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quinta-feira, 31 de julho de 2008

CASO DANIEL DANTAS

Por: Janio Ferreira Soares

A machadinha de Daniel Dantas, 26/07

Brasília, planalto central, umidade do ar meio mussarela, meio calabresa. Homens de ternos e togas duelam silenciosamente com seus colts carregados de balas de festins. Experientes, eles sabem que nenhum estilhaço pode ameaçar a tranqüilidade do xerife e de seus homens de ouro, que a essa altura viram doses de scoth no meio do saloon, indiferentes a qualquer lei, seja ela seca, molhada ou quiçá úmida. Afinal, eles são as regras e suas vertentes. Talvez se existissem bafômetros para detectar cifrões roubados a conversa fosse outra. Mas, por enquanto, a única preocupação dessa turma é manter quieto o poderoso Dantas, que traz no seu alforje muito mais que dólares furados.

"De Glória (BA) - Sertão baiano, meio dia de um julho cinzento. Encontro-me com João Vaqueiro, 80 anos, e lhe pergunto por que tanta pressa. Puxando da perna e ajeitando o surrado chapéu que lhe confere um ar de Lee Van Cleef desarmado, ele me responde com outra pergunta. Quer saber o que eu achei das últimas prisões feitas pela Polícia Federal. Quando eu me preparo para responder, ele ordena: ‘escreva alguma coisa!’, e segue dando uma gostosa risada, agora lembrando um caubói manco caminhando em direção a estribaria.

São Paulo, madrugada fria do mesmo mês. A Polícia Federal em mais um dos seus midiáticos espetáculos, prende o ex-prefeito Celso Pitta e o investidor Naji Nahas. Os dois, apesar de alguma fama, são apenas coadjuvantes de mais esse complicado enredo tupiniquim. Todos os holofotes só querem saber do ator principal, Daniel Dantas, também preso no Rio de Janeiro. Os três, já soltos, claro, são os mais novos alvos dos papos de botequim, que até bem pouco discutiam mensalões, zuleidos e valérios. A fila anda.

O banqueiro baiano já insinuou que se contar o que sabe derruba de Collor pra cá sem disparar um único tiro. Essa sua tranqüilidade me faz lembrar um xará seu chamado Daniel Boone, que nos anos 70 fazia o maior sucesso na TV.

Boone, com seu impecável chapéu de pele de castor, morava num lindo vale da região do Kentucky com sua esposa Rebecca, seus filhos e mais o índio Mingo. Ele sim, era um mocinho de verdade que botava pra quebrar em cima dos bandidos que ameaçavam a lei e a ordem do lugar.

Você deve estar se perguntando o que os dois têm em comum. Tenho pra mim que é uma certa machadinha. Quem conhece o seriado lembra que, na abertura, Boone a arremessava em direção a uma árvore, rachando-a ao meio. Exatamente como Dantas ameaça fazer com a República.

É por isso que a maioria dos parlamentares, tucanos à frente, está completamente quieta. Onde estão os valentões que ameaçavam CPIs por qualquer tapioca recheada ou caseiro violado? Escaldados, eles sabem muito bem o poder de corte dessa poderosa machadinha. Arremessada com destreza ela pode cortar, além de árvores, velhas cabeças coroadas que se equilibram sobre pegajosos pescoços há séculos e que sempre balançam, balançam, mas nunca caem.

Janio Ferreira Soares é consultor da Secretaria da Cultura de Glória (BA), nas margens do Rio São Francisco."

Fonte: Observatório da Imprensa

Dessa notícia o PIG (Partido da Imprensa Golpista) não vai gostar

A inflação pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) desacelerou mais que o esperado em julho, favorecida pela menor pressão exercida pelos alimentos.

O índice registrou alta de 1,76 por cento em julho, seguindo o avanço de 1,98 por cento em junho, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quarta-feira.

Analistas esperavam um avanço de 1,83 por cento para o indicador, de acordo com a mediana dos prognósticos de 26 instituições financeiras consultadas pela Reuters.

As estimativas variaram de 1,65 a 1,93 por cento de alta.

Entre os componentes do IGP-M, o Índice de Preços por Atacado (IPA) teve alta de 2,20 por cento, ante avanço de 2,27 por cento em junho.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,65 por cento, depois de ter avançado 0,89 por cento no mês anterior.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) apresentou variação positiva de 1,42 por cento, após alta de 2,67 por cento em junho.

Para fechar o dia em alto estilo, segue aí mais uma rodada de boas notícias


Emprego cresce 4,7% em junho, mostra pesquisa do Dieese

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/07/30/materia.2008-07-30.3091211516/view

Aumento do emprego eleva ganhos salariais, indica pesquisa da Seade/Dieese

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/07/30/materia.2008-07-30.8503820973/view

Desemprego em junho tem a menor taxa para o período desde 1998, revela pesquisa

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/07/30/materia.2008-07-30.3592134747/view

Superávit primário do semestre é o maior desde o início da série histórica

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/07/30/materia.2008-07-30.9885059178/view

Relação entre dívida pública e PIB em junho é a menor desde dezembro de 1998
Fonte: Os Amigos do Presidente Lula

Alguma dúvida de que o país mudou?

Hoje no jornal americano "NYT" uma reportagem de duas páginas com o título "Brasil cresce enquanto economias maiores se debatem". O jornal conta histórias de empreendedores como Maria Benedita Souza, que cinco anos atrás obteve um microcrédito para comprar duas máquinas de costura e hoje emprega 25 pessoas. Destaca o jornal que "Muitas famílias conseguiram chegar até a classe média usando o Bolsa Família para atender as necessidades básicas"

O jornal ainda destaca "Há abundância(no Brasil) de outros sinais de nova riqueza. Em Macaé, uma cidade com reservas de petróleo perto do Rio de Janeiro, construtoras estão correndo para concluir os novos shoppings centers e imóveis residenciais de luxo para atender a demanda das empresas do setor de petróleo em crescimento. Em um porto em Angra dos Reis, uma cidade conhecida por suas ilhas espetaculares, cerca de 25 mil trabalhadores encontraram emprego construindo as novas plataformas de petróleo brasileiras".Leia a matéria completa em Inglês aqui no The New York Times ou traduzida aqui


Escreva para o jornalista

A reportagem é do jornalista americano Alexei Barrionuevo, correspondente do jornal New York Times, em Fortaleza. O jornal disponibilizou aqui no final da matéria uma página para comentários ou para falar com o jornalista . Seria bom que você escrevesse contando que, a imprensa brasileira não publica esse tipo de matéria que são manchetes nos jornais americanos .Aproveite a oportunidade e denuncie o comprometimento da imprensa brasileira com os partidos de direita.

Fonte: Os Amigos do Presidente Lula

domingo, 27 de julho de 2008

Paulo Henrique Amorim

De uns tempos para cá, o jornalista Paulo Henrique Amorim começou a criticar com vigor o governo Lula e o próprio presidente. O teor das críticas, porém, é complexo e não é disso que quero tratar. Este post trata de liberdade de expressão.

Em primeiro lugar, quero deixar claro que não estou plenamente de acordo com as críticas de PH ao governo Lula e ao seu titular, mas não posso deixar de manifestar meu desagrado com o patrulhamento de que o jornalista tem sido alvo.

Até onde sei, não há lei que proíba críticas a Lula, a Serra ou a qualquer outro político, partido ou ideologia. Contanto que as críticas não sejam malandras, feitas a uns para prejudicar outros, toda crítica que se fizer àqueles ou àquilo que diga respeito ao interesse público deve ser encarada com serenidade e, sobretudo, ouvida.

Acompanhei a trajetória de Paulo Henrique Amorim e nunca vi o jornalista metido em negociatas ou fazendo jogo de grupos políticos. Quando PH criticava com força os que pretendiam sabotar o governo Lula e até derrubá-lo, não vi os que hoje o criticam questionando se ele dizia o que dizia porque, à exemplo de outros colegas de profissão, tinha interesses condizentes com os dos que “defendia” ou conflitantes com os dos que criticava.

Para falar a verdade, a postura do PH hoje é uma das que mais se aproximam, em meu conceito, do jornalismo apartidário que eu gostaria de ver no Brasil. Com efeito, a formação do terceiro maior grupo de telefonia deve receber todos os ataques e defesas que se possa fazer, pois diz respeito a cada um de nós. Tragédia seria não sabermos de todos os prós e contras de um negócio envolvendo o interesse de todos os cidadãos.

Particularmente, reitero, pela milionézima vez, que apóio o governo Lula. Nunca escondi isso e isso não faz de mim um partidário. Sou um cidadão maior de idade, vacinado e com título de eleitor, o que me habilita a apoiar o grupo político que eu quiser.

Dito isso, todas as críticas mais profundas e sem aparente viés político que eu puder conhecer sobre aqueles que apóio, quero conhecer. Até para saber se devo continuar apoiando. O que não gosto no jornalismo da grande mídia são as críticas malandras, superficiais, fáceis, com óbvio viés político, como as que faz a “instituição” que PH batizou como PIG (Partido da Imprensa Golpista).

Quero saudar, pois, um jornalista que critica com igual ímpeto o Lula, o Serra, a Heloísa Helena, a esquerda, a direita, enfim, a situação e a oposição. E sabem por que? Porque não são anjos. Todos certamente cometem erros e têm contra si o que criticarmos.

Claro que eu tenho me furtado a criticar no governo Lula o que há para criticar porque esse governo passou a sofrer sabotagem da mídia desde o primeiro minuto de sua existência. Assim, penso que criticar o governo num momento em que não querem deixá-lo trabalhar é agir contra meus próprios interesses de cidadão, pois, para mim, se o governo der certo, tanto melhor.

Nesse aspecto, penso que PH está contribuindo para um processo espúrio. Contudo, está amparado num direito constitucional, num direito humano, o de livre expressão do pensamento. Não sendo críticas feitas para ajudar este ou aquele lado, mas porque o autor acha que devem ser feitas, exclusivamente em benefício do interesse público, não peço a ninguém para concordar com elas, mas para que as respeitem.

Apresente-se argumentos contrários, discorde-se delas o quanto se quiser discordar, mas sem tentar criminalizar ou fazer suposições sobre seu autor sem apresentar motivos claros e insofismáveis.

Quando critico a mídia por ela sabotar e caluniar o governo Lula e o próprio, faço isso porque percebo claramente que ela faz o que faz não no interesse da sociedade, mas do PSDB, do PFL, da Fiesp, em suma, da elite que suga o sangue do povo para manter-se gorda como uma baleia, concentrando injustamente muito mais do que o excessivo em detrimento de legiões de brasileiros que tem muito menos do que o insuficiente.

Ao contrário do que dizem mercenários espalhados pela internet por grupos políticos, que andaram me contando que são ligados ao PFL – agora travestido como “Democratas” – do ex-senador catarinense Jorge Bornhausen, eu não estou aqui para defender ou criticar incondicionalmente ninguém. Minhas defesas e críticas são em prol de projetos e ações macro.

Se o atual governo sair da linha mínima de atuação que dele exijo, vou pra cima dele com minhas críticas, porém sempre cuidando de fundamentá-las com fatos incontestáveis. Se o governo Serra começasse a funcionar direito, se a polícia paulista fosse moralizada, se os investimentos sociais fossem feitos, eu apoiaria Serra nem que ele fosse filho de Pinochet.

O que quero pedir aqui, portanto, é que não passemos a demonizar todo aquele que vier a criticar os políticos que apoiamos simplesmente porque está criticando. Há que analisar, antes da propriedade da crítica, se ela é feita com segundas intenções. Não vejo essas intenções nas críticas do PH, por mais que eu não concorde com elas.


Fonte: Cidadania.com

sábado, 26 de julho de 2008

O declínio do sonho americano

Em 1990, o índice de desenvolvimento humano mundial situou os Estados Unidos em primeiro lugar. Dezoito anos mais tarde, caiu para a 12ª colocação. País tem a maior porcentagem de meninos e meninas pobres em comparação com as nações ricas, revela estudo da organização não-governamental Oxfam. Levantamento também aponta grandes desigualdades entre estados norte-americanos.

Por: Alison Raphael (IPS)
Data: 22/07/2008

WASHINGTON – Os Estados Unidos têm um “atraso deplorável” em relação a outras nações ricas em matéria de criação de oportunidades e possibilidades para seus cidadãos, a própria essência do chamado “sonho americano”, afirma um estudo da organização não-governamental Oxfam. O inédito “Indicador dos Estados Unidos: Informe de desenvolvimento humano 2009-2009” oferece uma análise estatística de numerosas variáveis vinculadas ao bem-estar de sua população, afetado por questões de gênero, raça e, inclusive, de distritos eleitorais.

Uma conclusão surpreendente do estudo é que os Estados Unidos é o país que mais gasta por habitante, US$ 5,2 milhões por dia, e ainda assim seus cidadãos vivem menos tempo do que os de, virtualmente, cada uma das nações da Europa ocidental e nórdicas. Além disso, esse país tem a maior porcentagem de meninos e meninas pobres em comparação com as nações ricas. Em 1990, o índice de desenvolvimento humano mundial situou os Estados Unidos em primeiro lugar. Dezoito anos mais tarde, caiu para a 12ª colocação.

Os Estados Unidos não estão atrasados apenas em relação aos países ricos, mas também tem “enormes brechas” em matéria de padrões e de qualidade de vida entre os diferentes Estados, segundo o estudo divulgado no último dia 16 pelo capítulo local da Oxfam, organização financiada pelas fundações Rockefeller e Conrad Hilton. “Alguns norte-americanos vivem entre 30 e 50 anos de atraso em relação a outros compatriotas em áreas que preocupam a todos nós, como saúde, educação e padrão de vida”, destacou Sarah Bird-Sharps, uma das autoras do estudo.

Os habitantes do estado de Connecticut têm uma expectativa de vida média de 30 anos a mais do que os do Estado do Mississippi. Ambos se situam nos extremos desse indicador demográfico. Uma conclusão tão surpreendente é que os homens afro-norte-americanos têm o menor índice de desenvolvimento humano de todos os grupos sociais estudados. O dos de origem asiática está 50 pontos percentuais acima. O Estado do Texas tem uma porcentagem de adultos sem diploma do ensino secundário semelhante ao dos anos 70 em todo o país. As disparidades são tão grandes que no Estado da Califórnia que tem os cinco distritos eleitorais com melhor pontuação e os cinco menores do país.

A pesquisa reúne uma quantidade de dados que vão desde fatores sociais, políticos, econômicos, ambientais, habitacionais, de transporte e outros, a fim de criar uma instantânea da qualidade de vida do país. A informação servirá para que os cidadãos tenham a possibilidade de exercer pressão para obter melhorias e permitir que organizações não-governamentais, fundações e governos locais concentrem sua assistência nas áreas com maiores necessidades.

A idéia de realizar um índice de desenvolvimento humano foi inspirada no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que realiza um similar a cada ano em todos os países do mundo. “O Índice de Desenvolvimento é único”, explica o presidente da Oxfam, Raymond Offenheiser, “porque mostra os fatores entrelaçados que criam o ou negam oportunidades e determinam opções de vida. A análise é especialmente reveladora em lugares do Golfo do México, onde trabalhamos com 34 organizações”, explicou.

“O estudo mostra com clareza as difíceis condições de vida que sofriam os residentes da região mesmo antes dos furacões de 2005, com o limitado acesso à educação, baixa renda e menor expectativa de vida, e defende uma solução integral para conseguir uma recuperação”, ressaltou Raymond. Os dados manejados permitem entender quais políticas públicas tiveram êxito e devem ser imitadas e quais não conseguiram cumprir seu objetivo. “A informação manejada no estudo pode servir para melhorar as políticas de sucesso e criar oportunidades em beneficio das novas gerações de norte-americanos”, disse o vice-presidente da Fundação Rockefeller, Darren Walker.

Por sua vez o diretor da Fundação Hilton, com sede em Los Angeles, Steven Hilton, afirmou que seu avô, Conrad Hilton, encarnou o espírito empreendedor e de oportunidades que caracterizou o “sonho americano”. Conrad Hilton, falecido em 1949, foi o criador em 1919 da cadeia Hilton Hotéis e em 1944 da fundação que leva seu nome. “Fica claro com este estudo que o sonho americano está em perigo”, destacou Steven. O estudo da Oxfam foi publicado com apoio da Columbia University Press e do Conselho de Pesquisa em Ciência Sociais.

Fonte: Agência Carta Maior

O DISCURSO DE BERLIM

É difícil acreditar que Obama fará tudo o que prometeu, principalmente, no que se refere à construção de uma face mais humana da grande nação do Norte. A promessa foi feita, resta esperar e torcer que ele vá ainda mais longe do que indicou em Berlim. Não há dúvida, que com ele começará uma nova fase da história mundial e o impacto disto mundo afora não será pequeno, inclusive no Brasil. A análise é de Luís Carlos Lopes.


Barack Obama, virtual novo presidente dos EUA, foi recebido como tal, na
sua recente visita à Europa. Parece não haver mais qualquer dúvida sobre
sua vitória, fortemente pautada na atual crise econômica e social norte-americana, bem como na malograda guerra e ocupação do Iraque. O outro fator que assegura o seu quase certo triunfo é o imenso índice de rejeição local e internacional do atual mandatário do país mais rico da face da Terra. Este é, sem dúvida, o principal cabo eleitoral do primeiro afro-americano a se candidatar ao posto maior do país.

Há uma certa ironia no caso. O texano representa uma figura conservadora
típica do país. Suas posturas e crenças remetem ao que alguns chamam de América profunda, isto é, do núcleo fundador dos mitos nacionais do grande país do hemisfério norte. Sua provável substituição por um filho de um queniano imigrante, casado com uma mulher branca norte-americana, muda o sentido das representações midiáticas mais recentes da persona presidencial. De algum modo, busca-se um novo eixo, agora pautado nas origens multiétnicas do país e na forte presença negra, quase sempre em posição subalterna. Ao que parece a América dos negros, hispânicos, orientais e outros ganhará maior visibilidade e reconhecimento no novo cenário político que se avizinha.

De outro mirante, Obama representa a materialização do american dream, alguém que veio de baixo, da periferia dos grandes centros, mestiço de feições africanas, que "venceu" com o apoio do sistema educacional do país e de suas instituições democráticas. Ele, antes de chegar ao Senado, era um advogado brilhante formado pelas melhores instituições de ensino locais. Ao contrário do seu antecessor, o provável futuro presidente é proprietário da arte de se comunicar, falando com imenso cuidado para os mais diversos auditórios. Sua simpatia e inteligência lembram as de Kennedy e ele nada tem, felizmente, do yuppie Clinton.

O seu discurso, proferido nas ruas, frente a mais de duzentas mil pessoas,
no centro de Berlim, na última quinta-feira, resume seus principais pontos
de vista e deve ser lido com atenção. Nesta fala, Obama veio buscar a recuperação da antiga aliança com os países mais ricos da Europa. Não é casual que a Alemanha e a cidade de Berlim tenham sido os locais escolhidos para tão denso pronunciamento. Ele falou de lá para toda a Europa e, aproveitou a oportunidade da internacionalização de sua campanha, dirigindo-se à humanidade.

Escolheu este sítio para lembrar o ponto de partida da hegemonia norte-americana: o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria, com a construção do Muro de Berlim. De modo simbólico, retornou ao passado e comemorou o que ele acredita como vitória ocidental, na contenção da expansão soviética do pós-guerra. Falou da história, esquecendo alguns fatos e aumentando a importância de outros, tal como convém a retórica presidencial de um país de tão grande importância.

Há no seu discurso uma versão da história, que volta ao passado, a partir
da derrocada do socialismo real de Estado, que deu fim à chamada bipolaridade e à possibilidade mais efetiva de um novo confronto mundial. Esqueceu, dentre outros fatos, que sem a aliança com os soviéticos a vitória sobre a Alemanha Nazista não teria sido possível. Não lembrou do imenso esforço dos povos sob ocupação para se libertarem. Não se poderia esperar mais do candidato, falando para o mundo, sob a concessão do país mais rico da Europa atual.

Ele deu o seu recado, lembrando da OTAN e da necessidade de vigilância contra qualquer possibilidade de oposição à nova ordem internacional criada nos escombros do Muro de Berlim.

Há na mesma fala vários pontos que indicam a desmontagem de alguns aspectos da atual política externa dos EUA. Ao que parece, Obama fará várias inflexões. Talvez a mais importante seja a da mudança de foco militar. Ele disse que vai sair do Iraque, reconhecendo a impossibilidade de vencer. Trocará o país pelo Afeganistão, onde acredita poder controlar a insurgência dos talibãs e o, cada vez maior, tráfico de heroína. Segundo ele, atacar os insurgentes deste último país significaria tirar fôlego da misteriosa rede terrorista internacional (Al-Quaeda) que teria ainda suas bases neste país e no Paquistão.

Aproveitou a ocasião para pedir um maior comprometimento europeu com o mesmo esforço de guerra. De certo modo, pode-se presumir que se estará assistindo a uma nova escalada militar. Não existe ainda como prever, exatamente, o que de fato irá ocorrer.

O candidato, falando como já tivesse sido eleito, despertou, no mesmo discurso, várias esperanças. Reconheceu a responsabilidade norte-americana e chinesa no preocupante atual nível de poluição mundial, deixando a entender que fará importantes mudanças. Falou nos esquecidos da mundialização, prometendo maior justiça aos imigrantes e aos pobres de seu país e do resto do mundo. Disse que irá defender os direitos humanos, onde eles forem desrespeitados, citando a AIDS, os casos de tortura, os problemas na Ásia e na África. Prometeu aos
condenados da Terra uma nova posição de seu país, que estaria agora na defesa de todos, reconhecendo erros anteriores.

Pela primeira vez da história da diplomacia de seu país, reconheceu formalmente a necessidade de desarmamento nuclear global. Defendeu a idéia de destruir os arsenais nucleares ainda armazenados no Oriente e no Ocidente. Alertou para o que considera como risco, no que se refere aos arsenais mal guardados e geridos de modo inadequado. Insistiu na política de seu país de evitar o aumento do atual clube atômico internacional. Reafirmou, portanto, a vocação de intervenção e participação em todas as questões eleitas como fundamentais pelos articuladores da política externa dos EUA.

Pode-se concluir que a paz ainda estará longe do seu governo. Haverá uma
mudança, mas não a tão sonhada paz negociada. De qualquer forma, Obama anunciou que não vai mais se alinhar automaticamente à política de guerra de Israel. Deixou claro em seu atual périplo pelo mundo que vai preferir a negociação ao confronto. Reconheceu a importância do conflito no Oriente Médio para a paz mundial, vendo que a solução do mesmo é a chave para evitar maiores problemas político-militares. Defendeu o direito à existência do Estado de Israel, bem como o fortalecimento da criação do Estado palestino. Por causa disto, as direitas estão dizendo que ele é muçulmano em pele de cordeiro. Nada mais raivoso e mentiroso.

É difícil acreditar que Obama fará tudo o que prometeu, principalmente, no
que se refere à construção de uma face mais humana da grande nação do Norte. A promessa foi feita, resta esperar e torcer que ele vá ainda mais longe do que indicou em Berlim. Não há dúvida, que com ele começará uma nova fase da história mundial e o impacto disto mundo afora não será pequeno, inclusive no Brasil.

Fonte: Agência Carta Maior

terça-feira, 22 de julho de 2008

A LIÇÃO DE ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA, O PIUAÍ

Dia 21, na Avenida Paulista, encontrei o Brasil que admiro e me orgulho. Ele não vestia gravatas. Era formado por jovens, velhos, homens e mulheres, pretos e brancos que se juntaram espontaneamente para lutar por uma Justiça decente e transparente. De todos os brasis que vi e ouvi no democrático megafone do Movimento dos Sem Mídia, quero falar do Brasil representado pelo "Piauí", um criativo artista de rua. Ele viu nossa 'muvuca', cuja organização começou pela rede, com informes trocados a partir do Edu Guimarães do Cidadania.com. Éramos cerca de 200 internautas que indignados acordamos cedo neste sábado para sair às ruas e protestar contra um certo Gilmar.

Piauí tem uma história de vida rica que se a gente parar para ouvir se enternece, emociona-se e aplaude. Antes de convidá-lo para se juntar à manifestação ouvi suas considerações. Falávamos da Justiça Brasileira, quando uma senhora passante se juntou a nós e perguntou quem era Gilmar (o Dantas ela sabia que era uma bandido rico).O Gilmar mais conhecido dos brasileiros é o dos Santos Neves, o goleiro que segurava todas, autor de defesas memoráveis na seleção brasileira e que nos garantiu o bi-campeonato nas Copas de 1958 e 1962. Já o Gilmar que nos indigna na atualidade não guarda semelhança alguma com o seu xará espetacular, que nos enchia de orgulho cada vez que defendia a camisa verde-amarela.

Este que nos envergonha é o Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal. Este Gilmar não agarra uma bola, é juiz, mas só entra em campo para jogar contra a camisa. Lá da Corte maior da Justiça Brasileira, na calada da noite, ele dá serão para soltar banqueiros que enriqueceram sugando recursos públicos, corrompendo políticos sem caráter e lavando dinheiro em paraísos fiscais. Este Gilmar, motivo de nossa repulsa, passa por cima de craques como o juiz De Sanctis e o Grandis e só defende aqueles com muito dinheiro, mesmo que amealhado de modo ilícito e criminoso. Voltemos ao nosso encontro com o Brasil, representado pelo Piauí. Segurávamos, eu, Mamá, Clóvis e outro internauta indiganado cartazes com palavras de ordem que nós produzimos ali no vão do Masp enquanto a moçada se organizava. Buscávamos chamar a atenção dos passantes para a nossa manifestação, ampliar o apoio à indignação.

Piauí mora em um bairro pobre da zona Norte, Jardim Vista Alegre, e me contava dos seus inúmeros amigos, pais de família que, por motivos bobos, (como roubar um shampoo, um pote de margarina ou mesmo sem cometer crime algum como o Sandro) mofam nas cadeias de nosso país, enquanto seus filhos são criados soltos nas ruas. Piauí é um homem negro, bem magro, seu corpo mostra o preparo daqueles que tentam ganhar a vida nas ruas, caminhando longas distâncias de onde vivem para os centros onde buscam vender suas mercadorias. Os fiscais da prefeitura (aqueles mesmo envolvidos em uma máfia que recentemente tomou os noticiários) tomaram todos os seus apretechos de trabalho, porque ele não ganha o suficiente para lhes pagar as proprinas exigidas.

Ele já morou embaixo da ponte e hoje contrariando o senso comum e preconceituoso de que os pobres abandonam seus filhos à própria sorte e não se preocupam com a educação deles (reproduzido por uma classe média alienada que ocupa as instituições privadas e públicas e que não conhece a periferia) participa da associação de Pais e Mestres da Escola República da Colômbia, no Jardim Vista Alegre. Ele quer fazer a diferença na escola em que sua filha estuda, ele deseja que ela e as crianças do Jardim Vista Alegre tenham garantido o direito de ter acesso à boa educação. Sua contribuição é ensinar às crianças como se expressarem a partir da arte, mas ele quer mais, ele quer que as crianças tenham direito de dançar, cantar, aprender bem o seu idioma e uma língua estrangeira e tudo que lhes dê chance de continuar a batalha da sobrevivência.

Piauí encantou a todos e deveria dar curso à classe média que abriu mão de seu papel cidadão. Uma dada hora ouvi ele dizer a uma advogada encantada: sabe qual é o grande problema? Os seus filhos vão para uma boa escola, crescem, se formam, os meus não. Pode ser que se encontrem em um farol, um dentro do carro e o outro pedindo esmola e um mate o outro.

Pode parecer hardcorde a constatação nua e crua de Piauí, mas ela não está longe da verdade. Piauí não apenas vê e sente em sua pele negra os problemas que afetam a comunidade onde vive. Ele busca cotidianamente resistir, ser sujeito de sua história e agir contra a sistemática exclusão destinada a ele e todos os demais Piauí e seus filhos. Convidei Piauí pra se agregar a nós com o 'troféu' que ele confeccionou para entregar aos representantes corruptos nos Três Poderes. Foi sobre as desigualdades a tônica do discurso de Piauí que se apropriou do megafone dos Sem Mídia e abriu sua fala dizendo: Vocês sabem por que o Cacciola desceu rindo do avião? Por que ele sabe que vai ficar pouco tempo na cadeia e em cela especial. Eu sou contra as pessoas educadas terem celas especiais. As pessoas educadas, como o juíz Lalau, sabem o que estão fazendo, conhecem a lei, tem informação e formação, seus crimes são, assim, maiores que dos ladrões de galinha. Os mais bem educados tinham obrigação de agir bem. Por que então quando cometem um crime (e raramente são presos) têm acesso à cela especial?


Piauí e todos os brasileiros pobres de nosso país sabem que nossa Justiça é classista no corpo da lei: ela pune duplamente os pobres, os sem instrução superior, os sem equipes de advogados que já ocuparam os altos postos da Corte Suprema como o ex-ministro do STF, Luis Carlos Lopes Madeira, um dos inúmeros advogados de Daniel Dantas. A Justiça classista brasileira confina os pobres como bichos em jaulas super lotadas, sem condições mínimas de higiene e saúde, sem chance alguma para reabilitação e os esquece para mofarem, 'mortos em vida'. Já para os Dantas, Nahas, Cacciolas ela é pródiga em benefícios e benesses e, muitas vezes, incapaz de puni-los e devolver aos cofres públicos os recursos lesados por esses bandidos de colarinho branco. Piauí sabe que a escola de sua filha não tem os recursos que poderia ter, porque existe corrupção e porque os que estão no poder e desejam combatê-la são boicotados, em contra-discursos pautados nas redações para confundir e não informar a população.

Piauí sabe que os mesmos que, há décadas, roubam os cofres públicos em operações complicadas neste país, querem empurrá-lo para marginalidade, mas ele resiste e diz: 'eu não quero ser como eles'. E amplia sua voz no megafone argumentando: se a corrupção existe da forma que existe é porque permitimos, é porque não exercemos nosso poder de cidadania; é porque nos próximos mega showmícios tem gente lá pra aplaudir e eleger aqueles que só conhecem a periferia em época de campanha. Por isso, essa manifestação não pode parar aqui, a gente tem de continuar, ampliar, até sermos ouvidos. Piauí em nossa festa democrática ensinou a muita gente o que é cidadania, o que é ver e ser visto sem preconceitos, o quanto é importante exercer o direito de se manifestar livre e pacificamente. Ensinou até ao cinegrafista da Globo que, ouvindo a nossa conversa, depois comentou: "Quem olha pra esse cara não dá nada por ele".

Fonte: Vi o Mundo.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Pelo impeachment de Gilmar Mendes

Cidadãos brasileiros, estamos aqui hoje para pedir o impeachment do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, de acordo com o artigo 39, item V da Constituição Federal, combinados com os artigos 41 e 52, II, da Carta Maior, pois, conforme dispõe a Constituição, qualquer cidadão, de posse de seus direitos políticos, pode solicitar o impeachment de um membro do Supremo. É o que fazemos aqui hoje.

Neste exato momento, porém, quem se manifesta não são, tão-somente, os que aqui estão fisicamente. Um abaixo-assinado que tem os mesmos propósitos que os deste ato pulsa na internet e amplifica nossos pleitos. Essa petição na internet pelo impeachment do ministro Gilmar Mendes tinha cerca de dez mil assinaturas virtuais no fim da última sexta-feira.

Ao mesmo tempo, em tantas capitais das unidades federativas da Nação, tais como Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio e São Paulo, homens e mulheres, cidadãos brasileiros em pleno gozo de seus direitos políticos recorrem ao Poder Judiciário, ao Congresso Nacional e à própria Presidência da República, aos Poderes Constituídos do Estado, para que ouçam o clamor das ruas, dos corações, das almas daqueles que em si já não cabem mais de indignação com uma Pátria em que há uma Justiça para cada estrato social.

Vejam a mulher pobre de São Paulo que roubou um vidro de xampu em um supermercado e, por esse crime, passou um ano de sua vida na prisão, tendo sido vilmente seviciada por outras almas enlouquecidas pelas masmorras medievais que são as prisões brasileiras. Tais
sevícias roubaram-lhe a luz de um dos olhos, do qual ficou cega.


Vejam os garotos assustados, levados no Rio de Janeiro às garras pútridas de feras assassinas, de chefes impiedosos do crime organizado, por agentes do mesmo Estado ao qual ora apelamos.


Vejam as crianças fuziladas no mesmo Rio, de tantos horrores, na Candelária, num passado
não tão distante.


Vejam os sem-terra sendo fuzilados numa estrada do Pará por pedirem terra para dela subsistirem.

Vejam o jovem desorientado, sem educação, sem esperança, sem futuro, que, aliciado pelo canto da sereia do crime, vende o veneno do traficante sediado nos Jardins ou em Ipanema e, por isso, é pendurado nos paus-de-arara da Nação para que confesse, até a última gota de sangue, quem lhe roubou a inocência.

Para esses brasileiros empurrados à criminalidade pela iniqüidade vil desta Pátria, pelo descaso daqueles todos que contribuíram por gerações para dividir o país em uma microscópica Bélgica e uma incomensurável terra de ninguém, para esses não se tira o presidente do STF da cama na calada da noite pedindo que passe por cima das instâncias inferiores da Justiça, que atropele as leis para mitigar-lhes o sofrimento.

Para aqueles brasileiros que o Estado tratou com tanta severidade, muitas vezes pisoteando seus direitos constitucionais, não haverá um doutor Gilmar Mendes para resgatá-los do inferno das prisões que os ricos, no Brasil, jamais irão pisar, cometam o crime que cometerem.

E não poderíamos deixar de apoiar a decisão do juiz federal Fausto De Sanctis sobre as prisões de Daniel Dantas e seus asseclas. Continuam sendo necessárias para que se realize a instrução criminal, conforme estabelece o Código de Processo Penal em seu artigo 312 (Art. 312 - A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. ).

Toda a Nação Brasileira viu a "montanha" de dinheiro acumulada para ser subornado um agente da lei. Todos sabem em benefício de quem a tentativa de suborno foi cometida, pois o nome do beneficiário está em prova gravada com autorização judicial e anexada à peça de investigação da Polícia Federal produzida pela Operação Satiagraha.

A saída do Ministro Gilmar Mendes do STF é condição necessária para que se estabeleça novamente o respeito que os cidadãos brasileiros devem ter por seu tribunal supremo, que o ministro desrespeitou contrariando inclusive a jurisprudência do STF e o próprio rito processual.

Queremos também externar admiração pelo juiz De Sanctis por seu trabalho. Tal admiração, extensiva ao trabalho do delegado doutor Protógenes Queiroz e a toda a sua equipe, que, com maestria, souberam driblar toda sorte de dificuldades para encarcerar os meliantes.


Urgem o impeachment de Gilmar Mendes e o prosseguimento inabalável da investigação de crimes que afrontaram a sociedade não apenas pela ousadia e pela dimensão dos danos a ela causados, mas pela conduta imprópria daquele que deveria ser o guardião maior da lei, por ter estabelecido uma Justiça diferente para um único cidadão sem qualquer respaldo no Arcabouço Jurídico da Nação.

São Paulo, 19 de julho de 2008

(Assinaturas dos presentes)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Procuradores podem investigar cúpula da PF

Por : Bob Fernandes

Ainda na noite desta quinta-feira, 17, é possível que comece a vazar a íntegra de uma conversa entre os delegados afastados do caso Daniel Dantas/Satiagraha e integrantes da cúpula da Polícia Federal que estavam em São Paulo, na sede da Superintendência.

A cópia da conversa já está com procuradores federais em São Paulo, que estudam a abertura de uma ação denominada "controle de atividade". A investigação, se realmente aberta, focará a ação de integrantes da cúpula da PF em episódios recentes do caso Dantas/Satiagraha.

Na terça-feira 15, o delegado Protógenes Queiroz e outros dois delegados que o auxiliaram, Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pellegrini, pediram para deixar as investigações da Operação Satiagraha. Hoje, a PF divulgou quatro minutos e 41 segundos da reunião que durou mais de duas horas e meia.

Naquela mesma terça, o diretor geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, tirou "férias de 15 dias". Outra tensa reunião havia ocorrido na noite e madrugada dos dias 8 e 9 de julho.

Fonte: Terra Magazine

Ouça o que diz, o próprio Protógenes Queiroz e tire suas conclusões

Clique no link abaixo e ouça o que disse o delegado "afastado" do caso Daniel Dantas.

http://www.viomundo.com.br/radio/protogenes-elogia-superiores-na-reuniao-da-pf/

P.S. No final do texto, clique na imagem (uma seta)

VALE O PROTÓGENES GRAVADO OU O PROTÓGENES DA GLOBO?

Sim, é acessório.

Sim, sei que 90% dos leitores vão me escorraçar, já que o delegado Protógenes Queiroz é o novo darling do Brasil.

Mas não dá para desconhecer que estamos diante de um possível caso de dupla personalidade.

O Protógenes do Jornal Nacional é um homem que luta para permanecer no cargo, de acordo com reprodução do texto de reportagem que foi ao ar ontem à noite:

De acordo com os delegados presentes, Protógenes reafirmou o desejo de continuar NO COMANDO das investigações. Ele teria dito que o curso que fará na semana que vem em Brasília não o impediria de prosseguir nas apurações. 

Já o Protógenes gravado pela Polícia Federal, em reunião com superiores, diz:

Minha proposta é essa, é permanecer a minha vinculação no seu gabinete à sua disposição até o final dos trabalhos, pra não ficar aquela pecha de que Brasília vem fazer operação nos Estados e deixa no meio do caminho. As minhas nunca ficaram no meio do caminho. As minhas nunca ficaram. E, a exemplo dessa, não vai ficar. Só que com um diferencial. Eu não vou estar presidindo, eu NÃO PRETENDO PRESIDIR NENHUMA INVESTIGAÇÃO.

 Fonte: Vi o mundo (blog do Luis Carlos Azenha)


Lula e o delegado

À esta hora, eu deveria estar escrevendo o documento que será lido nas manifestações pelo impeachment de Gilmar Mendes que acontecerão no próximo sábado em várias partes do país, mas a desonestidade intelectual que começou a grassar através da campanha que tenta vender que o delegado Protógenes Queiroz foi coagido pelo governo Lula a se afastar das investigações sobre Daniel Dantas e asseclas obriga-me a escrever uma vez mais sobre o assunto.

Primeiro, quero deixar claro que em nenhum momento eu disse que o afastamento do delegado Queiroz foi uma medida que o presidente Lula apoiou. Em meu texto mais indignado com o erro político crasso do governo, de permitir o anúncio do afastamento do delegado em seguida à reunião de Lula com Gilmar Mendes, tudo na mesmíssima terça-feira, eu disse, textualmente, o seguinte: “O presidente da República acabou se convertendo no pior inimigo de si mesmo ao deixar correr as coisas sob suas barbas”, ou seja, Lula, como se sabe, tem permitido que decisões políticas da maior importância sejam tomadas à sua revelia.

Esse é um erro do presidente para o qual volto a chamar atenção. O caso do afastamento do delegado é emblemático: representantes da cúpula da PF se reúnem com o delegado Queiroz e anunciam uma medida que, mesmo para o mais neófito nos meandros da política, ficaria evidente que passaria à sociedade a idéia de que teria havido um abafamento das investigações que decorreu da reunião entre os presidentes da República e do STF que ocorria paralelamente.

Ora, sendo ou não sendo decisão do delegado se afastar, teria que haver um critério para se fazer esse anúncio, e deveria ser o critério de tomar cuidado para não passar às pessoas a idéia de que as duas reuniões (de Lula com Mendes e do delegado com a cúpula da PF) tinham ligação uma com a outra.

Agora, eu jamais disse – e jamais diria – que Lula mandou abafar o caso, porque sem Lula não haveria investigação nenhuma da PF, nem essa sobre Daniel Dantas nem muitas outras que flagraram petistas com a boca na botija e que ocorreram graças ao apoio que o presidente vem dando a essa PF desde que assumiu o cargo em 2003.

Para os que põem isso em dúvida, quero lembrar que o governo federal tem, sim, muitos meios de impedir investigações, CPIs e inquéritos no MPF. Como prova, basta ver que o governo anterior ao de Lula, o de FHC, impediu praticamente todas as CPIs contra si, nomeou um procurador-geral da República (MPF) que ficou conhecido como “engavetador-geral da República” e a PF tucana jamais incomodou o poder Executivo federal e os amigos dos tucanos e pefelês.

Com tantas e tantas ações firmes da PF durante todos esses anos, com um procurador-geral da República que, apesar de ter sido nomeado por Lula, denunciou vários petistas eminentes, como no escândalo do mensalão, por exemplo, apesar de que poderia ter feito como o PGR de FHC e engavetado tudo, e com as toneladas de CPIs, muitas absurdamente sem sentido, que o PT, além de permitir, assinou, como é que alguém pode ter a cara-de-pau de dizer que Lula tentou abafar a investigação?

Algumas perguntas:

1ª - Se Lula quisesse abafar alguma coisa, não deveria ter abafado a investigação Dantas muito antes de chegar ao ponto em que chegou?

2ª – Por que é que, até agora, a imprensa não fez uma de suas mágicas e entrevistou Protógenes Queiroz?

3ª – Como é que o delegado Queiroz pode ter tido coragem de acusar, além de Dantas e asseclas, tucanos, petistas e a mídia e, agora, não tem coragem de vir a público desmentir Lula quando ele diz que não mandou afastar o delegado coisa nenhuma?

Outro ponto que vale destacar é o comentário do leitor e advogado César Lenzi, de Jaraguá do Sul (SC):

Eduardo, para comprovar a veracidade da nota oficial da Polícia Federal, recomendo, a quem interessar possa, acessar o site do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, clicando, na seqüência, em “judicial”, “acompanhamento processual”, “seção judiciária do distrito federal”, “nome da parte”, “Protógenes Pinheiro de Queiroz”, clicando no número do processo (2008.34.00.015110-5). Consta no resumo do andamento processual que o delegado, com tal ação, busca a declaração judicial para poder “matricular-se e freqüentar o curso superior de polícia”. No dia 20 de maio, houve, efetivamente, uma decisão judicial deferindo a tutela antecipada ao autor da ação.

Como vocês podem notar, o delegado que dizem que foi coagido a deixar a investigação de Dantas entrou com ação na Justiça para se afastar dessa investigação para poder freqüentar o tal curso que lhe permitirá ser promovido.

Quero dizer aos leitores que ficaram sinceramente indignados – e muitos dos que se manifestaram aqui contra Lula estavam, sim, tomados por uma santa indignação e não por oportunismo político, pois eu os conheço – que tomem cuidado, porque estão sendo usados. Nesse contexto, leiam o que escreveu hoje uma das mais eminentes e legítimas representantes do partido da imprensa golpista, Eliane Cantanhêde, colunista da Folha que é casada com o marqueteiro dos tucanos, que faz a campanha de Gilberto Kassab a prefeito de São Paulo e que fez a de Serra e Alckmin em 2006, mas que tenta afetar “isenção” apesar de que se dedica, o tempo todo, a malhar Lula:


ELIANE CANTANHÊDE Do abafa à indignação


BRASÍLIA - Na terça, os delegados da operação Satiagraha se recolheram (ou foram recolhidos) à sua insignificância, o diretor-geral da PF tirou férias, e o presidente do Supremo e o ministro da Justiça trocaram de bem, sob as bênçãos do presidente da República. A imprensa ficou falando sozinha de Celso Pitta, Naji Nahas e Daniel Dantas -que são o que interessa.

Ontem, o governo percebeu o erro monumental que estava cometendo. Diante da evidência de pressões para abafar o caso e da indignação generalizada, houve um meia-volta-volver: Lula fez o gênero indignado com as "insinuações", o delegado tomou depoimento de Dantas, até a Justiça tocou o barco.

No início do imbróglio, Lula conclamou todos a "andar na linha", porque os tempos são outros: "Quem achar que pode viver de picaretagem algum dia vai cair". Mas vai demorar, presidente...

Por enquanto, a discussão é outra: preservar o Estado Democrático de Direito, coibir abusos contra cidadãos ilibados e expostos com algemas à execração pública e investir mais nas Defensorias Públicas, que vão igualar, já, já, os pobres e os ricos diante da lei e da ordem.

O melhor mesmo (para os suspeitos) é pular a fase do inquérito e ir logo para a do processo: de recurso protelatório em recurso protelatório, as testemunhas não têm mais crédito, as provas são desqualificadas, e os delegados, juízes e promotores, ironizados por só quererem aparecer. As acusações desmoronam como castelo de cartas. E TVs, rádios, jornais elegem outros temas, igualmente quentes.

Daqui a algum tempo, sobra uma leve lembrança de habeas corpus concedidos tarde da noite e da discussão algema-não-algema. Pitta, Nahas e Dantas nem precisarão se dar ao trabalho de disputar eleições para a Câmara ou o Senado -na prática, foro privilegiado é o que não lhes falta.

Muito cuidado, meus amigos. O PIG é diabólico e nunca desiste de tentar fazer todos nós de trouxas. Não se deixe usar, pois. Sábado, vamos nos manifestar pela isonomia de todos os brasileiros diante da lei e pela substituição de um presidente da Suprema Corte suspeito – por atos e palavras – de usar o cargo para favorecer aliados políticos. Não vamos às ruas para fazer o jogo político da oposição tucano-pefelê-midiática.

Como dizem meus clientes latino-americanos, meus caros, “ojo!"

ENDEREÇO DA POSTAGEM
http://edu.guim.blog.uol.com.br/arch2008-07-13_2008-07-19.html#2008_07-17_11_55_06-3429108-0
Escrito por Eduardo Guimarães às 10h55

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Quer informação de verdade?

O jornalismo “investigativo” brasileiro manifesta-se, em todo seu esplendor, nestes dias posteriores à Operação Satiagraha. Os bravos repórteres dedicam-se à estafante tarefa de recortar e colar partes do relatório parcial da Polícia Federal – ou reproduzir informações assopradas de afogdilho por alguma fonte com acesso privilegiado às investigações.

Análise, interpretação dos trechos truncados? Seria demais esperar isso, como seria demais que se dessem ao simples trabalho de checar se determinados “furos” já não são de conhecimento até do mundo mineral. (Clique na imagem ao lado para ver a reprodução das capas citadas)

Algumas das tantas “reportagens” que brotam na extensa cobertura da chamada “grande imprensa” foram relatadas em várias edições de CartaCapital em passado não tão longíquo. Era o auge do escândalo do “mensalão” e o dito jornalismo investigativo andava mais preocupado com o dinheiro na cueca de um assessor parlamentar no Ceará e os supostos dólares de Cuba.

Para facilitar o trabalho deste time de investigadores da imprensa, agora heróis da liberdade e da apuração exaustiva, a revista lista a seguir as edições onde eles podem achar mais informações para enriquecer seu trabalho. Bom proveito.

Edição 348, de 29 de Junho de 2005 – A reportagem O orelhudo tá nessa, a partir da página 28, narra a participação de Daniel Dantas no Valerioduto e conta como petistas, entre eles Sílvio Pereira, Delúbio Soares e José Dirceu, defenderam interesses do Opportunity no governo. O nome do advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, vulgo Kakay, amigo de Dirceu, é apresentado como intermediário entre Dantas e o ex-ministro da Casa Civil. Atenção jornalistas investigativos, um executivo do Citibank contou a CartaCapital um diálogo com Dantas. O banqueiro brasileiro disse à turma do Citi que havia pagado 5 milhões (não disse se dólares ou reais) a Kakay para resolver seus problemas no governo.

Edição 354, de 10 de agosto de 2005 – Em A Conexão Lisboa, CartaCapital conta os objetivos da viagem do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza a Portugal. O resto da imprensa atribuiu a viagem, da qual também participou Emerson Palmieri, tesoureiro do PTB, como lobby pela privatização do IRB, a empresa de resseguros do governo. Marcos Valério teria se apresentado como “representante do governo” na ocasião. A revista revelou que o motivo da viagem foi discutir a venda da Telemig Celular à Portugal Telecom. O plano de Dantas era negociar a empresa de telefonia celular mineira com os portugueses e usar o dinheiro para comprar a Brasil Telecom dos demais sócios (Citi e Telecom Itália), mantendo os fundos de pensão como minoritários. O problema era a oposição destes fundos. O mais firme opositor era Sérgio Rosa, presidente da Previ (fundo dos funcionários do Banco do Brasil). A idéia era demover Rosa da presidência da fundação e agir para que Henrique Pizzolatto assumisse o posto. Pizzolatto recebeu dinheiro do Valerioduto e agiu a favor de DD neste episódio. Uma auditoria da Brasil Telecom apontou mais tarde que o Opportunity provocou prejuízos de 600 milhões de reais à operadora, ao usar a estrutura e dinheiro da companhia em proveito próprio.

Edição 363, de 12 de outubro de 2005 – A reportagem Segredos do Brasil conta a expectativa de autoridades quanto à abertura e o conteúdo do disco rígido dos computadores do Opportunity (os dados do HD são um dos sutentáculos da Operação Satiagraha). Relata-se ainda a pressão que o então ministro José Dirceu teria exercido sobre o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e a Polícia Federal a favor de Dantas. Conta-se, por fim, as tentativas de desqualificação de Edson Vidigal, então ministro do STJ, que deu decisões desfavoráveis ao Opportunity.

Edição 377, de 25 de janeiro de 2006 – Na quarta-feira, 16, a Folha de S. Paulo revela aos seus leitores ter tido acesso a um documento que CartaCapital publicou com detalhes mais de dois anos atrás. Em A agenda e a crise, descreve-se os encontros de Humberto Braz, à época presidente da Brasil Telecom Participações e atualmente preso por tentar corromper um delegado federal que atuou na Satiagraha, com figuras centrais do chamado “mensalão”. Estão lá, além de Marcos Valério, Ivan Guimarães, Duda Mendonça, Kakay, Cristiano Paes, entre outros. Braz também se reuniu 15 vezes com Eduardo Rascovisky, lobista carioca que tentou corromper o marido da juíza Márcia Cunha, segundo relato da própria magistrada. Titular da 2ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Márcia Cunha tinha tomado decisões contrárias aos interesses do Opportunity na disputa pelo controle das empresas de telefonia. Como o suborno não funcionou, a juíza passou a ser alvo de ataques. Um dossiê contra ela foi parar na imprensa. Márcia Cunha respondeu a um processo administrativo no tribunal e a quatro pedidos de suspeição feitos por advogados de Dantas.

Edição 395, de 31 de maio de 2006 - Dantas e os petistas expõe as relações de próceres do PT com Dantas, a partir da estranha reunião na casa do senador Heráclito Fortes após a divulgação, por Veja, de contas falsas do presidente Lula, ministros e autoridades. A revista do grupo Abril atribuiu o dossiê a Dantas. Na casa de Fortes, e na presença do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e dos deputados petistas Simaringa Seixas e José Eduardo Cardozo, o banqueiro negou ter sido autor do dossiê (acabou indicado, no ano passado, por calúnia). CartaCapital contou como Cardozo havia defendido interesses do Opportunity ao solicitar uma investigação da venda da CRT, operadora do Rio Grande do Sul, à Brasil Telecom. Essa operação serviu para Dantas encobrir os reais motivos da contratação da Kroll para bisbilhotar desafetos e concorrentes.

Edição 396, de 7 de junho de 2006 - A Fábrica de Dossiês revelou há dois anos o que O Estado de S. Paulo acaba de descobrir: Dantas mandou espionar juízes. É uma longa lista de documentos apreendidos por conta da Operação Chacal, em 2004. Nos dossiês há referências a tucanos, petistas, policiais federais, magistrados e empresários nacionais e estrangeiros.

Transcito da site da Carta Capital

reconectando-me

Desde segunda-feira estou desconectado do mundo. Por excesso de trabalho, nas últimas 48 horas não vi telejornal nem li os meus blog favoritos que, entre outras fontes, formam de minhas opiniões.

Ao reconectar-me ao mundo hoje, fiquei assustado com as notícias veiculadas nas últimas horas. Não sabia que o grande Protógenes Queiroz fora afastado das investigações contra Daniel.
Graças a Deus, só soube do afastamento do delegado Protógenes, ao mesmo tempo em que soube que LULA garantiu que ele só será afastado se quiser se afastar.

Sinceramente, espero que LULA faça ainda mais que isso, que possibilite e disponibilize todos os meios legais para que o delegado trabalhe amparado por uma equipe técnica séria e competente, além dos recursos do aparelhamento tecnológico necessário.

domingo, 13 de julho de 2008

Maio de 2002 - o ovo da serpente estava chocando...

Em 8 de maio de 2002, quando GIlmar Mendes estava para ser nomeado por FHC para o STF, o jurista e professor Dalmo de Abreu Dallari foi profético, em artigo escrito na Folha de São Paulo:

SUBSTITUIÇÃO NO STF

Degradação do Judiciário

Nenhum Estado moderno pode ser considerado democrático e civilizado se não tiver um Poder Judiciário independente e imparcial, que tome por parâmetro máximo a Constituição e que tenha condições efetivas para impedir arbitrariedades e corrupção, assegurando, desse modo, os direitos consagrados nos dispositivos constitucionais.

Sem o respeito aos direitos e aos órgãos e instituições encarregados de protegê-los, o que resta é a lei do mais forte, do mais atrevido, do mais astucioso, do mais oportunista, do mais demagogo, do mais distanciado da ética.

Essas considerações, que apenas reproduzem e sintetizam o que tem sido afirmado e reafirmado por todos os teóricos do Estado democrático de Direito, são necessárias e oportunas em face da notícia de que o presidente da República, com afoiteza e imprudência muito estranhas, encaminhou ao Senado uma indicação para membro do Supremo Tribunal Federal, que pode ser considerada verdadeira declaração de guerra do Poder Executivo federal ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil e a toda a comunidade jurídica.

Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. Por isso é necessário chamar a atenção para alguns fatos graves, a fim de que o povo e a imprensa fiquem vigilantes e exijam das autoridades o cumprimento rigoroso e honesto de suas atribuições constitucionais, com a firmeza e transparência indispensáveis num sistema democrático.

Segundo vem sendo divulgado por vários órgãos da imprensa, estaria sendo montada uma grande operação para anular o Supremo Tribunal Federal, tornando-o completamente submisso ao atual chefe do Executivo, mesmo depois do término de seu mandato. Um sinal dessa investida seria a indicação, agora concretizada, do atual advogado-geral da União, Gilmar Mendes, alto funcionário subordinado ao presidente da República, para a próxima vaga na Suprema Corte. Além da estranha afoiteza do presidente -pois a indicação foi noticiada antes que se formalizasse a abertura da vaga-, o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país.

É oportuno lembrar que o STF dá a última palavra sobre a constitucionalidade das leis e dos atos das autoridades públicas e terá papel fundamental na promoção da responsabilidade do presidente da República pela prática de ilegalidades e corrupção.

A comunidade jurídica sabe quem é o indicado e não pode assistir calada e submissa à consumação dessa escolha inadequada.


É importante assinalar que aquele alto funcionário do Executivo especializou-se em "inventar" soluções jurídicas no interesse do governo. Ele foi assessor muito próximo do ex-presidente Collor, que nunca se notabilizou pelo respeito ao direito. Já no governo Fernando Henrique, o mesmo dr. Gilmar Mendes, que pertence ao Ministério Público da União, aparece assessorando o ministro da Justiça Nelson Jobim, na tentativa de anular a demarcação de áreas indígenas. Alegando inconstitucionalidade, duas vezes negada pelo STF, "inventaram" uma tese jurídica, que serviu de base para um decreto do presidente Fernando Henrique revogando o decreto em que se baseavam as demarcações. Mais recentemente, o advogado-geral da União, derrotado no Judiciário em outro caso, recomendou aos órgãos da administração que não cumprissem decisões judiciais.

Medidas desse tipo, propostas e adotadas por sugestão do advogado-geral da União, muitas vezes eram claramente inconstitucionais e deram fundamento para a concessão de liminares e decisões de juízes e tribunais, contra atos de autoridades federais.

Indignado com essas derrotas judiciais, o dr. Gilmar Mendes fez inúmeros pronunciamentos pela imprensa, agredindo grosseiramente juízes e tribunais, o que culminou com sua afirmação textual de que o sistema judiciário brasileiro é um "manicômio judiciário".

Obviamente isso ofendeu gravemente a todos os juízes brasileiros ciosos de sua dignidade, o que ficou claramente expresso em artigo publicado no "Informe", veículo de divulgação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (edição 107, dezembro de 2001). Num texto sereno e objetivo, significativamente intitulado "Manicômio Judiciário" e assinado pelo presidente daquele tribunal, observa-se que "não são decisões injustas que causam a irritação, a iracúndia, a irritabilidade do advogado-geral da União, mas as decisões contrárias às medidas do Poder Executivo".

E não faltaram injúrias aos advogados, pois, na opinião do dr. Gilmar Mendes, toda liminar concedida contra ato do governo federal é produto de conluio corrupto entre advogados e juízes, sócios na "indústria de liminares".

A par desse desrespeito pelas instituições jurídicas, existe mais um problema ético. Revelou a revista "Época" (22/4/ 02, pág. 40) que a chefia da Advocacia Geral da União, isso é, o dr. Gilmar Mendes, pagou R$ 32.400 ao Instituto Brasiliense de Direito Público -do qual o mesmo dr. Gilmar Mendes é um dos proprietários- para que seus subordinados lá fizessem cursos. Isso é contrário à ética e à probidade administrativa, estando muito longe de se enquadrar na "reputação ilibada", exigida pelo artigo 101 da Constituição, para que alguém integre o Supremo.

A comunidade jurídica sabe quem é o indicado e não pode assistir calada e submissa à consumação dessa escolha notoriamente inadequada, contribuindo, com sua omissão, para que a arguição pública do candidato pelo Senado, prevista no artigo 52 da Constituição, seja apenas uma simulação ou "ação entre amigos". É assim que se degradam as instituições e se corrompem os fundamentos da ordem constitucional democrática.


Fonte: Os amigos do Presidente Lula

Como o STJ e STF responderam à afirmação de Daniel Dantas?

No dia da primeira prisão de Daniel Dantas, durante o Jornal Nacional, o repórter informou que Daniel Dantas teria dito que não teme o STJ (Superior Tribunal de Justiça) nem o STF (Supremo Tribunal Federal), alegando que nestes tribunais ele encontraria facilidades, temia apenas a justiça de primeira instância.
O Superior Tribunal de Justiça não comentou nem respondeu àquela afirmação. Ao contrário, o Supremo Tribunal Federal, por meio do seu presidente, Ministro Gilmar Mendes, foi enérgico, rápido e eficiente. Em tempo recorde, concedeu dois habeas corpus para soltar o lider da quadrilha que desviou apenas U$$ 2.000.000.000 (dois bilhões de dólares) oriundos de verbas públicas, evasão de divisas e sabe-se lá o que mais.
O STF, foi ferrenho e inclemente na defesa daquele que merece facilidades perante aquele tribunal, a mais alta corte de justiça do país.
Além de contrariar a opinião do 130 juízes da Justiça Federal, dos Procuradores do Ministério Público Federal,  da Polícia Federal e do Ministério da Justiça, o Ministro Gilmar Mendes ainda entrou com representação no Conselho Nacional de Justiça contra o juiz que mandou prender o "insuspeitíssimo" e "respeitabilíssimo" Daniel Dantas, cujos crimes que lhe são imputados são apenas o de subornar por U$$ 1.000.000 (hum milhão de dólares) o delegado da Polícia Federal, Vitor Hugo, e por desviar, desde as privatizações da era FHC até os dias atuais, de maneiras diversas, U$$ 2.000.000.000 (dois bilhões de dólares).
Pode alguém com tamanha competência para roubar e corromper ficar preso? Seria uma verdadeira injustiça não reconhecer, e pior ainda, não premiar os esforços de uma pessoa tão capaz assim.
Creio que este é o verdadeiro motivo que embasa as convicções do Ministros Gilmar Mendes. 

sábado, 12 de julho de 2008

Bandidos. uni-vos!

Crônica

Por: Eduardo Guimarães

Bandidos, uni-vos!

Aparício Torelly, o Barão de Itararé


Hoje, quero me dirigir a vocês, canalhas de todas as cepas, estelionatários e traficantes de drogas, piratas intelectuais, contrabandistas, falsificadores de dinheiro, assassinos de aluguel, cafetões, gigolôs...

Em suma, àqueles que fazem do crime seu modus vivendi, quero apontar o caminho para que deixem de ser discriminados e desrespeitados quando flagrados com a boca na botija.

Deixem de ser arrestados com violência, violadores da lei. Parem de ser algemados sem questionamentos do Supremo e da oposição tucano-pefelê mesmo quando, sabendo que “a casa caiu”, não oferecerem resistência à prisão.

Primeiro conselho: roubem, mas roubem muito. Mesmo quando delinqüirem por vingança, dêem um jeito de roubar muito dinheiro junto do crime principal. Mas tem que ser muito.

Precisam roubar somas estratosféricas se quiserem ter seus direitos existentes e fictícios respeitados e até inventados pela cúpula da Justiça.

E para serem julgados pela Suprema Corte, é claro, pois neste país há uma senha para aqueles que por aquela Corte são julgados: se chegaram até lá, é porque têm o que é preciso para serem imunizados contra a lei – ou seria “impunizados”?

Dirão vocês, ó gatunos e tarados, ó punguistas e ladrões de xampu em supermercado, ó apontadores de jogo do bicho, ó passadores de “bagulho”, que vocês não têm acesso às fortunas que um Daniel Dantas e congêneres têm, que não fizeram amizades com políticos e que não podem, por isso, contar com a boa vontade da mídia.

Sim, reconheço vosso obstáculo à impunidade e já havia pensado nele. E foi pensando nele que engendrei uma solução.

Por que não criarem uma cooperativa, pretensos gênios do mal? Se o que precisam é de muito dinheiro para comprarem o apoio do Supremo, da imprensa e de partidos políticos, uni-vos, ó trambiqueiros do Brasil.

Aliás, já que não se pode restaurar a moralidade nestas plagas, façamos como apregoou o Barão de Itararé: locupletemo-nos todos de uma vez por todas.


Fonte: Cidadania.com

Juiz De Sanctis desmente que tenha monitorado Mendes

INFORMAÇÃO À IMPRENSA


Em face da notícia veiculada nesta data sobre suposto monitoramento pela Polícia Federal do gabinete do Ministro Gilmar Mendes:
Este magistrado federal, atuando na 6ª Vara Federal Criminal desde 17.10.1991, sempre acatou as determinações advindas das instâncias superiores como, aliás, era de se esperar.
O respeito à Constituição e as normas dela decorrentes implica em bem dimensionar o limite jurisdicional de atuação e, evidentemente, em hipótese alguma, poder-se-ia vislumbrar ingerência em esfera alheia de atribuição.
O respeito também se dá em relação aos ocupantes de cargos públicos, sejam eles do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do Poder Judiciário.
A atuação deste magistrado pauta-se na sua convicção, sem qualquer ingerência ou influência, tendo consciência da importância e do alcance dos atos jurisdicionais que profere em nome da Justiça Federal.
A convicção de um juiz criminal afigura-se fruto de toda uma experiência profissional e ela se dá de forma a atender as expectativas da sociedade em ter, em seu magistrado, a segurança de uma decisão ou de um julgamento legítimo e imparcial, dirigido a qualquer pessoa objeto de investigação ou processo criminal, dentro da estrita legalidade. Não pode ser admitida no funcionamento da Justiça Criminal distinção de tratamento. Diferença física, psíquica ou econômica ensejaria violação do preceito da igualdade já que a todos cabe a sujeição à legislação penal, expressão de um povo, respeitando-se a atividade regular do Estado.
Este magistrado tem consciência de que, como funcionário público, serve ao povo, verdadeiro legislador e juiz, e para corresponder à sua confiança não abre mão dos deveres inerentes ao cargo que ocupa, sempre respeitando os sistemas constitucional e legal.
Jamais foi proferida decisão emanada deste juízo autorizando o monitoramento de pessoas com prerrogativa de foro, como veiculado na matéria jornalística. Convocada, nesta data, a autoridade policial Protógenes Queiroz, esta afirmou perante este magistrado não ser verdadeira a afirmação de ter monitorado a presidência do S.T.F., sendo que todos os dados trazidos ao juízo, originam-se apenas de monitoramento (telemático e telefônico) dos investigados, com a devida autorização judicial.
Desde que identificado qualquer desvio de conduta por parte da Polícia Federal, certamente este magistrado adotará medidas competentes.
A informação veiculada, totalmente inverídica, somente serviu para, mais uma vez, tentar desqualificar as ações da Justiça Federal, notadamente, deste magistrado, que tenta cumprir sua função pública de maneira equilibrada, ponderada e pautada pelos princípios norteadores do legítimo Estado de Direito.
A atuação jurisdicional conforme a Constituição Federal não pode,s.m.j., levar à responsabilização de um magistrado que, tecnicamente, sem ofensa a qualquer Corte de Justiça, decida questões que, por livre distribuição, sejam submetidas à sua apreciação.

Fausto Martin De Sanctis Juiz Federal Titular da 6ª Vara Federal Criminal especializada em crimes financeirose em lavagem de valores.

Fonte: Conversa Afiada

121 Juízes da Magistratura Federal da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul) divulgaram carta aberta à população em protesto contra Gilmar Mendes

MANIFESTO DA MAGISTRATURA FEDERAL DA 3ª REGIÃO

Nós, juízes federais da Terceira Região abaixo assinados, vimos mostrar, por meio deste manifesto, indignação com a atitude de Sua Excelência o Ministro Gilmar Mendes, Presidente do Supremo Tribunal Federal, que determinou o encaminhamento de cópias da decisão do juiz federal Fausto De Sanctis, atacada no Habeas Corpus n. 95.009/SP, para o Conselho Nacional de Justiça, ao Conselho da Justiça Federal e à Corregedoria Geral da Justiça Federal da Terceira Região.
Não se vislumbra motivação plausível para que um juiz seja investigado por ter um determinado entendimento jurídico. Ao contrário, a independência de que dispõe o magistrado para decidir é um pilar da democracia e princípio constitucional consagrado. Ninguém nem nada pode interferir na livre formação da convicção do juiz, no direito de decidir segundo sua consciência, pena de solaparem-se as próprias bases do Estado de Direito.
Prestamos, pois, nossa solidariedade ao colega Fausto De Sanctis e deixamos clara nossa discordância para com este ato do Ministro Gilmar Mendes, que coloca em risco o bem tão caro da independência do Poder Judiciário.
Até às 17 horas de hoje, 11 de julho, os Juízes Federais abaixo identificados manifestaram-se conforme o presente manifesto, sem prejuízo de novas adesões.

1 - Carlos Eduardo Delgado
2 - José Eduardo de Almeida Leonel Ferreira
3 - Katia Herminia Martins Lazarano Roncada
4 - Raecler Baldresca
5 - Rubens Alexandre Elias Calixto
6 - Claudia Hilst Menezes
7 - Edevaldo de Medeiros
8 - Denise Aparecida Avelar
9 - Taís Bargas Ferracini de Campos Gurgel
10 - Giselle de Amaro e França
11 - Erik Frederico Gramstrup
12 - Angela Cristina Monteiro
13 - Elídia Ap Andrade Correa
14 - Decio Gabriel Gimenez
15 - Renato Luis Benucci
16 - Marcelle Ragazoni Carvalho
17 - Silvia Melo da Matta
18 - Isadora Segalla Afanasieff
19 - Daniela Paulovich de Lima
20 - Otavio Henrique Martins Port
21 - Cristiane Farias Rodrigues dos Santos
22 - Claudia Mantovani Arruga
23 - Paulo Cezar Neves Júnior
24 - Venilto Paulo Nunes Júnior
25 - Rosana Ferri Vidor
26 - João Miguel Coelho dos Anjos
27 - Fabiano Lopes Carraro
28 - Rosa Maria Pedrassi de Souza
29 - Sergio Henrique Bonachela
30 - Rogério Volpatti Polezze
31 - Wilson Pereira Júnior
32 - Nilce Cristina Petris de Paiva
33 - Cláudio Kitner
34 - Fernando Moreira Gonçalves
35 - Noemi Martins de Oliveira
36 - Marilia Rechi Gomes de Aguiar
37 - Gisele Bueno da Cruz
38 - Gilberto Mendes Sobrinho
39 - Veridiana Gracia Campos
40 - Letícia Dea Banks Ferreira Lopes
41 - Lin Pei Jeng
42 - Luiz Renato Pacheco Chaves de Oliveira
43 - Fernando Henrique Corrêa Custodio
44 - Leonardo José Correa Guarda
45 - Alexandre Berzosa Saliba
46 - Luciana Jacó Braga
47 - Marisa Claudia Gonçalves Cucio
48 - Carla Cristina de Oliveira Meira
49 - José Luiz Paludetto
50 - Carlos Alberto Antonio Júnior
51 - Márcia Souza e Silva de Oliveira
52 - Maria Catarina de Souza Martins Fazzio
53 - Nilson Martins Lopes Júnior
54 - Fabio Ivens de Pauli
55 - Mônica Wilma Schroder
56 - Louise Vilela Leite Filgueiras Borer
57 - José Tarcísio Januário
58 - Valéria Cabas Franco
59 - Marcelo Freiberger Zandavali
60 - Rodrigo Oliva Monteiro
61 - Ricardo de Castro Nascimento
62 - Luciane Aparecida Fernandes Ramos
63 - José Denílson Branco
64 - Paulo César Conrado
65 - Alexandre Alberto Berno
66 - Luciana Melchiori Bezerra
67 - Mara Lina Silva do Carmo
68 - Raphael José de Oliveira Silva
69 - Anita Villani
70 - Higino Cinacchi Júnior
71 - Maria Vitória Maziteli de Oliveira
72 - Márcio Ferro Catapani
73 - Silvia Maria Rocha
74 - Luís Gustavo Bregalda Neves
75 - Denio Silva The Cardoso
76 - Fletcher Eduardo Penteado
77 - Leonardo Pessorrusso de Queiroz
78 - Carlos Alberto Navarro Perez
79 - Renato Câmara Nigro
80 - Ronald de Carvalho Filho
81 - Luiz Antonio Moreira Porto
82 - Hong Kou Hen
83 - Pedro Luís Piedade Novaes
84 - Flademir Jerônimo Belinati Martins
85 - Luís Antônio Zanluca
86 - Omar Chamon
87 - Sidmar Dias Martins
88 - João Carlos Cabrelon de Oliveira
89 - Antonio André Muniz Mascarenhas de Souza
90 - Marilaine Almeida Santos
91 - Alessandro Diaféria
92 - Paulo Ricardo Arena filho
93 - Hélio Egydio de Matos Nogueira
94 - Ricardo Geraldo Rezende Silveira
95 - Cláudio de Paula dos Santos
96 - Leandro Gonsalves Ferreira
97 - Caio Moysés de Lima
98 - Ronald Guido Junior
98 - Clécio Braschi
99 - Roberto da Silva Oliveira
100 - Vanessa Vieira de Mello
101 - Ivana Barba Pacheco
102 - Simone Bezerra Karagulian
103 - Gabriela Azevedo Campos Sales
104 - Kátia Cilene Balugar Firmino
105 - Fernanda Soraia Pacheco Costa
106 - Leonora Rigo Gaspar
107 - Marcos Alves Tavares
108 - Jorge Alexandre de Souza
109 - Anderson Fernandes Vieira
110 - Raquel Fernandez Perrini
111- Adriana Delboni Taricco Ikeda
112 - Tânia Lika Takeuchi
113- Janaína Rodrigues Valle Gomes
114- Fernando Marcelo Mendes
115- Simone Schroder Ribeiro
116- Nino Oliveira Toldo
117 - João Eduardo Consolim
118 - Raul Mariano Júnior
119 - Mônica Aparecida Bonavina
120 - Dasser Lettiere Júnior
121 - Renato de Carvalho Viana

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