MONTEIRO LOBATO previu em seu livro editado em 1926 na 1ª edição “ O CHOQUE “ depois nas outras edições “ O PRESIDENTE NEGRO “ a queda da grande imprensa ( PIG ) com a grande descoberta INTERNET E SUAS REDES SOCIAIS ( Radiotransporte ) motivo porque hoje querem cortar o acesso ao povo!!! Na pagina 118 deste livro ele escreve ..... .... naquela data de 1926:
“ – Sim, mas jornais nada relembrativos dos de hoje. Eram radiados e impressos em caracteres luminosos num quadro mural existente em todas as casas.
- E os cegos?
- O cego ficou para trás. Cegueira, mudez, surdez, estupidez, tudo isso não passava de reminiscências de um tempo de que os homens sorriam com piedade.
O rádio que temos hoje é um ponto de partida. Vale como valem para a eletricidade moderna as primeiras experiências de Volta. Descobriram-se novas ondas, e o transporte da palavra, do som e da imagem, do perfume e das finas sensações táteis passou a ser por intermédio delas. A conseqüência lógica foi uma transformação da vida. Pelo sistema atual vai o homem para o serviço, para o teatro, para o concerto – um ir-e-vir que constitui um enorme desperdício de energia e é o criador dos milhões de veículos atravancadores do espaço, bondes, autos, bicicletas, trens, aviões e outros. Com a fecunda descoberta das ondas hertzianas e afins, e sua conseqüente escravização aos interesses do homem, o ir-e-vir forçado se reduziu à escala mínima. O serviço, o teatro, o concerto é que passaram a vir ao encontro do homem. Foi espantosa a transformação das condições do mundo quando a maior parte das tarefas industriais e comerciais começou a ser feita de longe pelo radiotransporte. Para dar uma idéia do que isso representava de economia de esforço e tempo, basta vermos o que o jornal de Miss Elvin. Pelo sistema atual, o colaborador ou escreve em casa o seu tópico ou vai escrevê-lo na redação; depois de escrito, passa ao compositor; este compõe e passa-o ao formista; este o enforma e passa-o ao tirador de provas; este tira as provas e manda-o ao revisor; este o revê e envia-o ao corretor; este faz as emendas e... e a coisa não acaba mais! É uma cadeia de incontáveis elos, isto dentro das oficinas, pois que o jornal na rua dá início à nova cadeia que desfecha no leitor – correio, agentes, entregadores, vendedores, o diabo.
- Já estive numa oficina de jornal e sei o que é isso. Puro inferno...
- Pois toda esta complicação desapareceu. Cada colaborador do Remember radiava de sua casa, numa certa hora, o seu artigo, e imediatamente suas idéias surgiam e impressas em caracteres luminosos na casa dos assinantes.
- Que maravilha!...
- Sim, não houve indústria que como a do jornal não sofresse a influência simplificadora do radiotransporte – e isso tirou ao viver quotidiano a sua velha feição de atropelo e tumulto.
As ruas tornaram-se amáveis, limpas e muito mansas de tráfego. Por elas deslizavam ainda veículos, mas raros, como outrora nas velhas cidades provincianas de pouca vida comercial. O homem tomou gosto no andar a pé e perdeu os seus hábitos antigos de pressa. Verificou que a pressa é índice apenas de uma organização defeituosa e antinatural. A natureza não criou a pressa. Tudo nela é sossegado. Parece coisa muito evidente isto; no entanto foi a maior descoberta que fez o povo mais apressado do mundo...
- Realmente! – exclamei, chocado pelo imprevisto daquele aspecto futuro. – eu que por assim dizer moro na rua, só com este quadro da rua futura já me estou assombrando com o horror da rua moderna. E, no entanto, se Miss Jane nada me revelasse continuaria a ter muito natural o tumulto de hoje....
- O hábito não nos deixa ver os defeitos, e daí a vantagem de convulsões como a de Miss Elvin. O grande obstáculo ao progresso sempre foi o hábito, a idéia feita, a preguiça de constante exame do único problema material da vida – o transporte.
- Único?
- Sim, único. Tudo é transporte na vida, senhor Ayrton, e o tumulto de hoje vem imperfeições dos nossos sistemas de transporte. Tudo é transporte! A minha voz transporta idéias do meu cérebro para o seu. Esse livro que o senhor tem nas mãos é um sistema de transporte de i,pressões mentais. Que faz a firma Sá, Pato & Cia, senão transportar mercadorias de um lado para o outro, com o fim último de transportar para as burras dos sócios o dinheiro dos clientes? E que é o dinheiro senão um maravilhoso e engenhosíssimo meio de transporte?
- Por isso são as moedas redondas.....
- Rodinhas... O homem deu o primeiro grande passo em matéria de transporte com a invenção da roda. Mas ficou nisso. Repare que a nossa civilização industrial se cifra em desenvolver a roda e extrair dela todas as possibilidades. Daqui a séculos quando possível ao homem uma ampla visão do seu panorama histórico, todo este período que vem do albor da história até nós vai prolongar-se por muitas gerações receberá o nome de Era da Roda. Mas do ano 2200 em diante começará o seu declínio.......
“ – Sim, mas jornais nada relembrativos dos de hoje. Eram radiados e impressos em caracteres luminosos num quadro mural existente em todas as casas.
- E os cegos?
- O cego ficou para trás. Cegueira, mudez, surdez, estupidez, tudo isso não passava de reminiscências de um tempo de que os homens sorriam com piedade.
O rádio que temos hoje é um ponto de partida. Vale como valem para a eletricidade moderna as primeiras experiências de Volta. Descobriram-se novas ondas, e o transporte da palavra, do som e da imagem, do perfume e das finas sensações táteis passou a ser por intermédio delas. A conseqüência lógica foi uma transformação da vida. Pelo sistema atual vai o homem para o serviço, para o teatro, para o concerto – um ir-e-vir que constitui um enorme desperdício de energia e é o criador dos milhões de veículos atravancadores do espaço, bondes, autos, bicicletas, trens, aviões e outros. Com a fecunda descoberta das ondas hertzianas e afins, e sua conseqüente escravização aos interesses do homem, o ir-e-vir forçado se reduziu à escala mínima. O serviço, o teatro, o concerto é que passaram a vir ao encontro do homem. Foi espantosa a transformação das condições do mundo quando a maior parte das tarefas industriais e comerciais começou a ser feita de longe pelo radiotransporte. Para dar uma idéia do que isso representava de economia de esforço e tempo, basta vermos o que o jornal de Miss Elvin. Pelo sistema atual, o colaborador ou escreve em casa o seu tópico ou vai escrevê-lo na redação; depois de escrito, passa ao compositor; este compõe e passa-o ao formista; este o enforma e passa-o ao tirador de provas; este tira as provas e manda-o ao revisor; este o revê e envia-o ao corretor; este faz as emendas e... e a coisa não acaba mais! É uma cadeia de incontáveis elos, isto dentro das oficinas, pois que o jornal na rua dá início à nova cadeia que desfecha no leitor – correio, agentes, entregadores, vendedores, o diabo.
- Já estive numa oficina de jornal e sei o que é isso. Puro inferno...
- Pois toda esta complicação desapareceu. Cada colaborador do Remember radiava de sua casa, numa certa hora, o seu artigo, e imediatamente suas idéias surgiam e impressas em caracteres luminosos na casa dos assinantes.
- Que maravilha!...
- Sim, não houve indústria que como a do jornal não sofresse a influência simplificadora do radiotransporte – e isso tirou ao viver quotidiano a sua velha feição de atropelo e tumulto.
As ruas tornaram-se amáveis, limpas e muito mansas de tráfego. Por elas deslizavam ainda veículos, mas raros, como outrora nas velhas cidades provincianas de pouca vida comercial. O homem tomou gosto no andar a pé e perdeu os seus hábitos antigos de pressa. Verificou que a pressa é índice apenas de uma organização defeituosa e antinatural. A natureza não criou a pressa. Tudo nela é sossegado. Parece coisa muito evidente isto; no entanto foi a maior descoberta que fez o povo mais apressado do mundo...
- Realmente! – exclamei, chocado pelo imprevisto daquele aspecto futuro. – eu que por assim dizer moro na rua, só com este quadro da rua futura já me estou assombrando com o horror da rua moderna. E, no entanto, se Miss Jane nada me revelasse continuaria a ter muito natural o tumulto de hoje....
- O hábito não nos deixa ver os defeitos, e daí a vantagem de convulsões como a de Miss Elvin. O grande obstáculo ao progresso sempre foi o hábito, a idéia feita, a preguiça de constante exame do único problema material da vida – o transporte.
- Único?
- Sim, único. Tudo é transporte na vida, senhor Ayrton, e o tumulto de hoje vem imperfeições dos nossos sistemas de transporte. Tudo é transporte! A minha voz transporta idéias do meu cérebro para o seu. Esse livro que o senhor tem nas mãos é um sistema de transporte de i,pressões mentais. Que faz a firma Sá, Pato & Cia, senão transportar mercadorias de um lado para o outro, com o fim último de transportar para as burras dos sócios o dinheiro dos clientes? E que é o dinheiro senão um maravilhoso e engenhosíssimo meio de transporte?
- Por isso são as moedas redondas.....
- Rodinhas... O homem deu o primeiro grande passo em matéria de transporte com a invenção da roda. Mas ficou nisso. Repare que a nossa civilização industrial se cifra em desenvolver a roda e extrair dela todas as possibilidades. Daqui a séculos quando possível ao homem uma ampla visão do seu panorama histórico, todo este período que vem do albor da história até nós vai prolongar-se por muitas gerações receberá o nome de Era da Roda. Mas do ano 2200 em diante começará o seu declínio.......
Fonte: Desabafo Pais
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