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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Livro de Amaury Junior desnuda a relação de Dantas com Serra, revela a ligação entre os dois e mais a IRMÃ de Dantas, a FILHA do ex-governador e o próprio GENRO. A bomba explodiu no seu colo.

Helio Fernandes

Um grande amigo, escritor, memorialista, com enorme arquivo, e mais do que tudo, independente, revendo papéis, encontrou um correio eletrônico de Paulo Henrique Amorim. Dizia que recebera do jornalista Amaury Ribeiro Junior a introdução do livro que iria lançar, “Os Porões da Privataria”.
(Interrupção para atualização. Essa mensagem foi enviada no final de setembro, alguns dias antes da eleição. Amaury não lançou o livro, encontrou dificuldades (chamemos de impecilhos). A eleição passou, mas o próprio Amaury considerou importantíssimo publicar o livro, mesmo depois da eleição e da derrota de Serra);
Continuando. O livro incluiria muita coisa apurada e comprovada por Amaury, e como sairia antes do primeiro turno (sem saber se haveria o segundo), derrubaria anda mais o ex-governador de São Paulo. Derrubaria seus votos, a empáfia e a incompetência travestida de experiência.
Amaury é repórter glorificado, começou no Globo, se aprofundou na IstoÉ com uma série de reportagens sobre a PRIVATIZAÇÃO do Banestado, um dos grandes escândalos da época. “Os Porões da Privataria”, é um trabalho de 10 anos, mesmo saindo agora, depois da eleição, fará tremendo estrago, e deixará muita gente de sobreaviso, com o lembrete: “Não posso esquecer de comprar esse livro”. (Mostraremos aqui quando estiver para sair).
Não são documentos surgidos com espionagem, como crer fazer crer o PIG (Partido da Imprensa Golpista, royalties para Paulo Henrique Amorim), na sua feroz defesa de Serra. São documentos oficiais, recolhidos em minucioso trabalho.
Deus protege quem trabalha. Uma parte muito grande da documentação, Amaury Ribeiro Jr. obteve por ter sofrido um processo, digamos logo, que ganhou na Justiça. Ricardo Sérgio de Oliveira, a grande potência do Banco do Brasil, processou-o. Amaury ganhou a exceção da verdade, um processo onde estavam muitos documentos chegou ao seu conhecimento.
Esse processo foi mandado à Justiça pelo notável e extraordinário tucano Antero Paes e Barros e pelo relator da CPI do Banestado, o petista também merecedor de elogios, José Mentor.
Amaury mostra pela primeira vez a prova concreta de COMO, QUANDO, QUANTO e ONDE Ricardo Sérgio recebeu pela PRIVATIZAÇÃO.
Meus parabéns a Amaury Ribeiro Jr. pela coleção de documentos. Durante os 8 anos do RETROCESSO, da DOAÇÃO e da TRAIÇÃO de FHC (e de Serra), escrevi muito sobre o assunto e o ENRIQUECIMENTO dos membros dessa Comissão de DESESTATIZAÇÃO. Obtive documentos, mas apenas, digamos, 10 por cento do que Amaury obteve.
Nos últimos dois meses, muitos comentaristas deste blog me enviaram mensagens, pedindo que eu abordasse o assunto de “Os Porões da Privataria”. Assim, como homenagem a Amaury Junior e  ao jornalismo de investigação, publico a seguir a introdução do livro dele, que circula na internet. Não sei quando sairá o livro (e acho que nem ele sabe). Mas vamos colocá-lo no AUGE antes mesmo da publicação. É preciso que todos os blogs da internet o divulguem.
***
OS PORÕES DA PRIVATARIA
Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do País, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três de seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, têm o que explicar ao Brasil.
Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marin Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marin. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como Marin é conhecido, precisa explicar onde obteve US$3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos de 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra, e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil…
Atrás da máxima “siga o dinheiro!”, Ribeiro Jr perseguiu o caminho de ida e volta dos valores movimentados por políticos e empresários entre o Brasil e os paraísos fiscais do Caribe, mais especificamente as Ilhas Virgens Britânicas, descoberta por Cristóvão Colombo em 1493 e por muitos brasileiros espertos depois disso. Nestas ilhas, uma empresa equivale a uma caixa postal, as contas bancárias ocultam o nome do titular e a população de pessoas jurídicas é maior do que a de pessoas de carne e osso. Não é por acaso que todo dinheiro de origem suspeita busca refúgio nos paraísos fiscais, onde também são purificados os recursos do narcotráfico, do contrabando, do tráfico de mulheres, do terrorismo e da corrupção.
A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República, mescla uma atuação no Brasil e no exterior. Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista, nomeado quando Serra era secretário de Planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$448 milhões(1) para irrisórios R$4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC. (Ricardo Sérgio é aquele do “estamos no limite da irresponsabilidade. Se der m…”, o momento Péricles de Atenas do Governo do Farol – PHA)
Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (2).
O que é mais inexplicável, segundo o autor, é que o primo de Serra, imerso em dívidas, tenha depositado US$3,2 milhões no exterior por meio da chamada conta Beacon Hill, no banco JP Morgan Chase, em Nova Iorque. É o que revelam documentos inéditos obtidos dos registros da própria Beacon Hill em poder de Ribeiro Jr. E mais importante ainda é que a bolada tenha beneficiado a Franton Interprises. Coincidentemente, a mesma empresa que recebeu depósitos do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, de seu sócio Ronaldo de Souza e da empresa de ambos, a Consultatun. A Franton, segundo Ribeiro, pertence a Ricardo Sérgio.
A documentação da Beacon Hill levantada pelo repórter investigativo radiografa uma notável movimentação bancária nos Estados Unidos realizada pelo primo supostamente arruinado do ex-governador. Os comprovantes detalham que a dinheirama depositada pelo parente do candidato tucano à Presidência na Franton oscila de US$17 mil (3 de outubro de 2001) até US$375 mil (10 de outubro de 2002). Os lançamentos presentes na base de dados da Beacon Hill se referem a três anos. E indicam que Preciado lidou com enormes somas em dois anos eleitorais – 1998 e 2002 – e em outro pré-eleitoral – 2001. Seu período mais prolífico foi 2002, quando o primo disputou a Presidência contra Lula. A soma depositada bateu em US$1,5 milhão.
O maior depósito do endividado primo de Serra na Beacon Hill, porém, ocorreu em 25 de setembro de 2001. Foi quando destinou à offshore Rigler o montante de US$404 mil. A Rigler, aberta no Uruguai, outro paraíso fiscal, pertenceria ao doleiro carioca Dario Messer, figurinha fácil desse universo de transações subterrâneas. Na operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, desfechada no ano passado, o Ministério Público Federal apontou Messer como um dos autores do ilusionismo financeiro que movimentou, por intermédio de contas no exterior, US$20 milhões derivados de fraudes praticadas por três empresários em licitações do Ministério da Saúde.
O esquema Beacon Hill enredou vários famosos, dentre eles o banqueiro Daniel Dantas. Investigada no Brasil e nos Estados Unidos, a Beacon Hill foi condenada pela justiça norte-americana, em 2004, por operar contra a lei.
Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do País para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br, em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC.
Financiada pelo Banco Opportunity, de Dantas, a empresa possui capital de US$5 milhões. Logo se transfere com o nome Decidir International Limited para o escritório do Ctco Building, em Road Town, ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. A Decidir do Caribe consegue trazer todo o ervanário para o Brasil ao comprar R$10 milhões em ações da Decidir do Brasil.com.br, que funciona no escritório da própria Verônica Serra, vice-presidente da empresa. Como se percebe, todas as empresas têm o mesmo nome. É o que Ribeiro Jr. apelida de “empresas-camaleão”. No jogo de gato e rato com quem estiver interessado em saber, de fato, o que as empresas representam e praticam é preciso apagar as pegadas. É uma das dissimulações mais corriqueiras detectada na investigação.
Não é outro o estratagema seguido pelo marido de Verônica, o empresário Alexandre Bourgeois. O genro de Serra abre a Iconexa Inc no mesmo escritório do Ctco Building, nas Ilhas Virgens Britânicas, que interna dinheiro no Brasil ao investir R$7,5 milhões em ações da Superbird.com.br que depois muda de nome para Iconexa S.A. Cria também a Vex capital no Ctco Building, enquanto Verônica passa a movimentar a Oltec Management no mesmo paraíso fiscal. “São empresas-ônibus”, na expressão de Ribeiro Jr., ou seja, levam dinheiro de um lado para o outro.
De modo geral, as offshores cumprem o papel de justificar perante ao Banco Central e à Receita Federal a entrada de capital estrangeiro por meio da aquisição de cotas de outras empresas, geralmente de capital fechado, abertas no País. Muitas vezes, as offshores compram ações de empresas brasileiras em operações casadas na Bolsa de Valores. São frequentemente operações simuladas tendo como finalidade única internar dinheiro nas quais os procuradores dessas offshores acabam comprando ações de suas próprias empresas… Em outras ocasiões, a entrada de capital acontecia pelos sucessivos aumentos de capital da empresa brasileira pela sócia cotista no Caribe, maneira de obter do BC a autorização de aporte do capital no Brasil. Um emprego alternativo das offshores é usá-las para adquirir imóveis no País.
Depois de manusear centenas de documentos, Ribeiro Jr. observa que Ricardo Sérgio, o pivô das privatizações – que articulou os consórcios usando o dinheiro do BB e do fundo de previdência dos funcionários do banco, a Previ, “no limite da irresponsabilidade”, conforme foi gravado no famoso “Grampo do BNDES” –, foi o pioneiro nas aventuras caribenhas entre o alto tucanato. Abriu a trilha rumo às offshores e às contas sigilosas da América Central ainda nos anos de 1980. Fundou a offshore Andover, que depositaria dinheiro na Westchester, em São Paulo, que também lhe pertenceria…
Ribeiro Jr. promete outras revelações. Uma delas diz respeito a um dos maiores empresários brasileiros, suspeito de pagar propina durante o leilão das estatais, o que sempre desmentiu. Agora, porém, existe evidência, também obtida na conta Beacon Hill, do pagamento da US$410 mil por parte da empresa offshore Infinity Trading, pertencente ao empresário, à Franton Interprises, ligada a Ricardo Sérgio.
(1) A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo-se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$3,2 por um dólar.
(2) As empresas arrematadas foram a Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco.
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PS – Aqui termina o resumo-introdução do livro de Amaury. Mas ficou tanta coisa, tanta nota para comentar, que irei usando. Para deixar o livro sendo lembrado até sair.
PS2 – Se tiverem qualquer dúvida em relação a operações off shore, consultem Eike Batista, mestre no assunto. Sua espantosa fortuna foi feita com INFORMAÇÕES MINERAIS do pai, Eliezer, e operações off shore.
PS3 – Perda de tempo procurar bens de pessoas ligadas a Serra e Dantas. Monica Serra, Verônica Dantas, Borgeois, Mendonça de Barros e TODOS os que integraram a Comissão de DESESTATIZAÇÃO,  não têm BENS aqui, declarados à RECEITA.

Fonte da postagem: Tribuna da Imprensa

sábado, 30 de outubro de 2010

Dom Angelico Sandalo afirma que tema do aborto foi usado para tirar distribuição de renda do debate eleitoral

Dom Angelico Sandalo foi bispo de Blumenau durante 9 anos. Exatamente hoje, 30 de outubro, ele está deixando a Diocese para assumir a Sub-Comissão Pró-Bispos da CNBB. Ele reafirmou que os católicos podem votar em Dilma Rousseff ou José Serra, não existindo, por parte da Igreja, qualquer tipo de veto a candidato ou partido. Para ele, é desonesto fazer o Papa de cabo eleitoral, por causa da declaração dele sobre aborto. O Papa já criticou outros temas como uso da propriedade e riqueza. “Não cabe a nós, bispos, apontar ou proibir determinado partido ou candidato, devemos deixar para a maturidade do eleitor a responsabilidade pela eleição”.

"O aborto é bandeira que a Igreja levanta no mundo todo, e a Igreja realmente é contra. Não há novidade nenhuma nisso e no fato de que nós devemos sempre orientar os fieis. Além dos mais, temos outros princípios morais, de justiça e ética a respeito da pobreza, do uso da propriedade, da riqueza que se acumula nas mãos de poucos, da miséria, da guerra, da corrida armamentista, enfim, de tudo que fere a dignidade humana. O leque é muito vasto. Mas resolveram só falar do aborto”, condena o religioso.

Na opinião de dom Angélico, Bento XVI estava apenas cumprindo protocolo da doutrina social da Igreja, sem intenções de manipular as eleições presidenciais no Brasil. Ele afirma que a responsabilidade episcopal é muito vasta e, ao receber visitas, Bento XVI tem falado de muitos assuntos, como o acúmulo de riqueza e a exploração de menores. Os “polemizadores do aborto” na verdade não querem é debater a distribuição de renda no Brasil.
 
Extraído do blog Oldack Miranda
 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Carta de Theotonio Dos Santos a FHC

“Carta Aberta a Fernado Henrique Cardoso
Theotonio dos Santos

Meu caro Fernando,
Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960.
A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete comtudo este debate teórico. Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação.
Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000).
 nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.
O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartilhar com você… Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.
No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos. TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização, O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese?
Conclusões: O plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999.
Segundo mito; Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.
E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. Um governo que chegou a pagar 50% ao ano de juros por seus títulos para, em seguida, depositar os investimentos vindos do exterior em moeda forte a juros nominais de 3 a 4%, não pode fugir do fato de que criou uma dívida colossal só para atrair capitais do exterior para cobrir os déficits comerciais colossais gerados por uma moeda sobrevalorizada que impedia a exportação, agravada ainda mais pelos juros absurdos que pagava para cobrir o déficit que gerava.
Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou dráticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. Vergonha, Fernando. Muita vergonha. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identificar com o seu governo…te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.
Terceiro mito – Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição ns 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem nenhuma garantia.
Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em conseqüência deste fracasso colossal de sua política macro-econômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já copado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações. A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa.
Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar… Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou para este país.
Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso fazê-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional. Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente.
Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o vedadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora.
Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a freqüentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.”
Com a melhor disposição possível mas com amor à verdade, me despeço

(*) Theotonio Dos Santos é Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre economia global e desenvolvimentos sustentável. Professor visitante nacional sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A carta do mineiro aposentado Carlos Moura dirigida ao jornalista Ricardo Noblat

A carta do mineiro aposentado Carlos Moura dirigida ao jornalista Ricardo Noblat está no Conversa Afiada, no Tijolaço, no Escrevinhador e, a essa altura, em toda a blogosfera livre. Uma linda carta de um brasileiro que repudia agressão gratuita ao presidente Lula. Merece ser lida.

Noblat

Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?

Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria, jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica.

Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos. Frequentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.

Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho.

Minha origem é tipicamente “brasileira”, da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.

O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical.

Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior rede de TV do país – não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um feudo começa a dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.

O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho.

O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita (“esqueçam o que eu escrevi”, “ tenho um pé na senzala” “o resultado foi um trabalho de Deus”). O que vale é a forma, o estilo envernizado.

As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca.

A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, “manchetar” a “queda” de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53) ficou impossível falar com candura.

Ao operário no poder vocês exigem a “liturgia” do cargo. Ao togado basta o cinismo.

Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História. E ainda querem que, no final de mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.

Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a “matança de criancinhas”, enfiando o manto de Herodes em Dilma.

Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é “acadêmica”.

A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.

Você não vai “decidir” que Lula ficou menor, não.

A História não está sendo mais escrita só por essa súcia de jornais e televisões à qual você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça, sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado, a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.

Carlos Torres Moura
Além Paraíba-MG

sábado, 22 de maio de 2010

Vaticano lava mais branco. O papa Ratzinger terá desagradável surpresa por carta rogatória

–1. O papa Joseph Ratzinger, na próxima semana, deverá sentir odor de dinheiro sujo, ao tomar contato com uma carta rogatória que será enviada ao estado do Vaticano. Acostumado ao odor de santidade emanados dos altares, Ratzinger poderá ter náuseas.

A rogatória será expedida pelo estado italiano, por solicitação de magistrados do Ministério Público de Perúgia. Ratzinger, talvez, se assuste com a volta, para o Vaticano, dos fantasmas de Roberto Calvi e Michelle Sindona, conhecidos como banqueiros de Deus e da Máfia.

Não foi sem causa ter Ratzinger dito, no domingo passado (16/5/2010), que “o pecado na Igreja é o verdadeiro inimigo a se combater”.

Como se percebe, Ratzinger vive tempos difíceis. No domingo passado, contou com o apoio de 200 mil fiéis, na na praça de São Pedro. Tratatou-se de uma rede de solidariedade diante das suspeitas de ter Ratzinger, para evitar escândalos a macular a Igreja, se omitido diante de casos de clérigo pedófilos.

–2. A primiera carta rogatória cuida de (1) lavagem de dinheiro sujo por meio de instituições religiosas e (2) de movimentações em contas-correntes no banco do Vaticano, conhecido por “Istituto per Le Opere Religione” (IOR), nascido após o escândalo do banco Ambrosiano, onde pontificaram os supracitados Roberto Calvi e Michelle Sindona.

–3. Na mira dos magistrados de Perúgia estão a ‘Congregazione Missionari del Preziossimo Sangue di Gesù’ e a ‘Propaganda Fide’, esta fundada em 1622 para cuidar da evangelização dos povos. A ‘Porpaganda Fide’ detém um patrimônio imobiliário no centro histórico de Roma avaliado em 9 bilhões de euros.

Da rogatória poderão constar, também, pedidos de quebras de segredos bancários dos monsenhores Francesco Camaldo e de Evaldo Biasini, respectivamente com 60 e 83 anos de idade.

–4. Os magistrados de Perúgia investigam concessões de obras e serviços públicos a favorecer uma “cricca” (bando) comandada pelo construtor Diego Anemone e pelo engenheiro Angelo Balducci, correntista do IOR, membro leigo da ‘Propaganda Fide’ e ex-presidente do Conselho Superior de Obras Públicas da Itália. Segundo as investigações, a Construtora Anemone já restaurou imóveis da ‘Propaganda Fide’, além de reformas de igrejas.

Parêntese: Balducci, há quase dez anos, é o responsável pelas obras públicas. Ele é sempre mantido no posto, quer seja o governo de esquerda ou de direita. Em Florença, Balucci é alvo da magistratura, por superfaturamento em obras dedicadas à construção da Scuola dei Marescialli.

–5. Em troca de favores, a Construtora Anemone (dois irmãos são sócios), por prestanomes, trocava concessão de obras públicas por apartamentos de luxo ou feituras de via reformas estruturais e decorativas.

Segundo os magistrados de Perúgia, os beneficiários seriam políticos, prelados e altos funcionários públicos, como, por exemplo, o general Francesco Pitorru, carabineiro lotado no serviço secreto e que levou dois apartamentos, e Ercole Incalca, o homem forte do ministério da Infraestrutura.

–6. Diego Anemone, o mais exposto dos irmãos, também cuidava de prestar favores sexuais. Estes eram prestados nas magníficas e luxuosas instalações do Salaria Sport Village, um centro de relaxamento pertencente a Anemone, com duas brasileiras no quadro de empregados: Monica da Silva Medeiros, fisioterapeuta, e a promoter Regina Profeta.

–7. O monsenhor Camaldo goza de prestígio na alta sociedade italiana, tem blog, facebook e recita orações no You Tube. Camaldo, em função religiosa, é quem coloca o solidéu na cabeça de Ratzinger, estica-lhe os paramentos e segura o microfone. Como escriturário, Camaldo participa do secreto conclave de eleição do papa e elabora a ata.

Para Laid Hidri Fathi, motorista tunisiano do construtor, Camaldo abriu as portas do Vaticano para a dupla Anemone e Balducci. Sem saber que estava na mira das investigações, Camaldo, quando da prisão preventiva de Balducci, deu declarações à imprensa: “ É uma pessoa de absoluta transparência moral, conhecida e estimada no Vaticano”.

–8. O monsenhor Biasini, responsável pela direção financeira da Congregazione Missionari del Preziossimo Sangue di Gesù, fez dela, como confessou, um caixa 2 da construtora de Anemone.

Por meio de um esquema de corrupção, a construtora foi contemplada com as obras públicas destinadas aos encontros do G8 na ilha Maddalena (Sardenha-2009), ao Mundial de natação (Roma-2009) e às futuras comemorações dos 150 anos de Unificação da Itália (2011).

Anemone desembolsou 900 mil euros para completar a compra de um luxuoso apartamento, com vista para o Coliseu. Os 900 mil euros saíram do caixa2 gerenciado pelo monsenhor Biasini.

O contemplado com o apartamento foi o ministro Claudio Scajola, da pasta de Obras Públicas e que só pagou parte do preço final estabelecido em 1,7 milhão de euros: teria pago do seu bolso apenas 1/3 do preço final.

O apartamento pertencia às irmãs Beatrice e Barbara Papa, que provaram ter recebido, à vista, 1,7 milhões de euros.

A escritura de compra e venda foi passada em nome de Scajola, por valor inferior a 660 mil euros.

O arquiteto Angelo Zampolini, da “gang” de Anemone, fez a entrega de 80 cheques distintos às vendedoras, no total de 900 mil euros. Ou seja, para despistar, Zampolini trocou, no Deutche Bank, os 900 mil euros, tirados do caixa2 do monsenhor Biasini, por 80 cheques ao portador.

Sem ter o que dizer, Scajola pediu demissão do ministério. Ele se recusa a dar declarações à imprensa. O argumento que usa, com a maior cara de pau, sem corar, é que o processo corre em segredo de Justiça e, por isso, não pode dizer nada.

–9. Um novo filão de apurações começará em breve, segundo vazado da procuradoria de Perúgia. Trata-se de suspeita de roubalheira no Ano Jubilar, onde o Estado italiano e a Igreja mantiveram parceria.

O jubileu, também chamado Ano Santo, é uma festa da Igreja católica dedicada à remissão dos pecados.

Muitos passam pela Porta Santa da basílica de São Pedro e acreditam ter deixado os pecados na soleira.

A cada 25 anos são abertas as quatro portas santas existentes. Essas portas ficam nas quatro basílicas subordinadas ao papa, que o vigário de Roma : San Pietro, San Giovanni in Laterano, San Paolo fuoti mura e Santa Maria Maggire.

O último ano jubilar ocorreu em 2000, quando Carol Wojtyla era o papa.
Como todos os milagres estavam perdoados, muita gente, consoante desconfiam os magistrados do ministério Público, “roubou” nas construções e nas atividades voltadas às preparações da cidade de Roma para as festas e às recepções dos fiéis e turistas.

Os membros da magistratura do ministério público de Perúgia, a partir de superfaturamentos, começaram a puxar um fio, que vai alcançar o período jubilar de 2000.

Wálter Fanganiello Maierovitch


quinta-feira, 13 de maio de 2010

“Biruta de aeroporto”









Disse bem o presidente Lula quando afirmou que pelo menos agora o candidato tucano à Presidência começa a descobrir como fato tudo que sempre teimou em contradizer – ele, seu partido, seus jornais, suas rádios, suas tevês, suas revistas e seus portais de internet.

Vejam só o esculacho ingrato que o tucano Serra deu na tucanérrima Miriam Leitão na CBN só porque ela, pensando que iria agradá-lo, falou no grande fetiche tucano dos anos 1990 até 2002, aquela tara de tornar o Banco Central “independente”.

Quem se lembra de que, em 2002, a mídia e a tucanada, liderados por FHC e pelo então ministro da Fazenda, Pedro Malan, queriam votar uma lei para que o Banco Central fosse independente do próximo presidente da República?

Como a vitória de Lula já se configurava irreversível, os neoliberais quiseram perpetuar suas taras por juros de até 45% e impedir Lula, o então provável novo presidente, de fazer a própria política monetária.

Uma dica para a campanha de Dilma para quando Serra, esse monstro sagrado do caradurismo, vier com essa conversa mole: levante os jornais e consiga todas as provas necessárias para desmascarar esses que hoje estão fazendo coro contra o Banco Central.

Na verdade, a campanha o eleitoral que se avizinha será uma chance de ouro de se mostrar como Serra e sua mídia mentem descaradamente. A mídia pregava Banco Central independente trinta vezes por dia e, agora que Serra mudou o discurso, vem atacar o BC.

Então ficamos assim, campanha da Dilma: pelo amor de Deus, gaste tempo levantando os editoriais e colunas dessa turma antes de Lula chegar ao poder. É um manancial inesgotável de provas de como essa gente é mentirosa e cara-de-pau.

Agora, convenhamos: tem apelido melhor para Serra que “biruta de aeroporto”?
 
Por Eduardo Guimarães

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Os demônios descem do norte

Os movimentos autônomos de cunho religioso, notadamente os de cunho pentecostal e neopentecostal surgidos nos EUA desde meados do século XIX até a atualidade, são subprodutos de um capitalismo que necessitava de uma base ideológica para se sustentar em seus desatinos de exploração e criação de subsistemas para alimentar os mecanismos de dominação ideológica e manutenção de poderes da matriz do grande capital - os Estados Unidos.

Na década de 70 praticamente todos os paises da América Latina estavam sob o domínio de sanguinárias ditaduras militares, cuja ideologia de cunho fascista era a resposta política à ameaça da Revolução Cubana que pretendia se expandir para outros países do subcontinente.

Era o tempo da Teologia da Libertação, que, com seu viés ideológico de matriz marxista, contribuiu de forma efetiva para a organização dos trabalhadores e dos camponeses em sindicatos e movimentos agrários que restaram depois na criação do PT e do Movimento dos Sem-Terra (MST).

A ação dessas alas da Igreja Católica era uma ameaça aos planos dos militares voltados para a manutenção dos interesses americanos no Brasil, seguindo a ideologia do capitalismo americano, intervencionista e excludente, que pretendia manter o subcontinente longe das ameaças de Fidel Castro e de sua luta de comunização da América Latina.

Entra em cena a CIA e a facilitação da implantação das seitas eletrônicas americanas em terras latino americanas como uma reação ao “perigo” que representava a Teologia da Libertação e a organização popular que os padres e bispos que seguiam esse movimento teológico promoviam, por meio das CEBs, do sindicalismo e da organização dos trabalhadores rurais.

A resposta americana foi a facilitação e mesmo o financiamento das seitas evangélicas copiadas do modelo americano, forjados pelos pastores eletrônicos que além de manterem multidões alienadas propagavam a ideologia do ocidente cristão contra o demônio do comunismo soviético.

Isso caiu como uma luva nos interesses dos generais brasileiros e vemos aí a expansão das seitas como Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Quadrangular, Renascer em Cristo e outras seitas, nitidamente cópias das similares americanas que buscavam o enriquecimento de seus líderes e a desarticulação de toda a organização popular trazida pela Teologia da Libertação.

Porém, da Teologia da Libertação nasceram o PT (o antigo, ideológico, não-fisiologista), os movimentos camponeses de luta pela terra, as pastorais como a da Criança e várias outras organizações populares que acabaram por derrotar os generais e implantar o Estado de Direito no Brasil. Enquanto as seitas, livres da “missão” de ser freio à expansão “comunista”, enveredaram pelo caminho da corrupção de suas lideranças e pelo enriquecimento ilícito e estelionatário de seus lideres mais famosos.

Portanto, é fácil entender a expansão dessas e de outras seitas evangélicas neopentecostais no Brasil, é fácil perceber que de Deus isso tem muito pouco e tem muito de reprodução do pior do capitalismo, aquele que só sobrevive da exploração financeira das pessoas em detrimento do enriquecimento de uma classe dominante que aqui podemos chamar a Burguesia dos Pastores Eletrônicos às custas da classe operária evangélica, tão ironicamente chamada nessas mesmas igrejas de “obreiros” e “fiéis”.

Você se percebe nesta trama?

Para quem quiser saber mais sobre essa análise conjuntural eu recomendo um livro muito interessante com o título: "Os demônios descem do norte" (foto), adaptação da Tese de Doutorado em Sociologia de Delcio Monteiro de Lima.



quinta-feira, 1 de abril de 2010

Páscoa: a festa da vida e da libertação

O CHAMADO – Nº 44 – 27/03/2010

A celebração da Páscoa como a conhecemos atualmente tem as suas origens em tempos muito remotos. É o resultado da confluência de duas grandes culturas da humanidade: a cultura agrária e a cultura de criadores. Segundo Momolina Marconi no seu livro Prelúdio à história das religiões (Paulus, 2008), há pelo menos uma centena de milênios, no tempo em que não havia nem pás e nem enxadas, os nossos ancestrais eram apenas coletores de folhas e de frutos. Por essa razão a sobrevivência se tornava um verdadeiro drama, especialmente no hemisfério norte onde o inverno era muito rígido e as plantas ficavam desprovidas de folhas e de frutos.
A chegada da primavera significava para esses agrupamentos humanos uma verdadeira festa. As folhas voltavam, as flores brotavam e a esperança de bons e saborosos frutos enchia a todos de muita alegria. Por essa razão os povos daquela época costumavam fazer uma grande festa para oferecer aos deuses, num verdadeiro gesto ritualizado, num cerimonial refinado, as primeiras folhas e, mais tarde, os primeiros frutos. Mais recentemente, no período conhecido por Neolítico, que começa por volta de 10 mil a.C. e se estende até 4.500 anos a.C, o ser humano começa a se fixar na terra. E, além da coleta de vegetais, passa a domesticar e criar animais (cabras e ovelhas) para a sua alimentação.
Ao se fixar na terra ele consolida a agricultura, que no hemisfério norte era formada basicamente do cultivo de trigo e cevada. Neste momento acontece o outro elemento cultural significativo que irá estar na origem da festa da Páscoa. Agricultores e criadores “oferecem as primícias de rebanhos ou de plantações à divindade, a quem, afinal, tudo pertence; a ela são oferecidos o primogênito – inclusive o primogênito humano – e o primeiro maço de espigas: um gesto de simbólico resgate, que deixa o homem livre para consumir o que foi tirado da natureza; e para que o homem não se esqueça – ai dele se isso acontecer! – de que o seu deus é o senhor invisível e temível de tudo” (Marconi, p. 44).
Por volta de 1700 a.C. grupos e tribos nômades da região conhecida então como Canaã, mais tarde Palestina, descem até o rio Nilo e ali se estabelecem aproveitando das águas e das terras férteis das margens do rio para a prática da agricultura e da criação. Mais tarde, por volta do ano 1550 a.C. outros clãs, ligados aos arameus, também fazem a mesma coisa e se estabelecem às margens do rio Nilo. Porém, no século XIII a.C. a XIX Dinastia que reinava no Egito decide a construção das cidades entrepostos conhecidas como Pitom e Ramsés (Êx 1,11), localizadas na parte oriental do delta do Nilo, com a finalidade de enfrentar a ameaça hitita e as revoltas da região de Canaã, que naquele período, estava sob o domínio egípcio. Para a construção utilizou-se da mão-de-obra desses povos nômades que haviam se estabelecido na região fértil do Nilo, submetendo-os a trabalhos forçados, em verdadeiro regime de escravidão (Êx 1,11).
Houve então uma revolta dessas tribos que se recusaram a continuar trabalhando em regime de escravidão. E, por volta do ano 1250 a.C., essa tribos deixam o Egito e voltam à vida nômade vagando por um período na região conhecida como deserto do Sinai, sob a pressão contínua do faraó do Egito (Êx 14,5-20). No período que vai de 1230 a 1220 a.C. essas tribos invadem Canaã pelo sul, eliminam ou expulsam os povos ali residentes (Êx 17,8-13), saqueiam e destroem cidades (Js 6), realizam alianças e colisões com grupos (Js 9–10) e se estabelecem definitivamente na terra, apossando-se dela. Ao se estabelecerem em Canaã as tribos restabelecem a agricultura e a criação de animais e voltam a oferecer à divindade os primeiros frutos da terra (Js 5,10-12).
Esse episódio da saída do Egito até o estabelecimento na terra de Canaã foi sendo narrado oralmente entre as tribos e aos poucos se torna conhecido como a saga do Êxodo liderada por Moisés que, chamado por Deus, guia essas tribos até a “terra prometida”, Mais tarde ele foi codificado na Bíblia judaica.
Com a finalidade de manter a própria unidade, a tradição religiosa das tribos estabelecidas em Canaã, instigadas por suas lideranças, decide por um culto monoteísta em torno do Deus de Israel (Js 24,14-28). Trata-se do mesmo e único Deus que, antes da descida para o Egito, era adorado por essas tribos que se proclamavam descendentes de Abraão, “pai de uma multidão de nações” (Gn 17,5). As tribos fixadas em Canaã, depois da saída do Egito, atribuem à vontade desse Deus o retorno para aquela terra. E usam desse critério para legitimar a invasão das terras e o massacre de tantos povos e para afirmar que esse Deus deu a elas a terra como “propriedade perene” (Gn 17,8).
Em razão disso decidem também relacionar a festa das primícias, celebrada na primeira lua cheia após a chegada das flores (entre final de março e a primeira metade de abril) à saga do Êxodo. E passam a chamar essa festa de Pesach, isto é, passagem, com a finalidade explícita de fazer memorial da saída do Egito. E estabelecem todo um rico ritual para essa celebração (Êx 12,1-27). Portanto, os primórdios da Páscoa remontam à festa das primícias celebrada bem antes da saga do Êxodo. Porém, foi a tradição dessas tribos, mais tarde denominada tradição hebraica ou israelita a dar esse significado de passagem reconhecendo um ato salvífico de Javé que fez o povo passar da escravidão para a libertação (Êx 12,26-27).
Jesus era um hebreu e desde criança celebrava a Páscoa com seus pais (Lc 2,41). Na véspera da sua morte celebra com seus discípulos todo o ritual pascal judaico (Mc 14,12-21). Porém, dá à celebração da ceia pascal hebraica uma dimensão nova. Introduz dentro do rito algo novo, inédito: o memorial de sua entrega pela humanidade (Mt 26,26-29). A partir daquele momento a ceia pascal passaria a ter um significado novo. Baseando-se no gesto de Jesus as primeiras comunidades cristãs passam a celebrar a Páscoa não mais como memorial da libertação do Êxodo, mas como memorial da morte e ressurreição do Senhor (1Cor 11,26). Entendem que em Jesus se dá a Páscoa definitiva, a passagem da morte para a vida, da escravidão para a liberdade. O próprio Jesus é a Páscoa, o próprio cordeiro pascal (1Cor 5,7). Por essa razão a celebração pascal, a ceia pascal cristã, não é apenas memória de algo acontecido, mas memorial, ou seja, atualização no aqui e agora da força libertadora da morte e ressurreição de Jesus.
É possível então concluir que apesar das manchas, como os sacrifícios humanos e os massacres das tribos que voltam para Canaã, a celebração da Páscoa é a celebração da vida e da libertação. Nós primórdios, celebração da vida que brota nos brotos das árvores, nas flores, e nos primeiros frutos. Na Páscoa judaica a celebração da libertação da canga da escravidão. Na Páscoa cristã o memorial da vitória de Jesus sobre a morte, o pecado e a injustiça.
Por essa razão podemos afirmar que não tem sentido celebrar a Páscoa se continuamos na escravidão, se permitimos que a injustiça impere, se permanecemos reféns do pecado. Por essa razão já o apóstolo Paulo convidava os membros das primeiras comunidades cristãs a viverem como pessoas ressuscitadas, rompendo com o “homem velho” para revestir-se do “homem novo” (Cl 3). Tal convite nasce da convicção de que Cristo já fez acontecer em nossas vidas a Páscoa definitiva, ou seja, essa passagem do velho para o novo: “ele nos ressuscitou e nos fez sentar nos céus em Jesus Cristo” (Ef 2,6). A Páscoa é ação já realizada nas nossas vidas pela potência da morte e ressurreição de Jesus. Em Cristo o Pai nos deu a vida e gratuitamente fomos salvos (Ef 2,5). Aliás, aqui está uma outra grande diferença da Páscoa cristã para as outras páscoas: o nosso Deus não exigiu sacrifícios, mas realizou tudo gratuitamente no Filho.
Diante de tudo isso permanece o desafio de celebrarmos a Páscoa de maneira plena, acreditando na força libertadora de Cristo e assumindo uma postura de pessoas ressuscitadas. Permanece o desafio de “fazer morrer” tudo aquilo que nega a Páscoa, a ressurreição, a vida, para abraçar atitudes e sentimentos que geram vida e vida em abundância (Cl 3,5-15). Sim, porque a Páscoa não é um ato mágico realizado por uma fada com sua varinha de condão, mas uma ação divina transformadora que depende da maneira como a acolhemos e vivemos. Haverá Páscoa quando nos dispusermos a cultivar novas relações, cientes de que neste mundo só existe um único Senhor, aquele que está nos céus (Cl 3,18-4,1).
E, infelizmente, ainda estamos muito distante desse espírito pascal. Bastaria um exemplo. Ao estudar o texto de Marconi, mencionado anteriormente, descobri que nos primórdios, muito antes da Páscoa judaica, havia no ritual da oferenda das primícias um lugar todo especial reservado à mulher, inclusive porque se acreditava que “só a mulher pudesse magicamente favorecer novas vidas” (p. 42). Hoje, na Páscoa cristã, a mulher está completamente relegada a um lugar secundário. Uma interpretação machista da Bíblia a colocou na pura e simples condição de dependente do homem, embora Paulo tenha afirmado claramente que na Páscoa de Jesus não há mais lugar para a discriminação da mulher (Gl 3,28-29). As Igrejas cristãs, salvo honrosas exceções, são machistas e discriminantes. As mulheres não ocupam cargos de direção e de poder, mesmo mais recentemente quando houve a "feminilização" das funções presbiterais e os presbitérios se encheram de gays e, tristemente, de pedófilos.
Diante do que vem acontecendo na Igreja, principalmente na Igreja Católica Romana, torna-se urgente resgatar a compreensão da Páscoa como a festa da vida e da libertação. Do contrário, tudo não passará de um teatro de péssima qualidade que as pessoas detestarão cada vez mais. Se a celebração da Páscoa não contribuir para arrancar as máscaras da Igreja só servirá para afastar ainda mais as pessoas dela mesma. De fato, hoje, como diz sabiamente Arturo Paoli, muitos “se afastam indignados de uma Igreja que dá provas de uma falta de sensibilidade tão elementar”. 

José Lisboa Moreira de Oliveira

Fonte: Blog lisboa-ochamado

terça-feira, 30 de março de 2010

Eu acredito em pesquisas

Muitos não acreditam em pesquisas, mas eu acredito. Afinal, o homem demorou milhões de anos para desenvolver a ciência estatística e não serei eu a negar que ela tem como analisar a freqüência de eventos de forma a estimar a ocorrência de fenômenos futuros como, por exemplo, o voto majoritário de grandes contingentes populacionais.

Os exemplos de acertos de pesquisas de intenção de voto são vastos, o que prova que é possível, a cada momento de uma campanha eleitoral, saber, quando se quer mesmo, o que sente e pretende o eleitor e entender as suas variações de humor e de disposição, bem como seu nível de conhecimento dos elementos que, em conjunto, levam-no para este ou para aquele lado.

Contudo, além de acreditar em pesquisas também acredito que elas podem – e que costumam – ser fraudadas, sobretudo quando quem o faz acredita que aqueles que pretende enganar não têm cérebro suficiente para perceber a manipulação. Ou seja: fraudar pesquisas é aposta na burrice, no comportamento de manada, enfim, na mediocridade humana.

Neste momento em particular, pois, vivemos uma situação bastante curiosa em relação às pesquisas. Só no que se fala é que são manipuladas. Nenhuma consegue passar incólume à metralhadora dos dois lados da grande disputa deste ano. Provavelmente, porque todos esses que as acusam estão certos.

Pelo menos é o que parece quando os diretores de dois famosos institutos de pesquisa fazem previsões sobre números que ainda não foram pesquisados, como é o caso de Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, ou de Marcos Coimbra, do Vox Populi.

Montenegro é o campeão dos tucanos por ter dito que Serra ia papar essa de lavada e que seus adversários estavam todos mortos. Já Coimbra, é o campeão dos petistas porque, apesar de não dizer o resultado da eleição, ao menos não diz que ela já acabou e que Dilma perdeu, chegando à ousadia de dizer que ela pode até vencer.

Antes que os petistas fiquem zangados comigo – no que teriam toda razão –, revelo que acho que um dos dois (Montenegro ou Coimbra) tem razão simplesmente porque um dos lados terá que vencer. E, em minha opinião, o dizer do diretor do Vox Populi é muito mais ponderado.

Tem-se, então, o seguinte quadro entre os institutos de pesquisa disponíveis:

Ibope – Ninguém mais acredita nele, nem os tucanos que o instituto pensa que pode beneficiar

Vox Populi – Petistas acreditam nele em peso e os tucanos não acreditam na mesma medida.

Sensus – Visto com desconfiança generalizada por ser ligado a políticos dos dois lados

Datafolha – Longo histórico de manipulações e ligado ao jornal mais serrista do Brasil

Coincidentemente, esses institutos vêm apresentando todos os mesmos números com pequenas variações, com exceção das recentes desafinadas do Ibope e com a considerável desafinada que imagino que nos próximos dias ficará demonstrado que o Datafolha deu.

Com esses institutos que estão aí, acho que fica um pouco mais difícil acreditar em pesquisas. Mas sabe-se que não podem subverter totalmente os princípios básicos da Estatística, os quais se prendem a nada mais, nada menos do que tendências. Estas, mais do que os números em si, podem ser observadas para entender o que se quer.

Olhar pesquisas isoladamente, dar credibilidade a um único instituto num momento em que um deles se presta a produzir pesquisa para embalar o lançamento de uma candidatura, é perder tempo. Mas, em meio às fraudes, sempre escapará um fio de verdade. Só que não necessariamente no ponto que aquela sondagem pretendeu focalizar.

No caso do último Datafolha, há contradições flagrantes no voto espontâneo e na saída de Ciro Gomes da disputa presidencial, saída que, no instituto de pesquisa da família Frias, praticamente não provoca oscilações.

O fato, enfim, é que quase toda a grande indústria estatística privada está caindo na tentação de se deixar usar como arma eleitoral, o que promete tornar a campanha à Presidência da República a mais confusa da história. Em 2010, portanto, o brasileiro enfrentará seu maior teste cívico.

Mas posso garantir uma coisa: mesmo estando tão difícil acreditar em pesquisas ultimamente, acredito gostosamente nelas. De uma forma ou de outra.

Eduardo Guimarães

Agência de Notícias do Sertão combate trabalho infantil no semiárido baiano

A CIPÓ – Comunicação Interativa projetou a Agência de Notícias do Sertão, preparando jovens para monitorar a mídia e políticas públicas de enfrentamento ao trabalho infantil na região do semiárido da Bahia. O projeto deu visibilidade à situação vulnerável de crianças e adolescentes submetidas ao trabalho infantil nas zonas urbana e rural de Feira de Santana, Valente, Conceição do Coité, Retirolândia. Eles se voltaram para as feiras livres e oficinas mecânicas.

Os jovens produziram pautas, textos, fotos e spots de rádio, além de participar de campanhas de mobilização contra a exploração da mão de obra infanto-juvenil. Também se tornaram referência com relação à temática em suas escolas e comunidades. Mesmo após o término do projeto alguns continuam atuando em rádios locais ou ingressaram na universidade.

A Agência de Notícias do Sertão foi desenvolvida em parceria com a Petrobras, via Fundo Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fecriança), Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CECA) e governo da Bahia através da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes).

Também contou com a parceria de organizações da sociedade civil como Pastoral da Juventude (PJ), Movimento de Organização Comunitária (MOC), Revollution Reggae, TV Comunitária TVJ e Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana (UNEF), além do Conselho Municipal dos Direitos da Criança do Adolescente (CMDCA) e do Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador (Fetipa) de Feira de Santana.
 
Fonte: Blog Bahia de Fato

Lula tem razão, a mídia acha que notícia é notícia ruim

O presidente Lula tem a mesma percepção que eu tenho. A imprensa brasileira continua achando, no geral, que notícia boa é notícia ruim, o caos, o desastre, o escândalo. Ontem à noite, tive o desprazer de ligar o noticiário da TV Band. Um horror. O jornalismo foi atrás das piores distorções na educação brasileira, provavelmente para se contrapor ao clima construtivo da Conferência Nacional da Educação. Mais uma vez tive que ver e ouvir que existem escolas de lata, de ferro, de palha, de barro batido. Nada sobre experiências inovadoras.


Sugestão de pauta para a Band. Na última quarta-feira (24.03.2010), Felipe Ferreira da Silva, 12 anos, aluno da 5ª série da Escola Estadual Carlos Freitas Mota, foi o primeiro dos 400 estudantes da rede pública da Bahia selecionados para estudar no Centro de Educação Científica do Semiárido, implantado com apoio do Governo Wagner (PT) em Serrinha, a 190 km de Salvador. Felipe Ferreira da Silva é morador do bairro Novo Horizonte, antigo Matadouro, habitado por remanescentes do Quilombo Flor Roxa.

Por que a Band, a Rede Bahia, a Rede Globo et caterva não noticiam o início das aulas no Centro de Educação Científica do Semiárido, que já inscreveu 1.600 estudantes do Território do Sisal? A popularmente chamada Escola de Ciências de Serrinha, lá no meião do sertão, foi instalada nos moldes do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra, do Rio Grande do Norte. E tem um padrinho de peso: o médico paulista Miguel Nicolelis, um dos mais renomados cientista da atualidade, coordenador do laboratório de neurociências da Universidade de Duke (EUA).

Dr. Miguel Nicolelis, diretor do Instituto Internacional de Neurociências (IINN-ELS) dará uma aula magna na Escola de Ciências de Serrinha na segunda quinzena de abril. Mais uma oportunidade para a imprensa do fim-do-mundo divulgar o lado bom e inovador da educação na Bahia. O objetivo do Centro é incentivar as atividades de pesquisa, desenvolvimento, produção e disseminação de conhecimento científico e tecnológico, através de oficinas, laboratórios de ciência e robótica. O projeto vai atender inicialmente 400 alunos de 23 escolas públicas estaduais, dez das quais da zona rural.

Uma educação com chances iguais para todos é possível.
 
Fonte: Blog Bahia de Fato

segunda-feira, 29 de março de 2010

DEVAGAR COM O ANDOR

Pesquisa eleitoral sem programa eleitoral, sem o candidato na telinha ou nas ruas, olho no olho com o eleitor, mostrando o que vai fazer, o que vai realizar se for eleito ou o que fez, não indica intenção de voto. O eleitor só vai depositar seu voto na urna se o candidato convencê-lo de que vai fazer mais e melhor. O eleitor vai analisar os prós e os contras do candidato, o que ele já fez, quem o está apoiando. O DEM é o partido mais corrupto do Brasil. Segundo o TSE, é o partido que mais tem políticos cassados por corrupção – como o Arruda, que seria o escolhido para ser vice do Serra se não estivesse preso por corrupção. O DEM não está apoiando o Serra pelos belos olhos dele. Está apoiando o Serra para ganhar cargos, ministérios, a vice-presidência, para voltar ao poder. No apagão na era FHC, o ministro de Minas e Energia era do DEM ex-PFL, o José Jorge. A economia da era FHC foi um desastre e levou o país a falência. São esses mesmo da era FHC, adeptos do neoliberalismo do PSDB, que serão novamente ministros do Serra.
O novo presidente vai dar continuidade a um governo que tem mais 80% de aprovação do povo ou vai fazer um "choque de gestão" na política econômica e acabar com os programas sociais, com o programa de aceleração do crescimento, o PAC, como disse Sergio Guerra, presidente do PSDB? O novo governo vai investir na Petrobras ou vai querer privatizá-la, eterno sonho do passado? O PROUNI será mantido, beneficiando milhões de alunos carentes, ou, como deseja o DEM, que apóia o candidato Serra, será extinto? O DEM não pode negar essa intenção porque entrou com ação no STF contra o PROUNI. Políticos do DEM e do PSDB acham o Bolsa Família um programa desnecessário, chamam de "bolsa esmola" o maior programa de transferência de renda já realizado, que erradicou da pobreza extrema milhões de brasileiros. O eleitor só vai poder fazer uma avaliação correta e escolher seu candidato, quando eles mostrarem os seus projetos de governo, seus planos de governo, os nomes para compor seu governo. O eleitor vai escolher seu candidato após os debates políticos promovidos pelos meios de comunicação, ao vivo, em que os candidatos vão expor seus pensamentos, seus projetos, seus planos para o futuro do país.

Os jornalões, os neoliberais, a direita burra, estão fazendo campanha eleitoral a todo vapor. Vão jogar sujo e pesado contra o governo Lula, contra a ministra Dilma. Tivemos como amostra uma ficha falsa do Dops nas páginas da Folha de São Paulo. Tudo isso faz parte dos projetos do tal Instituto Millenium para a volta ao poder da direita burra e carcomida, neoliberal, que quebrou o Brasil três vezes na era FHC.

Para terem uma idéia, vejam quem faz parte do tal Instituto: Civita, da editora Abril, os Marinho, da Globo, o Armínio Fraga, ex-Presidente do Banco Central do Brasil da era FHC, Gustavo Marini, sócio-fundador da Turim Family Office e diretor ¬ executivo do Banco Santander do Brasil. Antonio Carlos Pereira, editor de opinião do Jornal Estado de São Paulo. Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau. Essa é uma pequena amostra dos milionários da mídia, empresários e banqueiros, investindo alto na eleição do Serra.

Na verdade, eles estão investindo contra a grande maioria do povo brasileiro que foi muito beneficiado pelo governo Lula. Os pobres, os negros, o trabalhador. Muita atenção, pois vamos ter uma campanha eleitoral de baixo nível por parte da mídia, dos jornalões, como nunca antes se viu no Brasil. Vamos ter pesquisas manipuladas, notícias falsas, ilações e distorções perversas das ações do governo Lula.
 
Jussara Seixas 
 

BBB-10: A quintessência da frivolidade

sábado, 27 de março de 2010

Redução da jornada beneficiará 18 milhões de brasileiros, diz OIT

O livro “Duração do trabalho em todo o mundo: Tendências de jornadas de trabalho, legislação e políticas numa perspectiva global comparada”, lançado nesta quinta (25) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em debate na Universidade de Brasília (UnB), conclui que, no caso de adoção das 40 horas semanais no Brasil, seriam beneficiados diretamente um contingente de 18,7 milhões de trabalhadores brasileiros.

Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE (2008), o estudo revela que os empregados do setor privado com carteira de trabalho assinada seriam os mais afetados numa eventual redução da jornada de trabalho.

Eles compõem 33,2% das pessoas ocupadas no país, ou seja, 31,9 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Dentro desse grupo, 58,6% trabalhavam em 2008 mais de 40 horas semanais enquanto 41,4% trabalhavam 40 horas ou menos por semana. Portanto, a redução da jornada às 40 horas semanais afetaria diretamente um contingente de 18,7 milhões de trabalhadores brasileiros.

Para o senador Inácio Arruda, autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 231/95, que reduz a jornada de trabalho no Brasil, de 44 para 40 horas semanais, o lançamento desse livro vem reforçar o atual momento da luta dos trabalhadores brasileiros pela redução da jornada. "Considero de extrema importância a iniciativa da Organização Internacional do Trabalho”, ressaltou.

Mudança Global

Segundo a pesquisa, feitas pelos especialistas da OIT Sangheon Lee, Deirdre McCann e Jon Messenger, em todo o mundo, cerca de 22% da força de trabalho, ou 614,2 milhões de trabalhadores, aproximadamente, trabalham mais de 48 horas semanais. Durante as últimas cinco décadas, apesar das substanciais diferenças regionais e do processo desigual para reduzir as horas da semana legal de trabalho, houve uma mudança global para um limite de 40 horas. Jon Messenger está no Brasil para o lançamento do livro.

Outra constatação apresentada no livro: o gênero e a idade parecem ser fatores importantes para determinar a duração do trabalho. Apesar do aumento da participação da mulher no trabalho remunerado, existe uma clara “brecha de gênero” em relação às jornadas de trabalho no mundo inteiro.

Os homens tendem a executar jornadas mais longas, enquanto que as mais curtas são geralmente desempenhadas por mulheres. O tempo que a mulher dedica à família e às responsabilidades domésticas restringe sua disponibilidade para o trabalho remunerado.

A idade é um fator menos influente, mas deixa de ser importante para determinar as horas trabalhadas. Os jovens e as pessoas em idade de aposentar-se trabalham menos horas e isto reflete, com frequência, as insuficientes oportunidades de trabalho para os grupos mencionados. As jornadas de trabalho para o grupo de idade mais avançada (65 anos ou mais) são substancialmente reduzidas.

Em todas as regiões do mundo em desenvolvimento, o trabalho informal responde por pelo menos metade da ocupação, do qual 60% consiste em um trabalho por conta própria. Enquanto nos países industrializados uma grande parte dos trabalhadores por conta própria trabalha jornadas muito prolongadas, nos países em desenvolvimento as jornadas são mais curtas (menos de 35 horas por semana).

A jornada de trabalho é uma dimensão importante na qualidade de emprego, tendo repercussões importantes na segurança e saúde do trabalhador, na combinação entre a vida pessoal e familiar e também na organização do trabalho dentro da empresa.

A OIT propõe que os acordos de tempo de trabalho decente devem satisfazer cinco critérios inter-relacionados: devem favorecer a saúde e a segurança no trabalho, ser compatíveis com a vida famíliar, promover a igualdade de gênero, reforçar a produtividade, e facilitar a escolha e influência do trabalhador no seu total de horas de trabalho.

Mais dados sobre o Brasil

Segundo a PNAD do IBGE, a população ocupada de 16 anos ou mais de idade trabalhou uma jornada média semanal de 40,8 horas. Apesar da média ser mais reduzida que o limite fixado na lei, houve um contingente expressivo de ocupados cujas jornadas semanais superavam este limite. Outros dados sobre o Brasil:

- Em 2008, 33,7% trabalhavam uma jornada superior às 44 horas semanais e 19,1% trabalharam uma jornada superior a 48 horas, enquanto 23,1% trabalhavam menos de 35 horas por semana;

- Existem diferenças entre as jornadas dos homens e das mulheres. A média de horas trabalhadas por semana pelos homens era de 44 horas, quase oito a mais do que a jornada das mulheres, de 36,4 horas. Além disso, a carga excessiva afeta mais os homens do que as mulheres. Em 2008, 24,7% das mulheres e 40,5% dos homens trabalhavam mais de 44 horas semanais;

- Apesar da jornada reduzida das mulheres, no conjunto das mulheres brasileiras ocupadas, uma expressiva proporção de 87,8% também realizava afazeres domésticos, enquanto que entre os homens tal proporção expressivamente inferior (46,5%);

- A média de horas dedicadas aos afazeres domésticos foi de 18,3 pelas mulheres e de 4,3 pelos homens ocupados, ou seja, 14 horas a menos e;

- Entre 1992 e 2008 houve uma redução da média de horas trabalhadas por semana de 42,8 horas para 40,9 horas. A redução mais significativa foi entre a população ocupada com jornada de trabalho semanal acima de 44 horas, de 43,3% em 1992 para 33,9% em 2008.

Da Sucursal de Brasília com informações da assessoria do senador Inácio Arruda
 

A PAIXÃO DE CRISTO QUE SERÁ ENCENADA EM SENADOR POMPEU/CE NO DIA 02 DE ABRIL DE 2010 – Ainda terão os Caretas Espetáculo Coletivo que Vale à Pena ser


No dia 02 de abril, sexta-feira santa, o dia mais sagrado para os cristãos no mundo inteiro, é dia de apresentação da peça a PAIXÃO DE CRISTO NO SERTÃO, encenada pelo grupo artístico Cia. Engenheiros da Arte, formado principalmente por jovens artistas do Distrito de Engenheiro José Lopes, onde ocorrerá a encenação do espetáculo, que fica a cerca de 16 km da sede de Senador Pompeu. Na verdade a programação na sexta-feira será a seguinte:

Pela manhã – Cortejo dos Caretas no Distrito Codiá
Pela tarde – Cortejo de Caretas no Bonfim Km20
20:00h - Apresentação da Paixão de Cristo no Sertão em Engenheiro José Lopes.
Continuando no dia seguinte, sábado de aleluia:

07:00h – Torneio de futebol no Engenheiro José Lopes0
09:00h – Cortejo dos Caretinhas pelas ruas de Engenheiro José Lopes
15:00h – Encontro dos Mestres dos Saberes e Fazeres;
17:00h – Cortejo dos Caretas nas ruas de Engenheiro José Lopes;
18:00h – Apresentações culturais;
20:30h – Circulo dos Caretas e malhação do Judas
22:00h – Programação Musical
Como o grupo mesmo denomina o grande evento cultural é o encontro do SAGRADO COM O PROFANO, resgatando a própria origem do teatro na antiga Grécia, quando, segundo dizem, nasceu o teatro, numa grande festa religiosa. A história se repete dessa vez na comunidade de Engenheiro José Lopes, em Senador Pompeu, Estado do Ceará. Tem sido tradição.

A festa sagrada e profana dura uma semana, tendo seu ponto alto na sexta-feira santa e no sábado de Aleluia. Todavia é fruto de ensaio o semestre inteiro, envolvendo todos os habitantes do Distrito de Engenheiro, através de oficinas, ensaios da peça, confecção de cenário, do figurino, de forma direta e indireta envolvendo uma comunidade inteira, através da arte, da cultura. A saber:

Elenco: 44 jovens atores e atrizes
Produção: 12 pessoas
Costureiras: 05 costureiras da Fábrica Comunitária
Artesãos: 05 artesãos
Foto-cinegrafistas: 03
Assistentes: 05
Alimentação: 03

Total: 77 pessoas envolvidas diretamente

Indiretamente, envolve todas as famílias dos atores, escolas, associações, todo comércio, transporte, alimentos e hospedagem, que passam a orbitar o grande evento cultural.



O sagrado fica por conta da encenação da Paixão de Cristo, que tanto significado tem para os cristãos e pseudos-cristãos. Há o poder político opressor, há o humanismo de cristo, há a traição de Judas, há o romano invasor, há o fariseu que se vende para o romano, há Maria Madalena, há a tortura, há o terror, há aquele que lava as mãos, há o homicídio, há a pena de morte através da crucificação! Há a doce maternidade, há a solidariedade, há a politicagem.... Ainda há o bom e o mau ladrão, coisa que não falta no Brasil. Tudo que pode ser transportado para os dias modernos. Bastando fazer uma releitura e perceber que os mesmos personagens continuam vivos no dia-a-dia de todos, ao redor de todos.

Já o PROFANO fica por conta dos caretas, que se apresentam há quase 70 anos na comunidade de Engenheiro José Lopes. Um antigo costume na comunidade de Engenheiro. Uma antiga tradição da cultura ibérica, que já existia na Europa: em Espanha e Portugal. Os caretas foram muitas vezes perseguidos no Brasil imperial. O Judas malhado pode ser um político, um assassino, o mosquito da dengue... algo que a população odeie! Inspiração é o que não falta para criar o boneco de Judas, seja nacional, seja estadual, seja municipal, seja distrital... Eis o perigo do profano aos que estão no poder, nessa fronteira entre o sagrado, o profano, o povo, seja eleitor, seja o fiel da religião, pode malhar politiqueiros, os que julgam traidores, pois Judas é sinônimo de traição! Mais do que um homem, símbolo! QUAL O DIFERENCIAL que o turista pode encontrar indo assistir ao espetáculo em Senador Pompeu? Na verdade são vários diferenciais:

1) Os caretas são os próprios habitantes da comunidade;
2) A maioria dos atores são de Engenheiro José Lopes;
3) Todo o figurino é elaborado por costureiras do Distrito;
4) Todo o cenário é confeccionado por maioria das pessoas da comunidade;
5) Conviver com o povo bem o interior do sertão;
6) Uma experiência sociológica riquíssima;
7) Local e fatos excelentes para fotógrafos e documentaristas;
8) Pode-se hospedar na própria comunidade ou na sede em Senador Pompeu;
9) Sentir de perto a fé e a luta de um povo por dignidade;
10) Ver de perto tudo que lembra uma clássica tragédia grega;

A direção do grupo e do espetáculo e do ator, poeta, produtor e militante cultural Fran Paulo, com ampla experiência na montagem de teatro de rua, em teatro fechado, festivais e grandes eventos. Quem se interessar em ver o espetáculo pode entrar em contato através de:

http://www.institutocasarao.blogspot.com/ - Blog onde pode-se ler mais sobre o espetáculo e o grupo, comunicando-se através de comentário;


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Contato com diretor pelo telefone: 0xx 88 9916 5994
E-mail 1: franpaulo@hotmail.comE-mail 2: samarauzina@hotmail.com
 
Valdecy Alves
 
Fonte: Blog Valdecy Alves

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