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domingo, 27 de julho de 2008

Paulo Henrique Amorim

De uns tempos para cá, o jornalista Paulo Henrique Amorim começou a criticar com vigor o governo Lula e o próprio presidente. O teor das críticas, porém, é complexo e não é disso que quero tratar. Este post trata de liberdade de expressão.

Em primeiro lugar, quero deixar claro que não estou plenamente de acordo com as críticas de PH ao governo Lula e ao seu titular, mas não posso deixar de manifestar meu desagrado com o patrulhamento de que o jornalista tem sido alvo.

Até onde sei, não há lei que proíba críticas a Lula, a Serra ou a qualquer outro político, partido ou ideologia. Contanto que as críticas não sejam malandras, feitas a uns para prejudicar outros, toda crítica que se fizer àqueles ou àquilo que diga respeito ao interesse público deve ser encarada com serenidade e, sobretudo, ouvida.

Acompanhei a trajetória de Paulo Henrique Amorim e nunca vi o jornalista metido em negociatas ou fazendo jogo de grupos políticos. Quando PH criticava com força os que pretendiam sabotar o governo Lula e até derrubá-lo, não vi os que hoje o criticam questionando se ele dizia o que dizia porque, à exemplo de outros colegas de profissão, tinha interesses condizentes com os dos que “defendia” ou conflitantes com os dos que criticava.

Para falar a verdade, a postura do PH hoje é uma das que mais se aproximam, em meu conceito, do jornalismo apartidário que eu gostaria de ver no Brasil. Com efeito, a formação do terceiro maior grupo de telefonia deve receber todos os ataques e defesas que se possa fazer, pois diz respeito a cada um de nós. Tragédia seria não sabermos de todos os prós e contras de um negócio envolvendo o interesse de todos os cidadãos.

Particularmente, reitero, pela milionézima vez, que apóio o governo Lula. Nunca escondi isso e isso não faz de mim um partidário. Sou um cidadão maior de idade, vacinado e com título de eleitor, o que me habilita a apoiar o grupo político que eu quiser.

Dito isso, todas as críticas mais profundas e sem aparente viés político que eu puder conhecer sobre aqueles que apóio, quero conhecer. Até para saber se devo continuar apoiando. O que não gosto no jornalismo da grande mídia são as críticas malandras, superficiais, fáceis, com óbvio viés político, como as que faz a “instituição” que PH batizou como PIG (Partido da Imprensa Golpista).

Quero saudar, pois, um jornalista que critica com igual ímpeto o Lula, o Serra, a Heloísa Helena, a esquerda, a direita, enfim, a situação e a oposição. E sabem por que? Porque não são anjos. Todos certamente cometem erros e têm contra si o que criticarmos.

Claro que eu tenho me furtado a criticar no governo Lula o que há para criticar porque esse governo passou a sofrer sabotagem da mídia desde o primeiro minuto de sua existência. Assim, penso que criticar o governo num momento em que não querem deixá-lo trabalhar é agir contra meus próprios interesses de cidadão, pois, para mim, se o governo der certo, tanto melhor.

Nesse aspecto, penso que PH está contribuindo para um processo espúrio. Contudo, está amparado num direito constitucional, num direito humano, o de livre expressão do pensamento. Não sendo críticas feitas para ajudar este ou aquele lado, mas porque o autor acha que devem ser feitas, exclusivamente em benefício do interesse público, não peço a ninguém para concordar com elas, mas para que as respeitem.

Apresente-se argumentos contrários, discorde-se delas o quanto se quiser discordar, mas sem tentar criminalizar ou fazer suposições sobre seu autor sem apresentar motivos claros e insofismáveis.

Quando critico a mídia por ela sabotar e caluniar o governo Lula e o próprio, faço isso porque percebo claramente que ela faz o que faz não no interesse da sociedade, mas do PSDB, do PFL, da Fiesp, em suma, da elite que suga o sangue do povo para manter-se gorda como uma baleia, concentrando injustamente muito mais do que o excessivo em detrimento de legiões de brasileiros que tem muito menos do que o insuficiente.

Ao contrário do que dizem mercenários espalhados pela internet por grupos políticos, que andaram me contando que são ligados ao PFL – agora travestido como “Democratas” – do ex-senador catarinense Jorge Bornhausen, eu não estou aqui para defender ou criticar incondicionalmente ninguém. Minhas defesas e críticas são em prol de projetos e ações macro.

Se o atual governo sair da linha mínima de atuação que dele exijo, vou pra cima dele com minhas críticas, porém sempre cuidando de fundamentá-las com fatos incontestáveis. Se o governo Serra começasse a funcionar direito, se a polícia paulista fosse moralizada, se os investimentos sociais fossem feitos, eu apoiaria Serra nem que ele fosse filho de Pinochet.

O que quero pedir aqui, portanto, é que não passemos a demonizar todo aquele que vier a criticar os políticos que apoiamos simplesmente porque está criticando. Há que analisar, antes da propriedade da crítica, se ela é feita com segundas intenções. Não vejo essas intenções nas críticas do PH, por mais que eu não concorde com elas.


Fonte: Cidadania.com

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