Pesquisar neste blog

domingo, 19 de julho de 2009

MENOS, DEPUTADO, MENOS…

Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

.

Completam-se nesta segunda-feira (20) dois anos da morte do senador Antônio Carlos Magalhães. A data será lembrada às 9 horas, com a apresentação do novo mausoléu para onde foram levados os restos mortais do velho cacique.

O deputado ACM Neto pretende fazer do ato um acontecimento político. Em seu discurso, vai enaltecer a memória do avô e afirmar que ACM colocou a Bahia na rota do desenvolvimento, enquanto hoje – com Wagner – a terra do trio elétrico estaria perdendo investimentos, assistindo ao avanço da violência e ao sucateamento da educação.

A manifestação – mais funesta do que fúnebre – pretende demarcar território na disputa eleitoral que se avizinha. E se propõe a explorar decepções do presente, trazendo à tona a saudade de um passado que não existiu.

Pode-se até reconhecer que Wagner não realiza um governo dos sonhos, porém muitas das travas existentes se devem ao fosso que sempre separou a Bahia da maioria dos estados brasileiros, sobretudo os do sul e do sudeste.

Querer passar a impressão de que tudo era lindo nos tempos de ACM – quando a Bahia consolidou o status de pior educação do país – é acreditar demais na tese de que o povo tem memória curta.

Foi sob aquele reinado de triste lembrança que a Bahia ostentou por anos seguidos as mais vergonhosas posições nos rankings do saneamento básico, urbanização, industrialização, emprego, alfabetização. Se hoje o Estado luta para construir um Porto Sul, é porque durante décadas não existiram investimentos significativos em logística de transportes, o que desviou cargas e receitas para estados mais desenvolvidos… Tipo, Pernambuco e Ceará!

Mais grave: a Bahia foi desprestigiada durante mais de quarenta anos, nos quais ACM foi amigo, aliado ou participante de todos os governos brasileiros. Era uma voz ouvida e, muitas vezes, temida, mas que não se fez valer para melhorar as deploráveis condições de vida dos baianos.

Lamente-se a falta do homem, do pai, do avô, do amigo, mas é notório que o falecimento ou a falência de um modelo caracterizado pelo mandonismo político, falsa eficiência administrativa e maquiagem publicitária trouxe ares mais respiráveis para a Bahia. ACM Neto sabe disso, tanto que hoje tem espaço para conversar com gente como Antônio Imbassahy, Jutahy Magalhães Júnior e – quem sabe – Geddel Vieira Lima.

Sonhar com dias melhores para a Bahia não implica em ter saudade da velha e atrasada política. Esta se encontra morta e enterrada para sempre, amém!

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do Pimenta.

Fonte: Blog Pimenta na Muqueca

0 Comments:

Acessos