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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Limites de Barack Obama


 
 Tenho certeza de que causo frustrações e discordâncias também à esquerda (ainda que menos) e não só à direita, pelo simples fato de que, de repente, você entra em meu blog e lê um texto “Em defesa de FHC” ou contra a exploração política da vida íntima do “demo” Gilberto Kassab.
Este blog é muito menos ideológico e partidarizado do que parece. Não que eu não tenha ideologia e que não tome partido na política, porque tomo e jamais escondi isso de ninguém. Já me cansei de dizer que apóio o governo Lula e que acho o PT melhor do que os outros grandes partidos com possibilidades de ser governo.
Quando, portanto, escrevo um texto contemporizando com o governo Barack Obama, que, nos últimos meses, desagradou à esquerda mundial nos episódios de Honduras e do envio de mais tropas ao Afeganistão, novamente vou na contra mão do grupo político e ideológico com o qual tenho maior convergência, que nem por isso é total.
Nesse caso de Obama, fico com Lula: o presidente americano ainda irá demonstrar muita coisa boa. E Lula diz isso porque sabe das limitações que se tem quando se é governo em países nos quais, muitas vezes, uma eventual oposição conservadora continua ocupando nichos do poder que eleições não têm o poder de lhe tirar.
Pode-se argumentar contra Lula que ele não acabou com a farra dos bancos, por exemplo, mas é porque ele tem limites como Obama tem para atuar contrariamente às forças que controlam a máquina militar da potência hegemônica a qual até Hollywood já disse claramente ao mundo que, em certas questões, funciona à revelia da Presidência.
Tampouco se pode esquecer que, até por culpa própria, os EUA de hoje têm uma guerra com radicais islâmicos fanatizados como os da Al-Qaeda que já atiraram três aviões contra inocentes naquele país, matando milhares de pessoas. Claro que foi uma retaliação ao imperialismo ianque, mas não aceito radicalismo assassino de parte nenhuma.
É óbvio que, estando em guerra, os EUA são alvo de novos possíveis ataques em seu território e em suas representações pelo mundo. Não se pode pedir aos americanos que se entreguem nas mãos de seus inimigos, que evidentemente não querem conversa ou contemporizações.
Sim, governos americanos têm culpa por isso e gerações de americanos civis também têm culpa por isso, mas não se pode transferir culpas de gerações para gerações.
O que vejo de Obama é que é um democrata e está disposto a negociar com os inimigos dos EUA, os quais, até por razões compreensíveis, ou não querem acreditar que seja verdade a disposição do presidente dos EUA para estabelecer a paz ou não concordam com as condições da potência para essa paz, condições que tampouco dependem só do chefe do Executivo.
Mas Lula sabe, eu sei e todo aquele que tentar olhar a cena com eqüidistância saberá que onde a boa vontade de Obama puder prevalecer, ele a usará. Não se pode, porém, pedir que ele convença todo o seu povo a adotar posturas das quais este não abre mão, como a de achar que os EUA devem exercer o poder que detêm.
Pode-se dizer, quem sabe, que a idade vai me tornando um tanto quanto pragmático. O que penso nesse tipo de questão é que temos uma situação de fato na qual a alternativa a Obama é muito pior. Onde for possível apoiá-lo – e até onde for possível –, portanto, haverá que apoiar, em minha opinião.


Eduardo Guimarães

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