogo Clóvis Campos, de Cabedelo, na Paraíba, sugeriu-me que fizesse um post sobre a razão da viagem do presidente Lula à França e a homenagem que ele está recebendo hoje da ONU naquele país.

Trata-se de premiação inédita para um presidente brasileiro e eleva o conceito do nosso país diante do mundo. Lula será agraciado, mais especificamente, pela Unesco, braço das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura.

O silêncio da mídia brasileira diante de um acontecimento dessa importância revela como o nível de radicalização na política brasileira já beira o nível de radicalização num país conflagrado e ameaçado pelo golpismo e pela opressão como é Honduras neste momento.

É inconcebível que o presidente brasileiro esteja sendo objeto de homenagem tão importante e os brasileiros sejam privados dos detalhes do evento e da repercussão mundial positiva que gera para este país.

Estamos diante de uma crise política de proporções gravíssimas e que constitui ameaça à ordem constitucional, institucional e política nacional.

Reproduzo, abaixo, matéria da Rádio ONU que noticia evento que ocorre hoje em Paris em homenagem a Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Federativa do Brasil.



Unesco homenageia Lula com prêmio da Paz



07/07/2009



O prêmio da Paz Felix Houphouët-Boigny foi criado em 1989 e todos os anos é entregue a pessoas ou a organizações que promovem a paz.



Marco Alfaro, da Rádio ONU em Nova York.



A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, irá homenagear, nesta terça-feira, em Paris, na França, o presidente Luis Inácio Lula da Silva com a entrega do Prêmio da Paz Felix Houphouët-Boigny.

O prêmio da Unesco, criado em 1989, carrega o nome do primeiro presidente da Cote d'Ivore, antiga Costa do Marfim, e todos os anos é entregue a pessoas ou organizações que promovem a paz.

Presenças Ilustres

A solenidade aconterá na sede da Unesco e contará com a presença do presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, do primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, e do ex-secretário de estado americano, Henry Kissinger.

O líder interino do júri da Unesco, o ex-presidente de Portugal, Mario Soares, falou à Rádio ONU sobre o trabalho social de Lula e a busca da paz no Brasil e na América Latina.

"Ele recebeu o prêmio por ser uma pessoa de paz. E por ser uma pessoa que quer o desenvolvimento de seu país e sobretudo assegurar o fim da distância entre os brasileiros ricos e pobres. Ele vem promovendo o equilíbrio social no Brasil, a paz entre as diferentres etnias e tem feito muito pela paz na América Latina" disse.

Agraciados

A galeria de contemplados com o prêmio da paz da Unesco inclui o rei da Espanha, Juan Carlos, o ex-presidente da África do Sul e prêmio Nobel da paz, Nelson Mandela, e o ex-presidente americano Jimmy Carter.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Crise do atual modelo de Vida Religiosa

José Lisboa Moreira de Oliveira*


Há um bom tempo atrás uma irmã, leitora de “O Chamado”, me sugeria escrever alguma coisa sobre a Vida Religiosa Feminina. Mais recentemente uma jovem religiosa, muito inteligente e dinâmica, com formação universitária, também leitora de “O Chamado”, me escrevia perguntando o que estava acontecendo com a Vida Religiosa, uma vez que era grande o número de desistências. Com sua linguagem jovem a irmã assim se expressava: “Deu a louca geral, tem muita gente saindo, talvez mais que em outros anos. Olha, tá ficando cada vez mais difícil segurar-se nesse estilo de vida. Acho que aos poucos vamos morrendo. A falta de sentido, de ânimo, tanta das coisas. E pior: nem sempre é falta de vocação e dom pra vida religiosa. Mas quase ninguém quer refletir pra encontrar um caminho”.
Na fala desta jovem irmã temos alguns elementos gravíssimos: loucura, caducidade do estilo de vida, falta de sentido, falta de ânimo e, pior de tudo, a constatação, ao meu ver muito acertada, de que não é falta de vocação das pessoas, mas esgotamento e esclerose de um modelo que não consegue mais atrair ninguém. A irmã aponta um outro elemento muito grave: a recusa da reflexão. Não se quer encarar o problema de frente. Vai-se empurrando com a barriga... Nem pensar, nem refletir, simplesmente vegetar.
Para compreender isso é indispensável fazer uma rápida memória histórica da Vida Religiosa. Ela surge de maneira espontânea nos desertos da Síria e da Palestina por volta do terceiro milênio. Inconformados com a perda da radicalidade do cristianismo, cristãos e cristãs decidem espontaneamente migrar para o deserto e lá viver um estilo de vida simples, pobre e provocante. Pouco tempo depois começa uma tentativa de organização dessas pessoas através da atuação de Santo Antão. Mais tarde, Pacômio, um militar do exército imperial, dá início aos cenóbios, primeira forma de vida religiosa comunitária. Na Itália, São Bento organiza mosteiros. No Oriente, bispos como Atanásio e João Crisóstomo apóiam a vida monacal. Mas a iniciativa de Pacômio foi o começo da desgraça, uma vez que o ritmo “militar”, introduzido por ele, tirou a espontaneidade e a simplicidade desse modo de vida cristã. Poucos séculos depois os cenóbios eram transformados em mosteiros e a Vida Religiosa tinha perdido a sua naturalidade e espontaneidade.
No século IX a chamada reforma carolíngia eliminou todas as demais formas de vida consagrada, deixando apenas a vida comunitária monacal. Chega-se logo à Idade Média, período no qual os mosteiros se transformaram em verdadeiros antros de corrupção. Eram ricas propriedades e verdadeiros feudos, lugares de disputas políticas e econômicas das famílias ricas. Os filhos e as filhas eram obrigados pelos pais a irem para os mosteiros para garantir a hegemonia e a riqueza de suas famílias. Isso gerava os piores absurdos, uma vez que pessoas sem vocação não podiam viver bem e serenas naqueles ambientes. Nesse período tivemos várias tentativas de reformas, mas todas fracassaram, sendo engolidas pelo sistema. Basta lembrar, por exemplo, a reforma franciscana que já começou a fracassar quando o próprio São Francisco ainda estava vivo. Poucos séculos após a morte do Santo Seráfico os franciscanos chegam ao Brasil como senhores de escravos, donos de imensas propriedades, como, por exemplo, o Convento São Francisco em Salvador, na Bahia.
A situação caminha desta forma até o Concílio de Trento, o qual fechou todas as portas para uma Vida Religiosa mais simples e evangélica. As mulheres religiosas foram novamente trancadas nos mosteiros, sendo proibidas de saírem às ruas. No século XIX e início do século XX a situação ficou ainda mais difícil com a romanização da Igreja, ou seja, com a tentativa de fazer de todas as comunidades locais uma fotocópia da Igreja de Roma. Nesse meio tempo surgem congregações mais voltadas para a missão e o serviço aos pobres. Mas também elas foram engolidas pelo sistema, de modo que institutos nascidos para o serviço aos pobres, para a educação da juventude pobre, em pouco tempo se tornaram colégios para os filhos dos ricos. E continuam assim até hoje.
Na segunda metade do século passado, com a realização do Concílio Vaticano II, se dá uma nova tentativa de renovação. Mas, passados quarenta e quatro anos do término do Concílio, pode-se tranqüilamente afirmar que tal tentativa não passou de uma mera reforma de fachada, puro verniz colocado sobre tábuas podres. É certo que não faltaram grandes esforços, como aqueles da Conferência Latino-Americana de Religiosos (CLAR) e da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB). Mas tais esforços atingiram uma mínima parte das congregações e das pessoas. A maioria absoluta continuou e continua vivendo como se o Vaticano II não tivesse existido. Mais uma vez o sistema não permitiu o êxito das reformas.
Sei que essa análise institucional pode parecer fria e injusta. Choca muita gente, mas não há como fugir dela. As congregações e a própria Igreja continuam tentando enfeitar e camuflar certas coisas. É, no dizer de Donald Cozzens, a aplicação da pedagogia do “silêncio sagrado” que tenta esconder o óbvio, adotando a política da avestruz. Por essa razão esse modelo atual de Vida Religiosa, herança de dois milênios, não consegue responder às interpelações das novas gerações, em seus dinamismos, exigências e potencialidades. Não consegue dar respostas particularmente à filosofia de vida da pós-modernidade, marcada por muitas diferenças e diversidades. O momento cultural atual é de mudança de paradigmas, os quais revolucionam por completo o modo de viver das pessoas, a compreensão dos valores e a vida pessoal e comunitária. Assim sendo, como disse muito bem alguém, a vida religiosa atual se parece com o Titanic: gigante, monstruosa, rica e poderosa, mas frágil e debilitada a ponto de ser naufragada por um simples bloco de gelo.
A resposta para essa situação teria que ser criativa, e não apenas fiel. Mas a tarefa não tem sido fácil porque, como vimos, o atual estilo de Vida Religiosa ainda está amarrado aos velhos esquemas de um passado longínquo. Embora não faltem propostas de mudanças, como aquelas feitas recentemente pelo Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, “na prática a teoria é outra” (Lepargneur). A Vida Religiosa existente termina se afogando num intrincado novelo de conceitos e normas que ainda remontam à Idade Média, tempo em que se discutia “o sexo dos anjos”. Por essa razão estou plenamente convencido de que o atual modelo de Vida Religiosa está esgotado e completamente esclerosado. Não serve para as “novas gerações”. Porém, a meu ver, será muito difícil vislumbrar um novo horizonte, pois um falso apelo à prudência e à tradição está atrasando o processo e impedindo a Vida Religiosa de viver evangelicamente. Nos últimos anos falou-se de tanta coisa, inclusive de “refundação”, mas a atual Vida Religiosa, na sua concretude, não passa de uma pobre velha esclerosada incapaz de fazer memória corajosa do seu passado e de realizar uma reviravolta.
Um olhar simples e discreto comprova o que estou dizendo. Há um acelerado processo de envelhecimento das congregações e diminuição assustadora de vocações. Por outro lado, a insistência em manter modelos arcaicos e esclerosados não permite que as “novas gerações” sejam atraídas. Os homens e as mulheres de hoje até admiram a Vida Religiosa, mas como peça de museu. Valiosa como relíquia, mas sem nenhum significado para a realidade existencial de quem está na luta pela sobrevivência. Alguns até se empolgam ao ver que em determinados institutos há entrada de novos membros. Mas se esquecem de perceber aquilo que gente experiente como Libanio já observa a um bom tempo. Essas congregações se parecem com ônibus circulares: tem sempre gente entrando, mas também sempre gente saindo. E a fala da jovem irmã, colocada no início deste texto, confirma o que estamos dizendo.
Vem, então, a pergunta: não há como reverter o quadro? Não há esperança? Há, sim. Desde que a Igreja e as congregações sejam capazes de se darem conta dessa tremenda esquizofrenia, e, com coragem, busquem uma verdadeira cura para esse mal. Mas o grande problema, como dizia no início a jovem irmã, é que quase ninguém quer refletir sobre isso. E, pior ainda, não quer partir para mudanças, uma vez que elas incomodam e desinstalam. As congregações precisam se dar conta de que as novas vocações virão das novas gerações. Não adianta ficar sonhando com um tipo de vocacionado ou vocacionada inexistente. Todavia, sem mexer no atual estilo completamente ultrapassado e sem mais nenhum sentido para quem vive no século XXI, será impossível atrair novos membros.
Por essa razão sou levado a dizer que o futuro de boa parte dos atuais institutos de Vida Religiosa será aquele dos 76% das congregações fundadas desde o início da Vida Religiosa até 1500: morte e desaparecimento. Raymond Hostie, em sua pesquisa publicada há muitos anos atrás no livro Vie et mort des ordres religieux (Paris: Desclée, 1972), já constatava que a “causa mortis” dessas ordens religiosas foi a incapacidade de ler os sinais dos tempos e de fazer no momento certo as mudanças necessárias. Hoje, infelizmente, muitas congregações religiosas terão apenas que aprender a arte de morrer bem. Nada mais.
Portanto, há esperança. Mas tudo vai depender da coragem e da capacidade das congregações de ouvirem as interpelações e captarem os sinais dos tempos. Não duvido de que muitas congregações ainda permanecerão por muito tempo, mas como verdadeiras empresas que administram fortunas sem muita ética e sem nenhum senso de justiça social. Outras sobreviverão como microempresas ou empresas de fundo de quintal, administrando fortunas menores. Tanto nas primeiras como nas segundas não faltam constantes histórias de desvios de dinheiro, de roubos, de caixa dois, etc. Mas, para o Evangelho, isso conta pouco, pois o que importa mesmo é ser apenas “pequenina semente” (Mc 4,31-32), pitada de sal (Mt 5,13) ou porção ínfima de fermento (Lc 13,21). Nisso está o sinal escatológico do Reino e não nas fortunas e no poderio econômico.
Poderá uma congregação religiosa ser este sinal quando, por exemplo, ela paga muito mal os seus funcionários, enquanto os seus membros passeiam pelos shoppings e compram o supérfluo? Quando uma única compra individual feita por um religioso num shopping supera o salário de um simples funcionário? Pode ser sinal a congregação cujos membros se dão o luxo de tomar um avião para passar um fim de semana num hotel à beira de uma praia famosa, enquanto o seu funcionário não pode comprar o remédio para o filho doente? Pode uma congregação ser sinal quando os seus funcionários andam de ônibus e a diretora do colégio, como verdadeira madame, tem motorista particular que vai deixá-la e buscá-la nos vários lugares? E as perguntas poderiam se multiplicar!
Infelizmente muitos religiosos e muitas religiosas se contentam em procurar um “bode expiatório” para essa situação. Muitos não param de jogar a culpa nos tempos atuais e na juventude de hoje, que, segundo eles, não quer nada. Mas, a meu ver, o problema não está nos jovens e sim nas instituições esclerosadas e carcomidas. Pode ser que o grande futuro e a grande esperança seja exatamente a morte e o desaparecimento desse modelo. Afinal de contas a Vida Religiosa não é indispensável para o seguimento de Jesus. E, como no dilúvio, Deus pode fazer “novas todas as coisas” (Ap 21,5) a partir da destruição total do velho, do caduco, do corrompido (Gn 6,5 – 9,27). Oxalá isso aconteça com a Vida Religiosa atual!

* José Lisboa Moreira de Oliveira, licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Brasília, graduado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, Mestre em Teologia pela Pontifícia Faculdade Teológica da Itália Meridional (Nápoles – Itália), Doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma. Autor de 13 livros e dezenas de artigos sobre o tema da vocação e da animação vocacional. Foi assessor do Setor Vocações e Ministérios da CNBB (1999-2003) e Presidente do Instituto de Pastoral Vocacional (2002-2006). Atualmente é gestor do Centro de Reflexão sobre Ética e Antropologia da Religião (CREAR) da Universidade Católica de Brasília, onde também é professor de Antropologia da Religião e Ética.

Acessos