José Lisboa Moreira de Oliveira*
Há cerca de dois mil e quatrocentos anos atrás, na Grécia Antiga, o filósofo A-ristóteles definiu o ser humano como um animal político . Na sua obra A Política Aris-tóteles afirma que a pessoa humana, por natureza, é feita “para a sociedade política” . Para ele todo ser humano, se quiser realmente corresponder à própria natureza, à própria finalidade, deve engajar-se na promoção do bem-estar, do bem comum de todos os ci-dadãos .
Naturalmente, quando faz tal afirmação, Aristóteles tem presente a definição grega de política. Os gregos chamavam de “política” (em grego politiké) o compromis-so, o envolvimento, o engajamento dos cidadãos na condução do bem público, do bem comum, ou seja, do bem de todos. Aristóteles considerava a participação de todos os cidadãos livres como algo indispensável para a conservação da comunidade e define o homem de bem como sendo o cidadão, ou seja, aquele que exerce sua cidadania partici-pando das assembléias e das decisões .
1. A omissão política das lideranças cristãs
Quase vinte e quatro séculos depois da definição de Aristóteles, nos surpreen-dem a apatia e a indiferença do homem e da mulher modernos pela política. Depois de tantas lutas, de tanto sofrimento para chegarmos às conquistas democráticas, choca-nos ver boa parte da humanidade alheia ao seu próprio destino, sem nenhuma vontade de participar.
Surpreende-nos também que isso aconteça nos meios cristãos, uma vez que o amor ao próximo foi erigido por Jesus em seu novo e único mandamento: “O que eu mando é isto: amem-se uns aos outros” (Jo 15,17).
Infelizmente tudo isso acontece porque as lideranças cristãs abdicaram de sua responsabilidade de guiar e de conduzir o povo, por “bons caminhos” para “pastagens verdejantes” e “fontes tranqüilas” (cf. Sl 23,2-3), a exemplo do Mestre Jesus. No dizer de Boff os pastores, de um modo geral, perverteram a natureza do pastoreio e permiti-ram que o povo se dispersasse e fosse presa de pilantras, de mercenários e de animais selvagens. Em outras palavras, a quase totalidade das lideranças não cuida do povo, não é solidária com ele, não conhece os seus problemas, não se faz companheiro ou compa-nheira e não procura ligar o próprio destino ao destino do povo.
Uma boa parte das lideranças de hoje não é formada de autênticos pastores, mas apenas de “peões contratados” que visam lucros pessoais sem limites, tanto econômicos como de poder. Segundo Boff, a quase totalidade das lideranças de Igreja termina por utilizar o cajado contra as ovelhas, ao invés de utilizá-lo contra os lobos e mercenários . Não há como não dar razão a Boff. Os exemplos estão aí. Basta, com honestidade e sin-ceridade, dar uma olhada na Igreja para perceber como isto está acontecendo. Ainda é um verdadeiro milagre a existência de pastores, com Dom Erwin Kräutler, bispo-prelado do Xingu (PA), dispostos a, como Jesus, dar a vida pelas ovelhas (cf. Jo 10,15).
Diante dessa situação é indispensável e urgente resgatar a dimensão política da vocação das lideranças cristãs. Por liderança cristã entendo dizer todas aquelas pessoas que realizam algum tipo de serviço de coordenação e de animação nas comunidades. Mas no caso da Igreja Católica Romana trata-se, sobretudo, de recuperar a dimensão política da vocação dos bispos e dos padres, uma vez que eles são os que mais direta-mente estão à frente das comunidades.
Os pastores não podem esquecer que eles, como o Bom Pastor, precisam estar “atentos às necessidades dos mais pobres, comprometidos na defesa dos direitos dos mais fracos”, sendo “promotores da cultura da solidariedade” . E no mundo em que vivemos isso só se torna possível através da participação, com os demais cidadãos e as demais cidadãs, de todos aqueles momentos e atividades que dizem respeito à promoção do bem público, do bem de todos. Puebla, em 1979, afirmou que a fé cristã não despreza a atividade política, mas, pelo contrário, a valoriza e a tem em alta estima. Isso porque ela tinha consciência de que a dimensão política é constitutiva do ser humano e repre-senta um aspecto fundamental e relevante da convivência humana . Logo, o compro-misso político, a tarefa de construir o bem comum, é também tarefa da Igreja e de seus pastores e ministros. Aliás, diz acertadamente Puebla, a política é “uma forma de dar culto ao único Deus, dessacralizando e ao mesmo tempo consagrando o mundo a Ele” . E a liderança cristã que se recusa a participar da política, no sentido apenas explicado, deixa de cultuar o verdadeiro Deus e cai na idolatria.
O resgate da dimensão política da vocação das lideranças cristãs precisa ter co-mo referência a prática de Jesus de Nazaré, considerado pela Carta aos Hebreus “o pas-tor supremo das ovelhas por ter derramado o sangue da aliança eterna” (Hb 13,20). Po-deríamos, pois, encontrar em todos os evangelhos diretrizes sobre as quais orientar a vocação política das lideranças cristãs. Porém, por questão de brevidade, prefiro tomar um texto que me parece o mais expressivo da atuação política de Jesus. Trata-se da nar-rativa da cura do geraseno que se encontra no Evangelho de Marcos (5,1-20). Nela en-contramos indicações muito preciosas que podem nos ajudar a entender melhor essa questão . Sugiro, antes de prosseguir, que, neste instante, o leitor ou leitora tome o e-vangelho de Marcos e leia com atenção a narração da cura do geraseno.
2. Fazer um deslocamento geográfico e afetivo
A cena já começa no final do capítulo quatro (Mc 4,35-41). Jesus, depois de uma longa conversa a sós com os discípulos (Mc 4,10-34), decide atravessar o mar da Gali-léia e ir para o outro lado, para uma região pagã, a região dos gerasenos (Mc 4,35). Ele, portanto, realiza um deslocamento geográfico e afetivo. Deixa o ambiente onde vive e vai para um lugar estranho. Além de ser terra estrangeira era também terra pagã, o que para a mentalidade judaica da época significava local impuro e pecaminoso, com o qual se deveria evitar o contato. Portanto, como lembra muito bem Myers, trata-se não só de um lugar geográfico, a cidade de Gerasa, mas de um “espaço sociossimbólico”, com um significado muito especial para os leitores do evangelho de Marcos . A impureza do local vai ser reforçada pelo fato do endemoninhado viver nos sepulcros e pela presença dos porcos, animal considerado impuro pela lei judaica de então (cf. Lv 11,7-8).
De acordo com a narrativa de Marcos (4,37-38) a travessia do mar foi muito di-fícil por causa do vento forte que soprava, enchendo de água a barca e colocando em perigo a vida dos passageiros. Segundo a Bíblia Pastoral o mar agitado simboliza as nações pagãs. O medo dos discípulos reforça essa hipótese. Para Myers as travessias de mar nos evangelhos, especialmente em Marcos, funcionam como “peça de ficção”, com o objetivo de dramatizar a luta que naquele período se travava para unir, no cristianis-mo, o mundo judeu e o mundo pagão. Bravo afirma que elas são um resumo das perse-guições sofridas por Jesus e por seus discípulos em todos os tempos e lugares . Os e-vangelistas não estão preocupados em focalizar “minúcias de trânsito marítimo”, mas apenas oferecer uma leitura simbólica do que representava todo aquele esforço de uni-dade . Eles querem insistir para que o leitor do evangelho entenda perfeitamente o sig-nificado das ações de Jesus.
Estas primeiras considerações mostram claramente que a primeira atitude da di-mensão política da vocação de uma liderança cristã é o deslocamento tanto geográfico como afetivo. Não é possível ir à frente do rebanho sem sair dos ambientes de comodi-dade e de bem-estar. É indispensável um contato físico com a realidade do mundo dos pobres e excluídos, colocando-se com eles e na pele deles. Mas não basta só esse conta-to físico, pois ele pode estar cheio de pura demagogia, como é o caso de certos contatos com o povo de alguns políticos, por ocasião das eleições. Hoje, com muita freqüência, também certas lideranças cristãs, inclusive bispos e padres, usam de tal demagogia. Pi-sam na lama das periferias para depois se esconderem no luxo dos palácios episcopais e das casas paroquiais, mantidas pelo dízimo suado dos pobres. Pode-se, inclusive, ser liderança cristã na periferia sem ser social e afetivamente da periferia.
Isso significa que o deslocamento tem de ser realizado também interiormente, afetivamente, no coração do pastor, de modo que ele possa ser tomado de compaixão (Mt 9,36). Foi o que aconteceu com Jesus que, ao chegar “à outra margem” (Mc 5,1-2) foi logo dando de cara com uma situação de morte e de injustiça perversa.
No caso do geraseno, a situação era dramática. O texto, por três vezes, afirma que ele morava no cemitério, no meio dos túmulos . Considerando a sociossimbologia de que se falou antes, isso significa que a realidade das pessoas daquele local era de ausência total de vida, era de pobreza, pois “pobreza significa morte. Morte precoce e injusta” . De fato, os habitantes dos cemitérios são os mortos e dizer que aquele ho-mem, representante de todos os outros gerasenos, morava entre os túmulos significava dizer que era alguém sem vida .
Vejo como bastante desafiador esse primeiro passo, tendo presentes as atuais práticas eclesiais de formação das lideranças. De um modo geral elas são formadas lon-ge da realidade do povo sofrido e oprimido. Nos seminários e nas casas de formação, de um modo geral, os jovens e a jovens vivem longe da vida real. Recebem tudo de graça, têm tudo à disposição, não pisam no chão dos pobres e dificilmente se preocupam “com o lugar em que dormirão aqueles que não têm onde se abrigar” .
Para que as lideranças cristãs assumam, de fato, a sua vocação política, segundo o exemplo de Jesus, é fundamental rever o quanto antes a pedagogia formativa. É preci-so que elas sejam educadas para este constante deslocamento e não sejam confirmadas como lideranças enquanto não demonstrarem que realmente querem fazer a travessia para “a outra margem”.
3. Desmascarar toda forma de religiosidade alienante
Uma vez no meio dos pobres, participando com eles da vida cotidiana, a lideran-ça cristã precisa dar um outro passo significativo: perceber e desmascarar as formas de religiosidade alienantes presentes no meio do povo. No episódio da cura do geraseno chama-nos a atenção o fato de que, ao ver Jesus ainda de longe, o endemoninhado corre, cai de joelhos e proclama bem alto que Jesus é o “Filho do Deus altíssimo” (Mc 5,6-7). Um ato típico de adoração e de culto à divindade.
É surpreendente, porém, que um demônio seja capaz de adorar a Deus. Como explicar que um demônio seja capaz de um gesto de adoração e de culto? A resposta só pode ser uma: existem formas de religiosidade que não são cultos ao verdadeiro Deus, mas verdadeira ofensa à sua bondade e ao seu amor misericordioso. Mais do que divi-nas, elas são demoníacas. E são diabólicas porque se colocam contra a justiça, contra o bem de todos os seres humanos . As aparências do culto, os rituais, as celebrações pomposas, são apenas disfarces para encobrir o verdadeiro objetivo que é a exploração dos mais fracos (cf. Jr 7,1-11). Jesus, seguindo a tradição dos grandes profetas de Israel, denuncia este tipo de religiosidade (cf. Jo 2,13-22).
Sabemos que no tempo de Jesus os sumos sacerdotes eram escolhidos sob forte pressão dos romanos. Os escolhidos eram verdadeiros lacaios, ou seja, subservientes à vontade do Império Romano, e profundamente corruptos . Representado pelo Sinédrio, composto por 71 membros, formado pela aristocracia rica, o poder religioso se mantinha graças ao suborno, às intrigas, aos pactos com Roma e a outros atos de corrupção . Por esse motivo as atitudes de Jesus não só denunciam a falsidade da religião, mas atacam também o sistema político que mantinha “a pirâmide social interna de Israel” .
Ora, tudo isso nos diz que uma das tarefas das lideranças cristãs é denunciar e lutar contra toda forma de religiosidade que contribui para a manutenção das injustiças e da exclusão social. Como Jeremias, a liderança cristã precisa colocar-se “na porta do templo” e denunciar energicamente qualquer forma de religião que “ilude com palavras mentirosas que não trazem proveito nenhum” (Jr 7,8). A resistência da liderança cristã ao falso culto é fundamental, uma vez que ele produz alienação. E o ser humano “em estado de alienação, não compreende e não pode compreender” .
Infelizmente, porém, isso não acontece no momento. Por toda parte na Igreja Ca-tólica Romana, vemos lideranças cristãs, inclusive padres e bispos, aderindo a verdadei-ros cultos idolátricos, uma vez que eles são usados mais para alienar, para oferecer con-solação barata e ilusória, do que para promover a verdadeira libertação .
Hoje, o que o mundo dos pobres e excluídos precisa não é de um cristianismo genérico, vago, mas do Deus de Jesus Cristo, que caminha na história e que fica do lado dele. Um Deus em si, que fica lá nas nuvens, que não se importa com sua situação, não interessa aos oprimidos da terra e não diz absolutamente nada. A Igreja da apologética, da falta de modéstia, do Deus ato puro, distante da história, criou o ateísmo teórico e prático, o comunismo, o facismo, o nazismo e as ditaduras militares . Ou será que a Igreja Católica Romana ainda não se deu conta dessa verdade?
Portanto, cabe à liderança cristã manter sempre viva a crítica à religião alienante. E para fazer isso ela precisa viver a sua vocação “a partir do reverso da história” . Ou seja, precisa fazer o deslocamento geográfico e afetivo. Se não mantiver esta ousadia profética deixará de ser autêntica liderança e passará a ser apenas, segundo a expressão de Jesus, ladrão e assaltante. Além disso, alimentará ainda mais a idéia, surgida no am-biente da modernidade, de que a religião é inimiga da justiça, da verdade e da liberda-de . E quando não é libertadora, a religião é isso mesmo. Não há como fugir disso.
4. Identificar a verdadeira causa das injustiças e exclusões
Uma vez desmascarada toda forma de religiosidade alienante, será indispensável identificar a verdadeira causa das injustiças e das exclusões sociais. Hoje temos ele-mentos suficientes para entender que o fenômeno social da pobreza é produzido e não é um fato natural. Os pobres e excluídos são o resultado de um sistema perverso de domi-nação e de opressão . Aristóteles dizia que eles são o resultado ou de uma democracia insolente, ou de uma oligarquia violenta ou de uma tirania . No episódio do geraseno, Jesus, de imediato, procura identificar o responsável por aquela situação de morte. Faz isso perguntando ao homem qual era o seu nome (Mc 5,9).
Na Bíblia o nome revela as características e a verdadeira identidade da pessoa. Não é, como entre nós, apenas uma palavra convencional para chamar alguém. Dar no-me e chamar uma pessoa pelo nome é revelar a sua verdadeira identidade, a sua história (cf. Êx 2,22; Mt 1,23). Assim sendo, ao perguntar ao geraseno por seu nome, Jesus o-briga-o a revelar a sua verdadeira identidade, até então desconhecida. E no momento em que a identidade é revelada, o poder de dominação começa a ruir, pois ter o nome de alguém significa ter poder sobre ele.
A resposta do geraseno a Jesus é muito clara: “Meu nome é ‘Legião’, porque somos muitos” (Mc 5,9). A Legião era uma um destacamento de infantaria do exército romano formado por dez coortes e com um total de soldados que variava entre 3 e 6 mil homens. No tempo de Jesus a Palestina estava ocupada militarmente pelos romanos. Por isso a conclusão da maioria dos estudiosos da Bíblia é de que o demônio que atormen-tava o povo e o mantinha num estado de morte era o Império Romano. “Legião era o nome do exército romano, que tinha dominado o povo e o mantinha em situação de o-pressão e morte” . Balancin afirma que podemos ver aqui “uma conotação política” do problema, uma vez que as legiões romanas dominavam a região. Assim sendo, Legião, representante do Império Romano, “corporifica uma presença de exploração e morte” .
Myers tem a mesma opinião. Aliás, ele insiste em dizer que não apenas o termo “Legião”, mas uma série de expressões e de imagens, usadas no texto, são tiradas do ambiente militar. O que leva à conclusão inequívoca de que o autor do Evangelho esta-va falando claramente do Império Romano. Myers é do parecer que se possa fazer uma leitura política do Evangelho de Marcos e que em muitas afirmações o evangelista foi muito ousado, fazendo ver nas entrelinhas a sua oposição aos romanos .
Creio que no momento atual a situação não seja diferente. A pobreza e a exclu-são continuam existindo por conta dos desmandos políticos, da corrupção e da politica-gem. O sistema neoliberal é perverso e excludente, fazendo vítimas que perambulam pelas nossas cidades e campos. Gutiérrez, citando informações fornecidas pela presi-dência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), previu com clarividência profética que o século XXI seria terrível e cruel para os pobres e excluídos. Mesmo com tantos avanços científicos e tecnológicos os pobres serão cada vez mais “insignifican-tes” para o sistema, que tem o mercado como único regulador das forças econômicas . “A inveja, o egoísmo, a cobiça passam a ser motores da economia; a solidariedade e a preocupação com os mais pobres são vistas, em contrapartida, como empecilhos ao crescimento econômico...” .
Nesse cenário dramático a liderança cristã não pode, de forma alguma abdicar da sua responsabilidade de “dar nomes aos bois”, ou seja, de, como Jesus, identificar os sistemas sociais, políticos e econômicos que estão por trás da miséria e do sofrimento da grande maioria da população. Denunciar a lógica do mercado, desvelar as estruturas de pecado social que geram morte, mostrar que aumenta cada vez mais a distância entre ricos e pobres, são responsabilidades sobretudo de quem está à frente das comunidades. Gutiérrez lembra muito bem que essa foi uma bandeira de João Paulo II: denunciar a opulência do hemisfério Norte construída sobre a miséria dos pobres do hemisfério Sul .
5. Desmontar sabiamente as armadilhas do sistema injusto
Todavia, não é suficiente identificar as causas da injustiça. Isso não basta. É in-dispensável desmontar de forma inteligente e sábia as armadilhas do sistema injusto. Cabe dizer logo de início que nenhum sistema injusto se acha tal e, por isso mesmo, nunca aceita ser revisto ou desmontado. No episódio do geraseno, ele próprio pede com insistência para não sair da região (Mc 5,10). Para não perder o poder e para não deixar de dominar, o sistema é capaz de tudo, inclusive de submeter-se a alguém mais forte. Basta, por exemplo, pensar na subserviência das elites dos países pobres às grandes po-tências.
Por essa razão é necessário pensar em estratégias que sejam capazes de “afogar” o sistema e tirar dele toda força que possui. Foi o que Jesus fez. E o fez usando as bre-chas e as fragilidades que o próprio sistema oferecia. No episódio do geraseno é “Legi-ão” que pede para que Jesus o mande entrar nos porcos (Mc 5,11-12). Note-se o detalhe. Legião quer buscar um atalho para se ver livre de Jesus, mas usando do próprio Jesus para atingir seus objetivos. O Mestre de forma inteligente e sagaz atende ao pedido dos demônios, mas usando de estratégias que aniquilam de vez o sistema e realizam a liber-tação daquele homem.
Segundo Balancin a tática de Legião visava preservar seu domínio. De fato, todo sistema precisa se corporificar para ser eficaz. Para a Bíblia o corpo possibilita as ações humanas. O pedido dos demônios para entrar nos porcos tem esse significado, mas a ação de Jesus é mais forte. Ele consegue ao mesmo tempo atender ao pedido e enganar Legião. Os porcos, para a Bíblia, são símbolo do que é impuro e indigno do ser humano. Jesus, depois de identificar a imundície do sistema, faz com que esse sistema se auto-destrua, afogando-se na sua própria sujeira. “Sem corpos para agir, o poder demoníaco se esvazia, se evapora. A vitória de Jesus é completa” . Ele se faz mais forte que o sis-tema e obriga-o a voltar para o seu lugar adequado, retirando-lhe todo poder sobre as pessoas .
Aqui está, portanto, o desafio para as lideranças cristãs. Como animar e coorde-nar as comunidades, retirando-as do controle dos sistemas opressores e dominadores? Como retirar desse sistema toda possibilidade de atuar nas comunidades, dominando as pessoas? É claro, como nos mostra Jesus, que isso se faz impedindo que o sistema tenha espaços e oportunidades para agir no meio do povo. Isso se faz enganando o sistema, agindo de modo inteligente e perspicaz. Myers afirma que essa forma inteligente e sagaz se dá em primeiro lugar pelo confronto verbal e em seguida pelo exorcismo. Em primei-ro lugar é preciso enfrentar o sistema e depois exorcizá-lo. Exorcizar neste contexto significa expulsar, eliminar, tudo aquilo que causa alguma forma de exploração das pes-soas .
Porém, para fazer isso, a liderança cristã precisa ter uma mística profunda capaz de lhe dar coragem para o martírio (cf. Jo 10,11). Lideranças mercenárias jamais serão capazes de fazer isso. Pelo contrário, diante dos demônios do sistema fugirão abando-nando o rebanho (cf. Jo 10,12). Assim sendo, o grande desafio para a Igreja dos nossos tempos é aquele de formar lideranças corajosas e proféticas que não desçam a pactos com o sistema e nem fujam abandonando as pessoas quando elas mais precisam.
O grande problema do momento é que não temos pastores místicos. Temos che-fes de religiosidades alienantes, profundamente comprometidos com o dinheiro e a po-sição social. São pouquíssimas as lideranças que cultivam a mística do martírio. E como a maioria só trabalha por dinheiro e pelo prestígio, não se importa com a vida das pes-soas (cf. Jo 10,13). É urgente, pois, formar pastores que não permitam a “colonização da mente”, que ajudem a comunidade a se libertar da angústia e do medo. Lideranças com competência e suporte místico que ajudem as pessoas a conquistar a libertação definiti-va de toma forma de poderio e de dominação .
6. Realizar uma catequese libertadora
Esse processo de libertação só se dá por meio de uma educação libertadora, por meio de uma catequese que não seja apenas doutrinação, mas estímulo para uma ação incisiva. Aliás, os passos anteriores já fazem parte desse processo, uma vez que numa comunidade cristã tudo que acontece e tudo o que se realiza deve ser catequese. Por catequese entende-se o processo pedagógico comunitário que educa para uma resposta de fé coerente. Neste sentido a catequese é também vocacional, uma vez que ajuda a “vivenciar a fé como descoberta do caminho concreto de realização da vocação cristã como vocação de amor ao próximo” .
No episódio da cura do geraseno existem detalhes que revelam muito bem este aspecto de uma educação libertadora. Diz o texto: “Os homens que guardavam os por-cos saíram correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver o que tinha acontecido. Foram até Jesus, viram o endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, ele que antes estava possuído pela Legião. Os que tinham presen-ciado o fato explicaram para as pessoas o que tinha acontecido com o endemoninhado e com os porcos” .
Sem dúvida alguma esse texto, como outros de Marcos, expressa o modelo de catequese da comunidade cristã primitiva. Os termos usados são típicos de um ambiente de catecumenato batismal de adultos. Antes de tudo o sair correndo anunciando a notí-cia por todos os lugares. Em seguida o deslocamento das pessoas para ir ver o que esta-va acontecendo. Em terceiro lugar a situação do que antes era possuído por Legião. E, por fim, a explicação dada pelos que tinham presenciado o fato. A peregrinação por um itinerário, o anúncio, a busca, a libertação e a explicação dos fatos são termos e atitudes que identificam a catequese na Igreja primitiva.
Esse episódio narrado por Marcos nos faz perceber que a catequese na Igreja do primeiro século, além de ser um processo sério destinado a adultos, era capaz de desper-tar a consciência crítica e de promover a libertação integral das pessoas. Isso é revelado pelo texto de duas maneiras. Em primeiro lugar pela afirmação de que os catequistas, ou seja, os anunciadores da boa-notícia da cura do geraseno são os que antes guardavam os porcos (Mc 5,14). Pela ação de Jesus, continuada no tempo pela comunidade cristã, as pessoas antes envolvidas com a sujeira, com a corrupção do poder, agora são anunci-adoras da libertação. Em segundo lugar pela afirmação de que o que era possuído por Legião agora está “sentado, vestido e no seu perfeito juízo” (Mc 5,15). Na Bíblia o estar sentado é próprio da pessoa livre. O escravo está sempre de pé para servir ao seu senhor (cf. Lc 12,37; 22,27). Estar vestido significa estar revestido de dignidade, uma vez que a nudez simboliza a perda dessa dignidade (cf. Gn 3,7; Lm 1,8; 2Cor 5,3). E, por fim, o estar no perfeito juízo não precisa de muitas explicações. Significa que aquele homem readquiriu a sua capacidade crítica, a sua consciência e está em condições de enxergar bem a realidade, de fazer discernimento (1Cor 14,20; Ef 4,14).
Portanto, uma das formas mais concretas para o exercício da dimensão política da vocação da liderança cristã é a organização e realização da catequese na comunidade. E essa tarefa cabe em primeiro lugar aos que estão à frente da comunidade, de modo particular os bispos e os padres . Mas, como já dito antes, será indispensável que esse processo catequético seja dinâmico e permanente. Uma catequese apenas ocasional, de momentos estanques e separados, não liberta. Somente uma catequese bíblica, realizada de forma permanente, em plena sintonia com os desafios da realidade, pode contribuir verdadeiramente para a libertação das pessoas . Do mesmo modo, se ela for meramente doutrinal, não leva ao compromisso político, neste caso entendido como “permanente serviço aos demais” .
Acredito que esse seja um dos principais motivos da permanência de tantas in-justiças sociais em ambientes cristãos. A falta de uma verdadeira catequese é a principal responsável por isso. Tomando como exemplo o Brasil, constatamos que no censo de 2000 realizado pelo IBGE os católicos são maioria absoluta (73,77%). Somados aos protestantes históricos e evangélicos (15,44%) chegamos a um total de 89,21% de cris-tãos. No entanto o nosso país há mais de quinhentos anos vive numa situação de injusti-ça e de exploração. A catequese não transforma uma sociedade formada na sua maioria absoluta por cristãos. Não tem incidência significativa no campo social, político, eco-nômico e cultural . Os filhos das trevas continuam sendo mais espertos do que os filhos da luz (cf. Lc 16,8). Precisamos, pois, de uma autêntica catequese, capaz de dar às pes-soas a força necessária para repudiar toda ideologia e todo sistema que atente contra a dignidade humana, seja de ordem religiosa que de ordem política .
7. Ter paciência e respeitar o caminho do povo
Sabemos, porém, que a libertação tem o seu preço. E nem sempre o povo está disposto a pagar este preço. No caso da narrativa da cura do geraseno isso fica bem vi-sível. Quando os que tinham presenciado tudo viram o que tinha acontecido com o gera-seno e com os porcos, “começaram a suplicar que Jesus fosse embora da região deles” (Mc 5,17). São os mesmos que antes tinham se enchido de entusiasmo e saído por todo canto anunciando a boa-notícia. Na concepção de Marcos são os próprios cristãos que começam a recuar e a se afastar do itinerário de fé, quando percebem que isso tem um preço. E não estão de forma alguma dispostos a pagar o preço de resgate da vida, mes-mo que isso signifique a perda de coisas que antes escravizavam. Preferem ficar com elas e continuarem escravos do sistema .
Naturalmente não estão com medo porque o geraseno ficou curado, mas estão com medo porque perderam os porcos. . Ora, como já vimos, os porcos são símbolos da impureza e da sujeira. Portanto, porcos significam falta de vida e falta de dignidade. Mas o sistema que produz tal sujeira e corrupção faz a cabeça das pessoas, de modo que elas comecem a pensar que o lixo por ele produzido é algo de valor e indispensável para a vida e a dignidade humana. Basta olhar, por exemplo, a propaganda consumista dos nossos dias. Ela associa prazer e felicidade a determinados produtos e as pessoas pas-sam a pensar que sem eles a vida não vale a pena. Por esse motivo começam a se deses-perar, a ficarem neuróticas e até a partir para a violência.
Aliás, como lembra muito bem Myers, comentando os primeiros versículos da narrativa (Mc 5,1-5), o sistema sabe muito bem como acorrentar as pessoas. E quando as pessoas são reprimidas elas terminam se voltando contra si mesmas, empregando a violência contra elas mesmas . E nisso o texto é muito claro: “Dia e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras” (Mc 5,5). Não po-dendo vingar-se do sistema que é poderoso e bem protegido, as pessoas punem-se a si mesmas. Qualquer semelhança com a atualidade não é apenas mera coincidência.
Diante dessa realidade, a tarefa das lideranças cristãs é antes de tudo não se de-sesperar e nem se desanimar, pensando que não vale a pena comprometer-se com essa causa. Infelizmente muitas são as lideranças que desistem diante da resistência das pes-soas. É preciso entender que elas são vítimas do sistema e nem sempre se consegue mu-dar a mentalidade coletiva. Em segundo lugar é preciso ter consciência de que a semen-te foi lançada. Com o tempo ela crescerá e dará frutos. É preciso, como o agricultor, esperar pacientemente o tempo certo da colheita . Por fim, em terceiro, lugar as lide-ranças cristãs não devem impor nada ao povo e nem criticá-lo por isso. Devem saber entendê-lo. Foi o que fez Jesus. Ele “nunca se impôs pela força a ninguém, somente ao mal. Ele somente oferecia a todos o que sabia sobre Deus, o que podia fazer por eles. Por isso não resistiu a esta rejeição. Nem os criticou. Foi caminhando em direção ao barco” .
8. Não encurralar novamente as pessoas libertadas
Antes de concluir, uma última indicação que a narrativa da cura do geraseno nos oferece para a compreensão da dimensão política da vocação das lideranças cristãs. Tra-ta-se da coragem de não encurralar novamente as pessoas que foram libertadas pelo processo de educação da fé. Infelizmente este perigo existe. Muitas vezes nós fazemos um esforço enorme para ajudar as pessoas a tomarem consciência de uma determinada situação. Depois de tanto esforço, tanto sacrifício, em razão das armadilhas do sistema religioso, terminamos por amarrá-las novamente, de modo que elas, às vezes, até se tornam piores do que antes. O próprio Jesus denunciou este perigo com muita veemên-cia: “Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês percorrem o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguem, o tornam merecedor do inferno duas vezes mais do que vocês” (Mt 23,15).
No episódio da cura do geraseno choca-nos a atitude de Jesus, o qual, depois de ser rejeitado pelas pessoas, não permite que o homem que tinha sido endemoninhado siga com ele (Mc 5,18-20). Do ponto de vista da animação vocacional que é feita em nossos dias isso seria considerado um absurdo. Como não aceitar alguém para o segui-mento, depois de tanto esforço e depois de tanta rejeição? Creio que nenhum animador ou animadora vocacional seria capaz de fazer isso. No entanto, Jesus o fez. E isso tem um significado sociossimbólico muito forte.
Creio que a explicação já foi dada. Jesus não quis amarrar aquele homem. Nos primeiros séculos da Igreja os escritores cristãos, chamados de Padres da Igreja, costu-mavam dizer que, nos Evangelhos, a barca era símbolo da Igreja, da comunidade cristã. Entrar ou sair da barca era entrar ou sair da Igreja, da comunidade cristã . Portanto, a observação de Marcos é provocante. Jesus não quer aquele homem na Igreja, mas no meio da humanidade, representada pela Decápole.
Existem, pois, formas diferentes de seguir Jesus que não estão limitadas ao âm-bito dos templos e das comunidades estritamente ligadas à Igreja. Há o templo do mun-do, da humanidade, onde quem acredita em Jesus Cristo é chamado a estar presente, anunciando o amor e a misericórdia de Deus. Balancin nos recorda que a forma indicada por Jesus ao geraseno é aquela mais concreta possível: o testemunho de uma pessoa livre . Infelizmente o atual modelo de Igreja e a religiosidade melosa e alienada que domina dentro dela, contribuem para que não tenhamos o testemunho de pessoas livres. Temos gente medrosa que continua acreditando ser totalmente absurdo “afogar dois mil porcos” (Mc 5,13) para realizar a libertação de uma só pessoa. Por isso continuam ex-pulsando Jesus de seus ambientes e “matando” as pessoas com suas orações e cantos.
Conclusão: o fracasso da atual pastoral vocacional
No meu modo de entender as coisas, esse é o fracasso total da atual pastoral vo-cacional que está sendo realizada dentro da Igreja Católica Romana. Ela, de um modo geral, está reduzida a “pescaria” de pessoas para “sufocá-las” depois na mesquinhez de um catolicismo arcaico e distante do mundo real, especialmente do mundo dos pobres. Penso que Marcos, na conclusão desse episódio, propõe uma reviravolta. É preciso não permitir que pessoas livres caiam de novo nas armadilhas dos sistemas religiosos. A animação vocacional precisa estar voltada para a libertação total de pessoas, que depois possam permanecer onde estão como anunciadoras do Reino.
Hoje, salvo pouquíssimas e honrosas exceções, o que faz a pastoral vocacional é distanciar os jovens e as jovens de sua realidade. Quando se trata de vocações para o ministério ordenado e para a vida consagrada, é muito comum levá-los para bem distan-te, para casas de formação e para seminários longe do local de origem. Lá são aburgue-sados e “formados” para não mais se identificar e não mais voltar para o meio dos seus. No caso dos leigos e das leigas, eles são trancados nos templos, entretidos com rezas, e levados a esquecer o que está se passando no mundo.
Se a animação vocacional quiser ser realmente seguimento de Jesus, deverá “descer aos infernos deste mundo e comungar com a miséria, a injustiça, as lutas e as esperanças dos condenados da terra, porque deles é o Reino dos céus” . Se permanecer apenas “pescando” candidatos para serem padres e freiras poderá até encher conventos e seminários, mas dificilmente conseguirá anunciar o Reino ao mundo dos adultos.
De fato, como lembra Gutiérrez, a humanidade que atinge a “maioridade” não quer saber de uma religião que não leva adequadamente a sério as suas verdadeiras questões e problemas . Poderemos até ter as igrejas cheias, mas de gente que não pensa e que vive escravizada. E esses templos ficarão vazios quando aparecerem outras pro-postas salvadoras mais interessantes e mais tentadoras do que as atuais. Aliás, a história do fenômeno religioso do Brasil, nos últimos 30 anos, é uma prova evidente de que é possível um esvaziamento dos templos católicos.
Portanto, para ser pastor como Jesus, comprometido com a sorte do povo, a lide-rança cristã deverá escolher a sua “Galiléia” e, mesmo vivendo dentro dela, terá que ir mais além, para aqueles espaços da periferia onde a vida está seriamente ameaçada. Para tanto é indispensável que a formação de tais lideranças se dê aqui nestes lugares. Será necessário acabar com os seminários e as casas de formação e escolhermos as “ru-as de formação”, as “favelas de formação”, os “becos de formação”, as “pontes e viadu-tos de formação”. Isso porque os evangelhos nos mostram que as manifestações divinas e a voz da eleição não se dão no centro, nos lugares “chiques”, mas nas regiões sociais desprezadas onde estão as pessoas que Deus verdadeiramente escolheu (cf. Tg 2,5-6). Sem esquecer, é claro, o que Aristóteles disse a tantos séculos atrás: o ser humano “é naturalmente feito para a sociedade política”. Por isso “todos devem ser bons cidadãos. É daí que provém a bondade intrínseca do Estado” .
Notas:
* Teólogo, filósofo, escritor e professor.
Cf. VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, 27ª edição, pp. 272-273.
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
Ibid., p. 4.
Cf. ibid., pp. 4-6.
Acerca dessas questões veja-se ibid., pp. 41-64.
Cf. BOFF, Leonardo. O Senhor é meu Pastor. Consolo divino para o desamparo humano. Rio de Janei-ro: Sextante, 2004, 3ª edição, pp. 43-50.
Texto Conclusivo da Conferência de Aparecida, nº 199.
Cf. Conclusões da Conferência de Puebla, nn. 513-514.
Ibid., nº 521.
Há um texto paralelo em Lc 8,26-39, mas prefiro comentar este texto de Marcos porque, segundo a maioria dos estudiosos da Bíblia, é a narrativa mais antiga e, portanto, a mais original. O mesmo episódio se encontra em Mt 8,28-34, sendo que nesta versão de Mateus trata-se de “dois homens possuídos pelo demônio” (Mt 8,28).
MYERS, Ched. O evangelho de São Marcos. São Paulo: Paulus, 1992, p. 237.
BRAVO, Carlos. Galiléia ano 30. Para ler o Evangelho de Marcos. São Paulo: Paulinas, 1996, pp. 51-52.
MYERS, Ched. O evangelho de São Marco, pp. 232-237.
O número “três” na Bíblia é simbólico e é usado para expressar algo que é mais do que suficiente (cf. Lc 24,21). Neste caso, ao dizer por três vezes que o geraseno morava no cemitério, Marcos entende deixar bem claro que a situação dos habitantes da região era de negação total das condições mínimas de vida.
GUTIÉRREZ, Gustavo. Onde dormirão os pobres? São Paulo: Paulus, 2003, 3ª edição, p. 31.
Convém lembrar que a expressão “homem” (em grego: antropos) no Novo Testamento não significa o indivíduo do sexo masculino, mas a humanidade ou alguém que a representa. Quando se trata do varão do sexo masculino o grego do Novo Testamento usa as expressões andrós ou anér (cf. At 8,12; 9,12; 17,12).
GUTIÉRREZ, Gustavo. Onde dormirão os pobres? , p. 8.
A palavra “diabo” (em grego: diábolos) etimologicamente significa aquilo ou aquele que divide, que espalha cizânia (cf. Mt 13,25.39).
Cf. SCHILLEBEECKX, Edward. Por uma Igreja mais humana. Identidade cristã dos ministérios. São Paulo: Paulus, 1989, pp. 24-29.
Cf. MORIN, Émile. Jesus e as estruturas de seu tempo, São Paulo: Paulus, 1981, 4ª edição, pp. 101-114.
Ibid., pp. 76-81.
PAOLI, Arturo. Testemunhas da esperança. São Paulo: Paulus, 1992, p. 11.
Cf. ibid., pp. 7-17.
Cf. ibid.,pp. 18-36.
Cf. GUTIÉRREZ, Gustavo. A força histórica dos pobres. Petrópolis: Vozes, 1981, pp. 245-313.
Cf. ibid., pp. 256-258. Veja-se também CIPRIANI, Roberto. Manual de sociologia da religião. São Paulo: Paulus, 2007; ZILLES, Urbano. Filosofia da Religião. São Paulo: Paulus, 2004, 5ª edição.
Cf. PIXLEY, Jorge; BOFF, Clodovis. Opção pelos pobres. Petrópolis: Vozes, 1986.
ARISTÓTELES, A Política, pp. 188-193.
BRAVO, Carlos. Galiléia ano 30. Para ler o Evangelho de Marcos, p. 53.
BALANCIN, Euclides Martins. Como ler o Evangelho de Marcos. Quem é Jesus? São Paulo: Paulus, 2007, 8ª edição, p. 72.
Cf. MYERS, Ched. O evangelho de São Marco, pp. 25-121.
Cf. GUTIÉRREZ, Gustavo. Onde dormirão os pobres? , pp. 19-27.
Ibid., p. 24.
Cf. Ibid., pp. 31-33.
BALANCIN, Euclides Martins. Como ler o Evangelho de Marcos, p. 72.
Cf. BRAVO, Carlos. Galiléia ano 30. Para ler o Evangelho de Marcos, pp. 53-54.
Cf. MYERS, Ched. O evangelho de São Marco, pp. 239-240.
Cf. ibid., pp. 239-241.
CNBB. Guia pedagógico de pastoral vocacional. São Paulo: Paulus, 1983, 6ª edição, p. 54.
Mc 5,14-16. Todas as citações bíblicas desse artigo são tiradas da Bíblia Pastoral da Paulus Editora.
Cf. Texto Conclusivo de Aparecida, nº 282.
Cf. ibid., nn. 295-300.
Cf. ibid., nº 299.
Cf. ibid., nº 283.
Cf. MYERS, Ched. O evangelho de São Marco, pp. 240-241.
Cf. BRAVO, Carlos. Galiléia ano 30. Para ler o Evangelho de Marcos, p. 54.
BALANCIN, Euclides Martins. Como ler o Evangelho de Marcos, pp. 72-73.
Cf. MYERS, Ched. O evangelho de São Marco, p. 240.
Cf. Tg 5,7-11. Convém notar que este texto de Tiago é colocado logo depois da sua crítica feroz aos ricos proprietários, exploradores dos pobres.
BRAVO, Carlos. Galiléia ano 30. Para ler o Evangelho de Marcos, p. 54.
Cf. FRIES, H., Modificação e evolução histórico-dogmática da imagem de Igreja, em Mysterium Salu-tis IV/2, Petrópolis: Vozes, 1975, pp. 5-16.
Cf. BALANCIN, Euclides Martins. Como ler o Evangelho de Marcos, p. 73.
GUTIÉRREZ, Gustavo. A força histórica dos pobres, p. 309.
Cf. ibid., pp. 321-324.
ARISTÓTELES, A Política, pp. 4 e 49.
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