Em primeiro lugar, quero deixar claro que não estou plenamente de acordo com as críticas de PH ao governo Lula e ao seu titular, mas não posso deixar de manifestar meu desagrado com o patrulhamento de que o jornalista tem sido alvo.
Até onde sei, não há lei que proíba críticas a Lula, a Serra ou a qualquer outro político, partido ou ideologia. Contanto que as críticas não sejam malandras, feitas a uns para prejudicar outros, toda crítica que se fizer àqueles ou àquilo que diga respeito ao interesse público deve ser encarada com serenidade e, sobretudo, ouvida.
Acompanhei a trajetória de Paulo Henrique Amorim e nunca vi o jornalista metido em negociatas ou fazendo jogo de grupos políticos. Quando PH criticava com força os que pretendiam sabotar o governo Lula e até derrubá-lo, não vi os que hoje o criticam questionando se ele dizia o que dizia porque, à exemplo de outros colegas de profissão, tinha interesses condizentes com os dos que “defendia” ou conflitantes com os dos que criticava.
Para falar a verdade, a postura do PH hoje é uma das que mais se aproximam, em meu conceito, do jornalismo apartidário que eu gostaria de ver no Brasil. Com efeito, a formação do terceiro maior grupo de telefonia deve receber todos os ataques e defesas que se possa fazer, pois diz respeito a cada um de nós. Tragédia seria não sabermos de todos os prós e contras de um negócio envolvendo o interesse de todos os cidadãos.
Particularmente, reitero, pela milionézima vez, que apóio o governo Lula. Nunca escondi isso e isso não faz de mim um partidário. Sou um cidadão maior de idade, vacinado e com título de eleitor, o que me habilita a apoiar o grupo político que eu quiser.
Dito isso, todas as críticas mais profundas e sem aparente viés político que eu puder conhecer sobre aqueles que apóio, quero conhecer. Até para saber se devo continuar apoiando. O que não gosto no jornalismo da grande mídia são as críticas malandras, superficiais, fáceis, com óbvio viés político, como as que faz a “instituição” que PH batizou como PIG (Partido da Imprensa Golpista).
Quero saudar, pois, um jornalista que critica com igual ímpeto o Lula, o Serra, a Heloísa Helena, a esquerda, a direita, enfim, a situação e a oposição. E sabem por que? Porque não são anjos. Todos certamente cometem erros e têm contra si o que criticarmos.
Claro que eu tenho me furtado a criticar no governo Lula o que há para criticar porque esse governo passou a sofrer sabotagem da mídia desde o primeiro minuto de sua existência. Assim, penso que criticar o governo num momento em que não querem deixá-lo trabalhar é agir contra meus próprios interesses de cidadão, pois, para mim, se o governo der certo, tanto melhor.
Nesse aspecto, penso que PH está contribuindo para um processo espúrio. Contudo, está amparado num direito constitucional, num direito humano, o de livre expressão do pensamento. Não sendo críticas feitas para ajudar este ou aquele lado, mas porque o autor acha que devem ser feitas, exclusivamente em benefício do interesse público, não peço a ninguém para concordar com elas, mas para que as respeitem.
Apresente-se argumentos contrários, discorde-se delas o quanto se quiser discordar, mas sem tentar criminalizar ou fazer suposições sobre seu autor sem apresentar motivos claros e insofismáveis.
Quando critico a mídia por ela sabotar e caluniar o governo Lula e o próprio, faço isso porque percebo claramente que ela faz o que faz não no interesse da sociedade, mas do PSDB, do PFL, da Fiesp, em suma, da elite que suga o sangue do povo para manter-se gorda como uma baleia, concentrando injustamente muito mais do que o excessivo em detrimento de legiões de brasileiros que tem muito menos do que o insuficiente.
Ao contrário do que dizem mercenários espalhados pela internet por grupos políticos, que andaram me contando que são ligados ao PFL – agora travestido como “Democratas” – do ex-senador catarinense Jorge Bornhausen, eu não estou aqui para defender ou criticar incondicionalmente ninguém. Minhas defesas e críticas são em prol de projetos e ações macro.
Se o atual governo sair da linha mínima de atuação que dele exijo, vou pra cima dele com minhas críticas, porém sempre cuidando de fundamentá-las com fatos incontestáveis. Se o governo Serra começasse a funcionar direito, se a polícia paulista fosse moralizada, se os investimentos sociais fossem feitos, eu apoiaria Serra nem que ele fosse filho de Pinochet.
O que quero pedir aqui, portanto, é que não passemos a demonizar todo aquele que vier a criticar os políticos que apoiamos simplesmente porque está criticando. Há que analisar, antes da propriedade da crítica, se ela é feita com segundas intenções. Não vejo essas intenções nas críticas do PH, por mais que eu não concorde com elas.
Fonte: Cidadania.com
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