Nada como uma viagem de trabalho fora do país para a gente ver o que significa ser brasileiro hoje em dia. Aqui em Buenos Aires, por exemplo, jamais recebi um tratamento de VIP (Very Important Person) como o que me deram desde os clientes até o recepcionista do hotel.
De domingo – quando cheguei à Argentina – até agora, garanto que ouvi de todos aqueles com quem conversei se não havia uma forma de nós, brasileiros, doarmos a eles nosso presidente da República, pois acreditam que só um Lula para dar jeito no país deles como, segundo dizem, ele deu no nosso.
Além disso, espantam-se com a força de nossa economia e não se cansam de falar da gigantesca promessa que é o Brasil contemporâneo.
Devo reconhecer, porém, que, do mais pobre ao mais rico, não encontrei ninguém satisfeito com o governo de Cristina Fernandéz de Kirchner. Mesmo entre seus auto-declarados eleitores. E as razões são as mesmas pelas quais muitos venezuelanos, por exemplo, estão insatisfeitos com Hugo Chávez, apesar de este ter muito mais apoio interno que a presidente argentina.
Outro dado interessante é o de que, apesar de as pessoas (mesmo as de direita) estarem insatisfeitas com Kirchner, reconhecem que o monopólio de meios de comunicação, sobretudo o do grupo Clarín, é realmente abusivo.
O problema é que a disposição para brigar da presidente Kirchner ou do presidente Chávez são condutas consideradas danosas à sociedade. E é aí que Lula ganha pontos mesmo entre a direita argentina. Eles reconhecem que sua tolerância com seus críticos midiáticos é o melhor para um país.
Os argentinos dizem que o sucesso do governo Lula se deve, em boa parte, ao seu espírito democrático de aceitar as críticas loucas (o termo foi usado pelos argentinos com os quais conversei) dos meios de comunicação brasileiros.
Nunca senti tanto orgulho de ser brasileiro quanto nos últimos dois dias.
Escrito por Eduardo Guimarães
Fonte: Cidadania.com
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