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segunda-feira, 31 de março de 2008

Folha de São Paulo e O Globo mentem

Não deixe de clicar no link a segir para ler o post de hoje de Eduardo Guimarães no blog cidadania.com. Se permitem um neologismo eu direi que é "inãolível", imperdível! http://edu.guim.blog.uol.com.br/

Agradecimento

Agradeço a amiga D. Norma pela mensagem de incentivo que mandou-me por e-mail. Como teve dificuldades em publicar o comentário abaixo do post e percebendo que era esse o seu desejo, mesmo constrangido pois, como disse no meu perfil, me sinto meio desconcertado quando sou elogiado, mas por confiar na sua sinceridade e respeitando seu desejo, transcrevo a mensagem abaixo.

"Oi Vital!

Estive muito atarefada esses últimos dias e só ontem consegui abrir meus e-mails, e que surpresa maravilhosa encontrar o seu com essa novidade. Com certeza serei leitora assídua. Esse conto me fez reviver muitas emoções. Não foi à toa que meu filho Felipe, ainda pequeno, se sentia seguro com sua presença. A presença de Cristo em você é facilmente notada com sua coragem e seu caráter. Parabéns e muito obrigada pela criação desse blog. Que Deus continue lhe iluminando cada vez mais, para podermos usufruir também desses ensinamentos. Um abraço, Norma."



O conto a que D. Norma se refere é o post intitulado "Encarando a vida de um jeito diferente", clique no link http://facasuahistoria.blogspot.com/2008/03/encarando-vida-de-um-jeito-diferente.html
para ir direto a ele

SALVE ALBERTO OLNEY SÃO PAULO,

Abaixo a ditadura. Para sempre!

A exatos 44 anos, as forçar do atraso, da tortura, do poder econômico e os inimigos da democracia instalaram o mais perverso e duradouro regime ditatorial implantado no Brasil.
A 31 de março de 1964, a elite brasileira, após ser duramente derrotada por duas vezes no intento de impedir que João Goulart assumisse a presidência do Brasil e, depois, quando o povo brasileiro rejeitou o regime parlamentarista implantado para impedir que aquele presidente adotasse as reformas de base que segundo seu entendimento propiciaria o desenvolvimento e distribuição de renda no país e, para minar o grande trunfo de João Belchior Marques Goulart, conhecido pelo apelido de Jango, que conseguiu aumentar em 100% o valor do salário mínimo do Brasil e para impedir terminantemente que se fizesse a tão sonhada, decantada e necessária Reforma Agrária, setores da sociedade civil a exemplo da Igreja Católica e movimentos ruralistas apoiaram os militares que impuseram o mais vergonhoso GOLPE MILITAR, que o país sofreu.
Daquela data em diante, o medo, a tortura, assassinatos de presos e incontáveis processos e prisões arbitrárias tomaram conta do país.
Todo o Brasil, de norte a sul, leste a oeste sofreu as dores daquele crime de lesa pátria. Não houve, nem há um só recanto deste país que não tenha ouvido falar ou não tenha sido atingido por aquele ato acabrunhado.
Caso vivéssemos ainda hoje sob aquele regime, este simples relato certamente me levariam à prisão, sob acusão de subversão. Não se podia, sequer, chamar de feio ao presidente da república, pois se estaria ferindo o princípio do patriotísmo e expondo ao ridículo a figura do governo.
Hoje é permitido até mesmo, nas tribunas do Congresso Nacional, parlamentares que apoiaram, nasceram, viveram e surrupiaram o país sob as benesses daquela ditadura, fazer pronunciamentos inflamados não só xingando o Presidente da República, como também prometendo dar-lhe uma surra.
Ao menos dois desses filhotes de ditadura fizeram isso no ano de 2006 em discursos contra Lula. Foram eles, ACM Neto e Arthur Virgílio.
Aqueles mesmos que tiveram seus padrinhos políticos no poder durante todo aquele vergonhoso período ditatorial e que não permitiam que a imagem do presidente deles fosse ferida com o simples adjetivo de "feio".
É lamentável que a chamada "anistia" tenha de certa forma favorecido o esquecimento de tantos atos de vilania cometidos naquela época e estendido suas conseqüências à população brasileira que sofre até hoje. Pois graças àquela "anistia" os crimes foram perdoados, não houve nem há possibilidade de processar os criminosos. Isso permitiu que os torturadores e os ladrões, as raposas velhas da política permanecessem nos seus cargos público, muitas vezes eleitos por aqueles que foram oprimidos pelos mesmo sistema, por pura ignorância da história deste período.
Não fosse assim, Elementos de alta periculosidade a exemplo de ACM, que fraudava até painel do Senado (sem falar em outros atos que carecem de prova material, mas que é de conhecimento público), ou seu neto deputado e o senador que desonra o Amazonas, demonstrando seu alto poder de periculosidade ameaçando agredir fisicamente o atual presidente da república (eleito democraticamente pela maioria da população brasileira), jamais estariam representando cidadãos brasileiros naquelas casas do nosso parlamento.
Imaginando o que aconteceria a qualquer cidadão brasileiro na época da ditadura, se fosse à esquina mais próxima de sua casa dizer que iria dar um "cascudo" que fosse no presidente da república ditatorial do Brasil, nos anos de 1964 à 1985 e fico imaginando porque será que aqueles que tanto defenderam aquele sistema se comportam desta maneira hoje.
A ditadura foi tão perversa que além de processar, prender, torturar e matar tantos cidadãos e cidadãs, ainda cuidou de apagar suas memórias.
Em nossa cidade, por exemplo, quem conhece a história de Alberto Olney São Paulo?
Faça um teste saindo pelas ruas de Riachão do Jacuípe e pergunte aos cidadãos e cidadãs desta cidade se já ouviram falar em Alberto Olney São Paulo e não se surpreenderá em constatar que na sua própria terra natal quase ninguém conhece sua história.
Como disse, a ditadura não se satisfez em eliminar os projetos, a militância, as idéias dos cidadãos e cidadãs que lhe fizeram oposição. Apagaram também a memória destas pessoas. O regime era tão perverso que através da propagando oficial rotulava de comunista, comedor de crianças, guerrilheiros, inimigos da pátria, etc a todos aqueles e aquelas que sonhavam e lutavam pela democracia.
Alberto Olney São Paulo, meus concidadãos jacuipenses, foi um ilustre filho desta nossa querida Riachão do Jacuípe que honrou a nossa gente, a nossa história, os nossos valores lutando contra aquela ditadura militar, através de seus escritos jornalísticos, seus contos, suas poesias e sobretudo através dos seus filmes, que são conhecidos em toda a América Latina e na Europa, tendo recebido vários prêmios de grandes festivais de cinema internacionais.
Alberto Olney São Paulo foi apenas um dos jacuipenses que sofreram na pele o dissabor de se opor a tudo quanto existia de perverso e maleficamente ideológico na política brasileira dos coronéis de patente ou coronéis do poder econômico e/ou político.
O livro "Brasil Nunca Mais" nas pgs. 161-2 da 18ª edição, documenta o processo mililtar instaurado contra nosso ilustre conterrâneo Olney São Paulo.
Sugiro aos leitores e leitoras deste blog que façam uma pesquisa na internet para saber quem foi Alberto Olney São Paulo e advirto para que não se surpreedam se encontrarem algum registro afirmando que ele é um carioca.
Na verdade ele é um honrado brasileiro, baiano, jacuipense de nascimento. Infelizmente desconhecido em sua terra natal, e quando se encontra qualquer referência a ele nesta cidade, é apenas como lembrança ou constatação de que ele é pai de dois atores da Globo, Ivigne e Ilia São Paulo (este último, também falecido há pouco tempo). Tenho certeza que os ilustrissimos filhos de Olney prefeririam que seu pai fosse lembrado muito mais pelo que ele fez por este pais, este estado e esta cidade a quem honrou, do que simplesmente por ser o pai deles.
Outra sugestão aos mais novos e também aos menos novos, que por imposição da censura, da autocensura midiática e da "anistia", é que assistam aos filmes que retratam um pouco aquele período, a exemplo de: Batismo de Sangue, Araguaia e O que é isso companheiro. Gostaria muito de poder sugerir também o filme Manhã Cinzenta, do próprio Olney, mas infelizmente este foi interditado pelo regime militar e nunca foi exibido nos cinemas brasileiros.

domingo, 30 de março de 2008

Mais sugestão de leitores

É com alegria e gratidão que registro a participação da amiga D. Norma Sales e seu esposo Dr. Joaquim Lino, que além de acompanharem diariamente este blog estão ajudando a divulgá-lo. Com enorme satisfação publico, abaixo uma excelente matéria indicada por D. Norma.

Para não esquecer

Laerte Braga - Jornalista


O brigadeiro João Paulo Burnier, em abril de 1968, montou a operação conhecida como PARASAR (Esquadrilha Aéreo Terrestre de Salvamento) e que pretendia, dentre outros atos de terrorismo, explodir o gasômetro do Rio de Janeiro e utilizar o fato e as conseqüências do mesmo como instrumento para culpar grupos adversários da ditadura militar.

Um capitão do grupo, Sérgio Miranda, conhecido como "Sérgio Macaco", recusou-se a cumprir as ordens e denunciou a operação a alguns jornais e revistas e mesmo existindo censura o fato veio a público, ganhou repercussão na imprensa internacional e acabou abortado.

Anos depois, no período do ditador João Figueiredo, no dia 1º de maio de 1980 um oficial do Exército e um sargento chegaram ao Pavilhão do Riocentro com o objetivo de explodir uma bomba no local. Ali estava sendo realizado um show em comemoração ao Dia do Trabalhador e a pretensão dos militares ligados ao CIE (CENTRO DE INFORMAÇÕES DO EXÉRCITO) e SNI (SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES) era a de promover um atentado capaz de criar um clima de comoção nacional, culpar os adversários da ditadura e ter então o pretexto para nova onda de repressão.

A bomba explodiu no colo do sargento que veio a falecer e deixou gravemente ferido o oficial que dirigia o carro, um modelo Karmanghia. Uma segunda bomba foi atirada contra a estação de energia do Riocentro, mas não foi forte o suficiente para interromper o fornecimento de energia ao local onde acontecia o show.

A reação do governo Figueiredo foi de tentar culpar "inimigos da democracia" e esse fato gerou discordâncias dentro do próprio Planalto. O general Golbery do Couto e Silva, chefe do Gabinete Civil da Presidência da República exigiu apuração transparente, deixou claro que se tratava de um atentado promovido por setores radicais das Forças Armadas interessados em promover um retrocesso no que chamavam de "abertura lenta e gradual". Custou-lhe o cargo.

Não houve como esconder a verdade. A própria imprensa já rompendo as amarras da censura denunciou o caráter do atentado.

O semanário O PASQUIM deitou e rolou em cima do frustrado atentado, entre outras coisas, fazendo referência à destruição da "genitália do sargento". Teve a edição apreendida e felizmente circularam exemplares de forma clandestina.

O fato apressou a desmoralização do governo Figueiredo e numa certa medida o passo para a chamada "Nova República".

Essa prática de promover atentados terroristas e inculpar adversários para justificar ações de violência e arbítrio encontra exemplos ao longo de toda a história da humanidade. Hitler explodiu o Parlamento alemão e colocou a culpa nos comunistas, logo em seguida implantou sua ditadura.

No Brasil mesmo, em 1937, o então capitão Olímpio Mourão Filho montou um plano conhecido como Cohen, que permitiu a Getúlio Vargas implantar o Estado Novo, um período cruel e ditatorial, com o pretexto de combater o comunismo. O plano se viu mais tarde foi montado para isso. Mourão, em 1964, colocou as tropas na rua para iniciar o processo de derrubada do governo João Goulart.

Uribe não fez diferente e nem faz na Colômbia em relação às FARCs e ao ELN (respectivamente Forças Armadas Revolucionárias Colombianas e Exército de Libertação Nacional) e Bush não usou estratagema diferente quando imputou a Saddam Hussein "armas de destruição em massa" para invadir e ocupar o Iraque, se apropriando do petróleo.

E é essa a prática de Israel em relação aos Palestinos. Cotidiano ao longo de anos e anos. Invadem o país Palestino, prendem, ocupam, saqueiam, destroem, matam, torturam, estupram e depois chamam os Palestinos de terroristas e encontram eco em boa parte da mídia. E ainda procuram justificar com as escrituras sagradas.

Dentre os mortos no ataque das forças colombianas ao acampamento de Raúl Reyes no Equador, havia pessoas de outras nacionalidades, nenhuma delas guerrilheiras, mas estudantes mexicanas que haviam participado de um congresso bolivariano em Quito no Equador. Reyes esperava ali a visita de negociadores franceses para concluir o acordo de libertação da ex-senadora Ingrid Betancourt, prisioneira de guerra das FARCs. O ataque foi decidido em Washington, capital da Colômbia. Bogotá é sede da governadoria geral.

Como Betancourt é adversária de Uribe e pode, sendo libertada, candidatar-se à presidência frustrando a farsa democrática e um terceiro mandato ao traficante que governa a colônia norte-americana na América do Sul, o que não interessa é exatamente a libertação de Betancourt.

Hoje há todo um processo midiático para transformar essas mentiras, essas farsas, em verdade. Os donos do mundo perceberam a importância da mídia e espalharam redes como a GLOBO por todos os cantos, revistas como VEJA por todos os lados e jornais como FOLHA DE SÃO PAULO pelo mundo afora.

Ao contrário do papel que exerciam faz algum tempo, o de denunciar fatos assim, esses veículos de comunicação constituem-se instrumentos que massificam a mentira transformando-a em verdade e com um objetivo mais amplo. O de alienar o ser humano, transformar as pessoas em exércitos de zumbis ao sabor dos seus interesses, o que torna o processo muito mais perverso e o sofistica de um tal jeito que um País pára para decidir quem vai levar um milhão num dos maiores bordéis da história, o BBB (existe no mundo inteiro, Álvaro Uribe esteve na "casa" colombiana do programa).

As verdades viram invenções, as mentiras transformam-se em verdades e a passividade das pessoas é comandada, arranjada e orquestrada pela mídia. Tomam o irreal como real e se deixam levar de uma tal forma que perdem a identidade.

Quando a Organização Mundial de Saúde fala em depressão como o grande mal do século XXI está falando isso. O ser de tal maneira se torna vazio na sociedade de consumo que aceita qualquer papel resignado, por mais digno que se mantenha, no pressuposto que a realidade é esse monstrengo que Debort chama de "sociedade do espetáculo".

E esse "digno" muitas vezes tem carimbo. Pagar as contas aos patrões em dia, fazer tudo o que os mestres mandarem. Engolirem os sapos que lhe forem dados como refeição da vida, não pensar em nada que não seja "cumprimento do dever", mas o imposto pelas elites.

Somos como que transformados em bolas de sinuca que ao talante dos donos vamos sendo encaçapados e sorridentes acreditando que tudo isso tem um nome: mundo real.

As tecnologias de comunicação hoje permitem que esse processo seja global. E se reproduzem em efeito cascata nas realidades irreais de trabalho, família, ideal de felicidade, na prática, tudo vira "negócio". "São só negócios, nada pessoal".

Ou seja, a perfeição na arte de mentir transformou em verdade quase absoluta (existem resistentes) a foto montagem que televisionam todos os dias desde a hora que o cidadão/ã acorda e que o lema maior das máfias.

No dia 1º de abril completam-se 44 anos do golpe militar de 1964. Um grupo de militares apoderou-se do poder, derrubou um governo constitucional, legítimo, tudo em nome da democracia. Prendeu, seqüestrou, torturou, matou, estuprou, transformou o País numa colônia em função de interesses de elites e começou a construir esse processo que hoje permanece na democracia fingida e artificial que temos.

Há um filme, O MUNDO DE TRUMAN, que mostra isso. O ser usado e explorado.

É preciso resgatar toda a história da ditadura militar, toda a barbárie do período, mostrar toda a crueldade que se paga até hoje, para que não nos esqueçamos nunca desse momento tenebroso e imundo da nossa história.

Essa prática se vê hoje em relação ao governo Lula, sobretudo em função dos interesses da república FIESP/DASLU e na tentativa de eleger a qualquer preço um dos cowboys fabricados por aqui, o governador José Serra.

Quer chegar ao topo e concluir o trabalho de robotizar um País inteiro, além de assinar a escritura de venda para a matriz. Trabalho que começou no governo FHC.


Nossa segunda semana de existência

Este blog entra hoje na segunda semana de sua existência. Estou adorando fazê-lo e estou muito feliz em constatar que está atendendo as minhas expectativas. Minha idéia inicialmente, foi como já disse, guardar um banco de dados eletrônico de textos que tento guardar, escrito em papéis ou magnetizados no hd do meu meu micro. Por medo de uma pane inesperada, resolvi disponibilizá-los na internet, não só pelo interesse de publicá-los como também para aliviar o pouco espaço físico de que disponho para guardar tanta papelada.
Outra motivação para a criação do blog foi "desenferrujar" a mente relembrando e reavaliando a atuação pretérita, e assim, lubrificando-a com novas idéias e desafios a fim de que possa sair do marasmo e voltar a atuar depois da longa hibernação pela qual passo(ei), sem espaço para atuar.
Logo veio também a idéia de utilizar este espaço como nova prática militante.
Não sou o primeiro a fazer isso. A blogosfera é a mais nova e poderosa arma utilizada por centenas de milhares de pessoas (tanto inteligentes, como as nem tanto assim), para romper o silêncio imposto pela mídia à todas as vozes que destoam da cantilena partidarizada e não assumida pelos meios de comunicação de massa no Brasil.
É bem verdade que não só no Brasil a imprensa é partidarizada e publica apenas aquilo que interessa aos interesses dos partidos políticos que ela apóia e silenciando o que não lhe é conveniente. Nos EUA, isso também ocorre e manipulam a opinião pública, tal qual ocorre aqui.
O que faz a diferença entre a mídia brasileira e a estadunidense, é que lá ela assume que apóia esse ou aquele partido, enquanto que aqui, ela tenta repetida e cotidianamente se dizer imparcial, quando a forma de noticiar os fatos gritam afirmando não ser isso, sequer, uma pequena sombra de verdade.
Assim sendo, resolvi entrar também no campo da blogosfera para tentar difundir a voz abafada pela imprensa comprometida com os interesses dos grupos político-econômicos do eixo Rio São Paulo, em outras palavras, comprometida com a aliança PSDB/DEM.
Não pretendo impor conclusões, quando publicar aqui alguma opinião destoante daquela que se vê na TV, no rádio, nos jornais ou revistas. Pretendo tão somente oferecer aquilo que estes veículos estão sonegando, o contraditório.

sábado, 29 de março de 2008

Agradecimento

Agradeço ao amigo e colaborador José Lisboa, professor, escritor e teólogo, pela indicação do artigo postado abaixo.

Aborto. Contra ou a favor?

Confesso que ainda não tenho opinião formada sobre a legalização do aborto. Sei sim que sempre estarei a favor da vida. Entretanto estar a favor da vida não se resume em ser contra a interrupção de uma gestação. Não é verdade também que a legalização do aborto permitirá o assassinato em série ou a satisfação do desejo de uma pessoa que simplesmente não quer ficar gorda, deformar sua estética, ou ainda, não está diposta a perder o sossego com o trabalho, a responsabilidade ou com as despesas decorrentes de uma criança. Não creio que uma mulher opte por interromper uma gestação sem que tenha um motivo muitíssimo grave. Como já disse, não tenho opinião formada sobre o assunto, mas sempre achei torto o argumento e os métodos utilizados pela igreja para impor seu pensamento a esse respeito. Mais que condenar é preciso amar e acolher. Sem isso, qualquer opinião é precipatada e preconceituosa.
O texto a seguir é um artigo de uma teóloga que questiona certas práticas que ocorreram no Rio de Janeiro durante a Campanha da Fraternidade deste ano, que consoante sua visão, mostra claramente o olhar caolho da igreja em relação a esta questão.
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O desrespeito à vida humana por membros da Igreja Católica Romana
Se a Igreja Católica Romana continuar a educar os seus fiéis através de comportamentos de choque tais como os que estão acontecendo no Rio de Janeiro em relação ao aborto, estará incentivando a franca decadência dos costumes e a violência cultural.
Já imaginaram que daqui a pouco poderemos ter estátuas de pedófilos, e talvez alguns deles vestidos de batina expressando gestos de sexo explícito com crianças. Alguém de bom senso seria capaz de pensar que essas eventuais obras de plástico, fabricadas em série, expostas nos altares ou apresentadas no rito penitencial educariam os membros da Igreja e outros a não usar as crianças para suas fantasias sexuais? Ou talvez, poderiam apresentar slides com cenas de violência doméstica focalizando nas figuras masculinas que têm mutilado centenas de mulheres anualmente no Brasil. Poderiam até carregar nas cores e focalizar especialmente as cenas de sangue derramado. Acreditariam acaso estar educando os fiéis a combater a violência contra as mulheres?
A imaginação não me falta para tentar apresentar as mais diversas cenas, analogias e associações em relação ao caso atual dos embriões, aliás, de falso tamanho, expostos nos altares de algumas igrejas do Rio de Janeiro.
Sinto tristeza e vergonha que tenhamos chegado a este ponto. Sinto tristeza e vergonha dos comportamentos retrógrados da maior parte da hierarquia católica romana que não compreendeu os gestos de vida de Jesus de Nazaré e não aprendeu dos efeitos negativos dos comportamentos fascistas e ditatoriais que a Igreja teve ao longo de sua história em relação à ciência, às diferentes culturas e às mulheres. Sinto tristeza e vergonha da insensibilidade com que se trata um problema de saúde pública e da maneira como se usam os textos bíblicos descontextualizados para justificar posturas de um grupo como se fossem posturas da Igreja.
Como entender que o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, D. Antonio Augusto Dias Duarte afirme que a imagem do feto é singela e que a Igreja tem o direito de conscientizar a população? Por que não apresenta então os retratos das milhares de mulheres que morreram por abortos mal feitos. As imagens das mulheres mortas seriam menos singelas? Seriam impuras? Seriam acaso menos conscientizadoras?
Justificar estas ações de violência cultural, acobertadas pelo lema da Campanha da Fraternidade "Escolhe, pois a Vida" é ambíguo, contraditório e até certo ponto de má fé. Supõe que a hierarquia toda poderosa da Igreja, sem acolher um consenso mínimo entre a diversidade dos fiéis, visto que não acolhe as várias pesquisas de opinião pública e nem as reflexões de muitas mulheres, é capaz de afirmar o que é o melhor para as vidas humanas. Usa de sua autoridade e privilégio para fazer valer suas posições em desrespeito a um pluralismo real, necessário e salutar. Acredita com isso defender a vida sem pensar que a vida em geral não se defende de forma geral. Cada um de nós escolhe as vidas que vai defender de forma prioritária e as formas de defendê-las. Cada um de nós tem que arcar com a dose de contradição inerente a qualquer escolha. A instituição eclesiástica não foge à regra e, portanto está faz a mesma coisa. Fica claro quem defende em primeiro lugar. Por isso, vale a pergunta: por que o embrião e não a mulher? Não estaríamos ainda vivendo no mundo dos princípios abstratos, dos mitos de pureza sem conexão com a vida real? Estas e muitas outras perguntas são convites ao pensamento diante dos problemas reais de nosso tempo.
Como a Igreja hierárquica sempre fez e continua fazendo quando seus fiéis se desviam das normas que estabeleceu, creio que, o mínimo que se poderia esperar, é que não só o bispo D. Antonio Augusto, mas também, os padres e conselhos paroquiais que acolheram sua diretiva sejam considerados cúmplices do mesmo crime de violência cultural e de desrespeito simbólico aos corpos humanos. O mínimo que a presidência da CNBB deveria fazer é alertá-los e instá-los a retirar imediatamente de suas Igrejas os embriões de plástico. Além disso, se possível, convidá-los a pedir perdão publicamente por esse ato de terrorismo religioso, especialmente contra as mulheres e as crianças.No caso dos embriões de plástico expostos nas igrejas do Rio não se trata de respeito às opiniões da Igreja ou à autonomia de cada diocese. Dar e respeitar opiniões inclui um limite ético. Estas ações vão além desses limites. A Igreja sempre usou do direito de opinar sobre várias questões sociais e, sobretudo ultimamente. Nesse caso particular como em outros semelhantes, que têm acontecido, trata-se de uma usurpação de poder, trata-se de uma instrumentalização das consciências, trata-se de uma violência praticada, sobretudo num momento em que os fiéis se reúnem para uma celebração da memória da vida de Jesus de Nazaré. Mais uma vez o desejo de poder, de influir nas decisões do Estado, de acreditar que seus princípios e suas propostas são as melhores para a vida em sociedade fortalece uma visão retrógrada do cristianismo e uma visão contraria ao pluralismo social. Além disso, distancia a Igreja Católica Romana de um possível discipulado entre iguais e da urgência de diálogo a partir das dores concretas de corpos concretos.
O que está acontecendo é vergonhoso e totalmente ilegítimo. AGUARDAMOS MEDIDAS DAS AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS assim como uma reação mais contundente dos FIÉIS e dos movimentos sociais. Não podemos mais aceitar que a ignorância disfarçada em fé, o autoritarismo disfarçado em serviço e a intransigência obscurantista disfarçada em educação conscientizadora tenham a última palavra nas comunidades cristãs. Em vez de usar a expressão "Escolhe, pois a vida" como álibi para manter sua luta contra o aborto terapêutico, poderiam simplesmente convidar os fiéis a respeitar as escolhas diferentes ajudando-os na construção de relações para além dos dogmatismos e sectarismos religiosos.
Escrito por: Ivone Gebara - Teóloga
18 de março de 2008.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Para ser lido sem paixão


Pronunciamento de Lula
"Minhas amigas e meus amigos, o presidente da República vem se pronunciar em cadeia nacional de rádio e televisão a fim de cumprir um dever cívico, o de alertar a sociedade para um fato que não pode passar desapercebido, porque interfere na vida institucional da nação. Quero falar da imprensa brasileira.
Antes de ir ao centro da questão, declaro que considero a imprensa uma das mais importantes e necessárias instituições de um país. Liberdade para informar tudo, principalmente sobre os governantes, é condição primeira da democracia, de maneira que sempre fui e sempre serei um defensor intransigente da liberdade de imprensa, da liberdade de informar.
A imprensa brasileira é uma das mais livres do mundo. Aliás, muitos dizem que ela abusa dessa liberdade, mas meu governo - e eu mesmo - jamais consideraremos que liberdade pode ser muita. Quanto mais liberdade, melhor. Contudo, a liberdade de imprensa deve vir sempre acompanhada de responsabilidade e de honestidade.
A imprensa pode ter preferências políticas e ideológicas. Nos Estados Unidos, por exemplo, grande parte dos meios de comunicação fazem opções eleitorais, apóiam este ou aquele candidato, sem problema nenhum. O problema existe quando a imprensa faz escolhas políticas e não diz que fez. Quando isso acontece, ela está enganando seu público.
A imprensa brasileira sempre fez suas escolhas políticas no decorrer da história e essas escolhas mudaram os rumos da nação. Os grandes jornais, tevês e rádios sempre derrubaram e elegeram governos. A revolução de 31 de março de 1964, que desembocou na ditadura militar, foi possível graças à imprensa. O primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da ditadura, foi eleito graças ao forte apoio que recebeu da imprensa.
O sentido deste pronunciamento é o de avisar aos brasileiros que a chamada grande imprensa de seu país tem lado na disputa política. A oposição ao governo Lula conta com grande simpatia dessa grande imprensa, da escrita e da eletrônica. Os veículos de imprensa que apóiam o governo ou que não atuam inclinados para algum lado político são todos de menor porte, com menor alcance, e, em geral, estão restritos à internet.
Como presidente da República, julgo que é importante prestar contas dos atos do governo que presido e quero que a imprensa acompanhe e fiscalize a forma como este ou qualquer outro governo está administrando os recursos públicos e sobre como está planejando estrategicamente a condução do país. Contudo, como venho me sentindo prejudicado por uma cobertura jornalística da grande imprensa claramente simpática às teses da oposição ao meu governo, quero exercer um direito inalienável de qualquer brasileiro, o de liberdade de expressão.
Quero recomendar aos brasileiros que prestem muita atenção no que a imprensa diz do governo que presido. Prestem atenção se essa grande imprensa fiscaliza os adversários políticos desse governo onde eles também são governo, nos Estados e Municípios, com o mesmo ímpeto que fiscaliza o governo federal. Não peço, portanto, que o governo que presido não seja investigado, mas que todos os governos, de todas as esferas da administração pública, sejam de que partido forem, sejam investigados da mesma forma.
E, principalmente, se a visão crítica sobre governos - que deve sempre existir na imprensa - é para todos ou somente para alguns, sempre do mesmo partido. Qualquer governante que não tiver ninguém se opondo a ele na imprensa, é porque é amigo dessa imprensa. Imprensa não deve ter amigos no poder, deve olhar o poder de forma crítica sempre, seja quem for que ocupe o poder. Quando a imprensa poupa de críticas e investigações algum governante, é preciso desconfiar.
De resto, peço aos brasileiros e à imprensa que continuem investigando e criticando o governo que presido, mas que a imprensa imite o conjunto da população e seja investigativa e crítica em relação a todos os políticos e não só a alguns. Que ela não recuse investigar denúncias contra uns e se empenhe em só investigar denúncias contra outros.
Muito obrigado."
*
Não, caro leitor, infelizmente o pronunciamento acima não foi feito pelo presidente Lula em cadeia de rádio e tevê e nem em qualquer outro fórum. Saiu da minha cabeça. É o que eu gostaria que Lula fizesse. Só que ele não faz. Chega a ser impensável que faça. É uma pena, porque ele deveria fazer. E, em minha opinião, em cadeia nacional de rádio e tevê e no horário "nobre". Vocês não concordam?

Escrito por Eduardo Guimarães.

Fonte: http://edu.guim.blog.uol.com.br/

Comentário enviado por e-mail

O escritor e teólogo José Lisboa Moreira de Oliveira, que há muito já me honra com sua amizade, acaba de honrar-me também como colaborador deste blog. De Brasília onde mora com sua esposa, a querida amiga Ana Márcia, enviou-me dois textos para serem publicados, um de autoria dele e outro de autoria de uma teóloga.
Antes de transcrever a mensagem/comentário que ele mandou, para o meu e-mail pessoal, informo que quem desejar nos honrar com algum comentário sobre os post's, basta clicar no link que aparece abaixo de cada mensagem postada, onde se lê "comentários". Abaixo a mensagem do amigo José Lisboa.

Olá Vital!
Como vai? Espero que muito bem!
Quero lhe dar os parabéns pelo seu blog. Certamente essa é uma ferramenta através da qual podemos interagir com as pessoas e construir um diálogo fecundo e muito útil para o bem comum, a justiça e a democracia.
Aproveito para lhe enviar dois artigos: um de minha autoria e outro de Ivone Gebara. Se quiser pode anexá-los a seu blog ou divulgá-los ao máximo.
E em Riachão vocês já definiram o futuro das eleições municipais?
Um abraço para você, Janice e Matheus.

Lisboa

José Lisboa Moreira de Oliveira

Brasília - DF - Brasil

Reconhecimento


Quem tem acompanhado meus post's neste blog, tem lido alguns escritos (antigos) meus bastante críticos à religiosidade católica praticada por mera devoção e sem um firme embasamento teológico.
Nos últimos tempos tenho me calado por não achar coerente, falar numa desejável condição de autocrítica, sobre um grupo, movimento ou pastoral nos quais não mais atuo, embora minha fé permaneça viva.
Contudo, é preciso reconhecer que embora em um número reduzido de fiéis da igreja católica, a mesa redonda realizada ontem, para discutir a sucessão eleitoral deste ano (uma iniciativa do Mandato Popular de José Avelange) mostrou que ainda que quase desapercebida, graças à atuação da paróquia, num passado não muito distante, a discussão política tornou-se um tema muito mais abrangente do que se imagina e seu apelo para que as pessoas se ocupem da política chegou onde nem se podia imaginar. A grande maioria dos presentes era formada de pessoas que não frenquentam regularmente o templo, mas que ouviu a mensagem da igreja quando esta teve a ousadia e coragem de desligar-se um pouco da sacristia e ocupar as ruas e os bairros periféricos. Como dizia antes, embora com poucos fiéis da paróquia, o espaço cedido por esta para a realização da mesa redonda estava repleto de pessoas que não freqüentam regularmente a igreja, mas mesmo sem qualquer ligação com esta, ao longo do tempo convenceu-se de que não é possível realizar eleições atuando apenas como meros torcedores de determinadas candidaturas ou mero espectadores de "espetáculo" semelhante aos realizados no coliseum romano, onde venciam os mais fortes e não as idéias, os valores humanos.
É bastante significante ver que há seis meses de uma eleição, três pré-candidatos se sentam numa mesa perante o público para expor suas idéias, suas propostas, suas divergências e seus interesses políticos com bastante civilidade, respeito e liberdade de expressar suas opiniões. Mais animador ainda, é ver que a população, aos poucos, dando respaldo participando e questionando os candidatos.
Quem conheceu o Riachão do Jacuípe de outros tempos e consegue analisar com determinados critérios, não pode negar que o papel que a igreja católica local desempenhou na década de 90 foi de longe, o grande responsável para essa realidade que chamo no nova civilidade da política local.
A mesa redonda realizada ontem, foi uma grande demonstração de que é possível vislumbrar um avanço civilizatório na política que resultará no futuro cada dia mais próximo, no esforço da população em avaliar melhor a importância e o peso de uma eleição, da democracia e não tardará a universalizar a constatação de que o voto não tem preço, tem conseqüência.
Para finalizar, congratulo-me com a paróquia que embora pouco presente em número, fez-se muito qualitativamente representada e Parabenizo ao Vereador José Avelange pela idealização, preparação, participação e realização da mesa redonda.



Parabéns aos participantes: José Avelange, Juscelino e Nem de Aureliano.


Em outro contexto, porém ainda pertinente

O texto a seguir originou-se de desabafo em forma de carta escrita a um amigo e companheiro de militância, depois foi transformado em artigo e publicado numa revista. Despertou, a meu favor, uma enorme admiração de um doutor em teologia, bem como a antipatia, desconfiança, medo e até perseguição em meu desfavor por parte de outros tantos sacerdotes e seminaristas.


Inserir o seminarista na convivência comungada do pobre:

(Um cristão leigo avalia a formação presbiteral)

Há muito desejo escrever sobre este assunto, mas sempre que me proponho a fazê-lo não consigo organizar as idéias de maneira que possam expressar o que realmente gostaria de dizer. Não sei se conseguirei agora. Sinto, porém, a necessidade de conversar com pessoas maduras e isentas de beatos preconceitos. Creio que na direção da revista "Espírito" encontro tais pessoas. E isso já é maior do que a consciência da minha inaptidão para tal empreitada.

Andei, antes, conversando com algumas pessoas, compartilhando angústias mútuas acerca da nossa religião e da nossa religiosidade. Sinto-me às vezes isolado, a anos-luz de distância da atual prática pastoral de nossa Igreja, seja no âmbito nacional, diocesano e paroquial. Não encontro espaço para expor o meu pensamento, o meu questionamento. Aliás, essa palavra questionamento nunca esteve tão em baixa cotação quanto agora. Todos os que "se metem a besta" e tomam tal atitude são ridicularizados e acabam reconhecendo-se no que diz Pe. Zezinho numa de suas canções: "não, eu não fui um bom cristão, pois fiz ao mundo concessão e, sem notar, de Deus me envergonhei".

Embora a "febre da religiosidade Marcelo Rossi" tenha baixado um pouco, percebemos que isto não foi conseqüência de alguma mediação receitada pêlos bispos, ou pêlos padres, mas sim porque toda virose epidêmica faz grandes estragos, mas acaba enfraquecendo-se. Especialmente quando a virose é ideologicamente vazia e barata.

Há muito tempo a Igreja não vem vacinando os seus fiéis contra a alienação ideológica que encontra na religião um excelente meio de propagar-se. Só uma imunização de conscientização sócio-política seria capaz de evitar tal doença social. Mesmo considerando-se as honrosas exceções, a maioria dos membros do clero, amparada pela inoperância de boa parte do episcopado, que pouco tem feito para que os membros do clero de suas igrejas particulares ponham em prática, com testemunho e anúncio, a Doutrina Social da Igreja, permanece completamente insensível diante dos graves problemas que massacram os excluídos e excluídas deste nosso país.

Como disse antes, o questionar está tão fora de moda que até as pessoas supostamente estudadas não o fazem, não por falta de desejo, mas por despreparo, uma vez que não foram exercitadas mentalmente. Parece que a formação teológica do clero ainda hoje não consegue capacitar seus candidatos para isso.

Sou consciente de que é mínimo, quase medíocre, o meu conhecimento de Doutrina Social da Igreja, de teologia ou de Bíblia, mas tenho sofrido muito cada vez que percebo que alguns padres que conheço demonstram compreender menos do que eu, apesar de terem estudado filosofia e teologia por sete anos.

Chego à conclusão de que a Igreja, bem como as congregações, não têm o direito de dar-se ao luxo de pagar todos os custos da formação do clero ou família religiosa, sem inserir os seus formandos no mundo do trabalho. Sem fazê-los, ao menos por um período de sua formação, "experienciar" as dificuldades pelas quais passam as pessoas normais, os pobres mortais que não têm nenhuma congregação ou diocese pagando todos os seus custos logísticos, alimentícios, como têm os vocacionados. Estes apenas estudam e nos finais de semana passam a se exibir, realizando palestrinhas nalguma paroquiazinha necessitada de pastores. Não raro as vocações sacerdotais e religiosas constituem um privilégio social para o vocacionado e não uma responsabilidade evangélica, cristã, social.

Não acredito que o fato de se exigir do seminarista, ou religioso em formação, que entrem na luta por emprego, como são obrigados a fazer milhões de trabalhadores brasileiros, possa lhe tornar menos preparado para o presbitério. É muito difícil encontrar quem perceba o valor do estudo, o peso da responsabilidade do pastor de tantas ovelhas indefesas (que não ousaria chamar de desgarradas, mas de abandonadas), se não se vivenciou a mesma situação. Assim como um dos sentidos do jejum, pregado pela Igreja, é fazer o penitente entender os que passam fome, acredito que inserir o vocacionado na "convivência comungada" dos pobres também teria um sentido teológico.

O fato de trabalhar, é claro, representa dificuldade para o estudante. Sobretudo o estudante de nível superior. Entretanto, minha experiência de estudante, trabalhador, pai de um bebê de alguns meses de vida, esposo de alguém que, como eu, também é estudante, trabalha e tem comigo este filho, tem comprovado, que o nosso desempenho, muitas vezes, é igual ou superior aos colegas menos ocupados de faculdade. Nossa experiência comprova que, quando realmente se deseja algo, não se vê os obstáculos como que maiores que o horizonte perseguido. Estou convicto que ninguém, mais do que eu e minha esposa, valoriza o curso que fazemos.

Não saberia explicar porque ouso exigir modificações tão drásticas na preparação dos religiosos e/ou candidatos ao clero. Mas é que percebo que muitos membros deste têm tanto menos compreensão dos documentos da Doutrina Social da Igreja, de Bíblia, menos maturidade, sensibilidade social, cidadã, evangélica, etc., quanto maior é o seu conhecimento das etiquetas sociais, do consumismo, da modernidade (carro possante, carro do ano, celular mais para ser exibido que para satisfazer sua real necessidade, etc.).

Creio que as casas religiosas e os seminários estão mais cheios de aproveitadores e/ou ignorantes do que realmente de vocações, de vocacionados. Diante da dificuldade de sobrevivência, de se estabelecer economicamente, ainda que em condições mínimas exigíveis para uma vida socialmente digna, o seminário e as casas religiosas acabam sendo uma excelente alternativa. Neste campo o mercado de trabalho é menos competitivo, têm-se mais acesso à formação que tornará alguém um profissional do altar mais que um pastor, dá mais status, segurança e estabilidade empregatícia. Assim, apenas uma parte do clero e dos religiosos fazem de sua consagração um seguimento radical do Cristo, enquanto outra parte bastante considerável torna-se simplesmente a nata da elite burguesa.

Creio que nem todos os que se consagram à vida religiosa têm vocação religiosa. Talvez muitos gostariam de ser apenas sacerdotes, não necessariamente religiosos.

É flagrante a falta de fraternidades nas relações de convívio entre os membros de uma mesma família religiosa, muitas vezes entre aqueles que moram na mesma comunidade ou pseudo-comunidade.

Embora este meu escrito não pretenda fazer nenhuma acusação a nenhuma pessoa, esta situação vem ocorrendo de forma muito evidente e em muitos lugares. Os simples participantes das celebrações, nas comunidades coordenadas por religiosos e/ou religiosas, percebem tal situação. Ainda que haja esforço, e com certeza há, dos membros da comunidade religiosa do local para não se deixar perceber tal situação, não há como esconder.

Outra coisa que questiono é a obrigatoriedade do celibato para os padres diocesanos. Apesar de ter apenas um ano e alguns meses de casado, posso testemunhar o quanto a comunhão de marido e mulher nos ajuda a ser mais humanos, mais sensíveis, mais responsáveis e preocupados com a sociedade, mais parecidos com Deus. Não quero com isso dizer que aqueles que não se casam não sejam capazes de desenvolver tais virtudes teologais. Como não reconhecer a meiguice, a sensibilidade, a doação á causa do Reino, em Dom Pedro Casaldáliga, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Angélico, Dom Hélder Câmara, Pe. Lisboa...? Aqueles que se dedicam realmente ao Senhor conseguem transformar sua afetividade em dedicação e entrega total ao Reino. Porém, infelizmente, na maioria dos presbíteros, tanto religiosos como seculares, o celibato parece torná-los pessoas secas, amargas, imaturas, frustradas, incapazes de tratar com equilíbrio, sem preconceitos, os temas considerados tabus: sexualidade, sexo, namoro, drogas, autoridade, etc.

A Igreja precisa, com urgência, rever muitas de suas práticas de formação dos presbíteros. Do contrário a qualidade da evangelização será bastante prejudicada e ela não terá condições suficientes de contribuir com o raiar de um novo tempo, neste início de milênio e de século.

Vital Martinho Carneiro de Oliveira

Leigo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição

Riachão do Jacuípe • Bahia

(artigo publicado pela revista Espírito, Ano XXV, junho de 2001, Edição 85; p.24-27).

quinta-feira, 27 de março de 2008

Tem lógica?

PIG E OPOSIÇÃO SÃO SEM NOÇÃO
PIG acha que o presidente Lula tem que parar de governar. Este ano tem eleição para prefeitos, então por isso o presidente Lula tem que parar de governar.Ele não é candidato a nada, ele é o presidente eleito do Brasil em uma votação histórica. Mas a PIG acha que ele tem que parar de governar. Ele não pode em ano de eleição fazer com que o PAC beneficie milhões de pessoas. Milhões de pessoas que esperam a décadas por uma vida melhor, mais digna. Diz a PIG que o PAC é um programa eleitoreiro. Aonde se viu beneficiar milhões de pessoas, a grande maioria pobre, moradores de favelas, moradores da zona rural ? Que negócio é esse de aumentar a geração de emprego e renda , em ano eleitoral? Aonde se viu um presidente beneficiar jovens carentes para eles freqüentarem a escola, para eles estudarem, em ano eleitoral, ao invés de ficarem perambulando pelas ruas, e serem aliciados por traficantes? Que negócio é esse de ajudar o RJ no combate a dengue em ano eleitoral, ação que foi negligenciada pelo prefeito César Maia , que está causando a morte de muitas pessoas? Pela PIG, pela oposição, o presidente Lula neste ano de 2008, ano de eleição para prefeito, Lula deveria sair de férias, tirar o ano para não fazer nada. O presidente atualmente se elege para 4 anos de mandato, mas pela PIG e oposição ele só deve governar 2 anos. Nos anos de eleição ele deve se abster de governar, ele não pode beneficiar milhões de pessoas, não pode manter a economia estável, sólida. Não pode fazer o país crescer, ter recorde de empregos, recorde de produção, vendas. Ano de eleição, para que a oposição volte ao poder tem que parar o país, segundo a PIG e a oposição, nada de beneficiar milhões de brasileiros, nada de fazer o Brasil uma nação soberana de todos.

Dá para acreditar? Da Veja, pode-se duvidar?

VEJA fabrica dossiê e
diz que foi governo quem fez

A revista Veja soltou em sua edição deste final de semana mais uma de suas "criativas" reportagens, que trazem documentos obtidos de fonte não revelada e que a revista diz, sem apresentar uma mísera prova, ter sido o governo quem preparou. Com a "denúncia" a revista tenta alcançar três objetivos: transformar a corrupção do governo FHC em mera chantagem petista; forçar a CPI dos Cartões a entregar para a imprensa os dados sigilosos da Presidência da República e desgastar a imagem da ministra Dilma Roussef, da Casa Civil.

A revista, famosa por inventar reportagens inverídicas e trabalhar com documentos de origem duvidosa, alega que teve acesso a um suposto dossiê que teria sido preparado pelo governo para intimidar a oposição na CPI dos Cartões Corporativos. O suposto dossiê traz informações sobre os gastos com suprimento de fundos durante o governo Fernando Henrique. Cita gastos com caviar, champagne, viagens e outras futilidades que são citadas apenas para escamotear o real objetivo da reportagem: acusar o governo Lula de chantagista.

Como costuma fazer quando o assunto é delicado e pode comprometer a revista, já que as "acusações" carecem de qualquer tipo de prova, a Veja deu apenas uma singela chamada no topo da capa para a reportagem. A capa mesmo foi dedicada a outro assunto --o desmatamento da Amazônia-- que a revista menospreza mas resolveu tratar para defender os interesses empresariais que rondam a floresta. Já sobre o suposto dossiê, a revista diz com todas as letras que o documento ao qual teve acesso foi "construído dentro do Palácio do Planalto, usado pelos assessores do presidente na CPI em tom de ameaça e vazado pelos petistas como estratégia de intimidação". Mas não apresenta nenhuma mísera prova ou indício para sustentar estas afirmações.

A revista também mente ao dizer que foi esta suposta intimidação que permitiu a divisão de cargos na CPI, com o PT ficando com a relatoria e o PSDB com a presidência. Além de não ter lógica ---afinal para que o governo cederia um posto à oposição se tinha informações para atacá-la durante a CPI? --- a hipóstese de Veja também esbarra num elemento que no jornalismo sério é fundamental, mas na Veja faz tempo que não é levado em conta: o fato. E o fato concreto é que a negociação dos postos na CPI dos Cartões foi amplamente discutida no Congresso e só permitiu que o PSDB ocupasse a presidência da comissão graças à atuação do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

A maior parte das informações "reveladas" por Veja sobre os gastos da gestão FHC já foram divulgadas em outros veículos de comunicação nas últimas semanas. O suposto dossiê pode, portanto, ter sido uma invenção da própria revista com dados colhidos na imprensa, no Portal da Transparência e até mesmo com funcionários do governo que tiveram acesso a estas informações. A Veja sabe, de experiência própria, que informações podem ser compradas. O dossiê, se é que existe, pode ainda ser obra de pessoas interessadas em desgastar o governo. Infelizmente, a revista usa a legislação que protege suas fontes para esconder quem "vazou" as tais informações que a Veja alega ser um dossiê preparado pelo governo. Esta informação poderia ajudar o Ministério Público a descobrir se houve realmente intenção de chantagear a oposição.

Os dados não batem – Em nota, a Casa Civil disse hoje que "o que a revista apresenta são fragmentos extraídos de uma base de dados do sistema informatizado de acompanhamento do suprimento de fundos (Suprim)". O sistema foi criado por orientação do TCU (Tribunal de Contas da União) para que fossem estabelecidos mecanismos que dessem maior transparência ao acompanhamento dos gastos. O Suprim começou a ser alimentado em 2005. O processo de alimentação retroagiu para 2004 e 2003 e agora estariam sendo digitalizados os documentos dos três anos citados na reportagem da Veja. A Casa Civil também contesta os valores de gastos apresentados pela revista: "Nos três anos referidos pela matéria, o gasto médio anual em suprimento de fundos da Presidência da República não ultrapassa a R$ 3,6 milhões de reais em valores nominais."

Estratégia funcionou para blindar Serra - A "denúncia" de Veja é muito semelhante à estratégia usada em outro episódio, que a própria revista cita na reportagem deste final de semana. O episódio ocorreu durante a campanha de 2006 e a imprensa conseguiu transformar o corrupto em vítima e, assim, neutralizar a acusação. Trata-se do dossiê preparado pela família Vendoim, donos da Planam, com sérias acusações contra o governador de São Paulo, José Serra. Quando foi ministro da Saúde, Serra teria convivido, dentro do Ministério da Saúde, com um esquema de corrupção envolvendo a compra de ambulâncias. Os Vedoins colocaram as informações sobre este esquema num dossiê e tentaram vendê-lo para tucanos (que tinham interesse na papelada para escondê-la) e para petistas, que tinham interesse no dossiê para desmascarar Serra, se fosse preciso, durante a campanha para o governo de São Paulo, em 2006.

Por uma destas coincidências que de coincidência não tem nada, a polícia acabou flagrando pessoas ligadas ao PT negociando a aquisição do dossiê. Foi a senha para que a grande mídia, toda comprometida com a campanha tucana, passasse a acusar petistas de tentar chantagear Serra e o PSDB. A partir daí e com a ajuda dos próprios petistas que caíram nessa armadilha, passou-se a discutir apenas a suposta "chantagem" e nada mais foi falado sobre o conteúdo do dossiê. Até hoje, a opinião pública está sem saber até onde ia o envolvimento de Serra com a corrupção no Ministério da Saúde. Da história toda, restou apenas a vitória eleitoral de Serra e o apelido de "aloprados" para os petistas envolvidos no episódio.

Desta vez, a Veja tenta ser a ponta de lança de um estratagema semelhante. Busca jogar as chamas de seu denuncismo sobre o Palácio do Planalto na esperança de que o governo passe para a defensiva e, assim, qualquer denúncia que surja contra o governo FHC durante a CPI dos cartões venha carimbada como "chantagem". Outros dois objetivos da reportagem, que a própria Veja deixou claro, são o de forçar a CPI a divulgar informações sobre gastos da Presidência da República e envolver a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, no embróglio. Os dados sobre os gastos da Presidência são protegidos pois podem colocar em risco a segurança do presidente e de sua família. Mas a oposição tem a esperança de, com eles, criar factóides para tentar desgastar a imagem do presidente Lula.

A presidente da CPI, Marisa Serrano (PSDB-GO) já entendeu a mensagem e disse que a oposição usará a repercussão da reportagem de Veja para exigir a abertura das contas secretas do governo e convocar a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). "Se o sigilo foi aberto para um lado, temos que abrir para o outro. "Se o sigilo foi aberto para um lado, temos que abrir para o outro. Agora os governistas não têm mais desculpa", afirmou a tucana, que prometeu pôr em votação na quarta-feira a convocação de Dilma.

Resta saber se, a exemplo de 2006, o governo vai novamente cair na arapuca preparada pelo pasquim dos Civita. Fonte: Vermelho.

Extraído do blog http://desabafopais.blogspot.com/2008_03_01_archive.html

Para refletir

Mais um texto do banco de dados.


Devoção ou Comércio?


Quem nunca ouviu falar no “milagreiro” Santo Expedito ou nas igualmente extraordinárias Santa Edwirgem, Santa Rita de Cássia...?
Certamente será difícil encontrar alguém que nunca tenha recebido ou se surpreendido ao entrar numa igreja “católica” qualquer e encontrado um o santinho de Santo Expedito ou Santa Edwirgem. Tão difícil quanto nunca ter encontrado tais objetos devocionais é encontrar quem perceba a ideologia perversa com a qual se faz o gigantesco e escandaloso estelionato religioso.
De tanto ver esses santinhos que banalizam os referidos santos e ridicularizam a Igreja Católica, com o maior e mais colaborador silêncio da hierarquia da mesma igreja, chego à conclusão do quanto a formação dos presbíteros tornou-se deficiente e/ou ideológica. Do quanto o clero está descuidado de seu múnus sacerdotal.
A formação do rebanho e até mesmo dos candidatos ao clero dificilmente saem do papel e raramente deixa de ser letra morta.
É verdade que nesta arquidiocese de Feira de Santana, como em outras, criou-se uma escola de formação para leigos, conheço-a, defendo-a e orgulho-me em ter passado por lá e enriquecido minha experiência de vida laical comprometida. No entanto, é flagrante o desinteresse de diversos membros do clero para que os seus paroquianos conheçam mais e melhor à Doutrina Social da Igreja. A julgar pelo que tem ocorrido comigo, parece ser inconveniente que os leigos sejam conhecedores de determinados assuntos da Doutrina da Igreja, pois isto pode ameaçar o controle inquestionável das paróquias pelo clero.
O silêncio guardado ante o comércio da fé, por parte da esmagadora maioria dos padres, reflete que estes não estão preocupados com o crescimento humano-espiritual dos seus rebanhos. Muitos desses padres ou não percebem o malefício que certas devoções causam aviltando e reduzindo a racionalidade das pessoas ou muitas vezes tiram proveito disso.
A exploração comercial da fé através de objetos devocionais e ainda a proliferação absurda de todo tipo de devoção criadas por beatos e por oportunistas é crescente. O exercício do raciocínio lógico está “tão em baixa” que impede que se chegue ao tão urgente desmascaramento do verdadeiro interesse que está por trás de tais devoções.
Os santos da Igreja Católica deveriam ser um sacramento da Doutrina Cristã. Ou seja, Canoniza-se uma pessoa a fim de que sua vida seja reconhecida como exemplar. Que sua história seja um vivo sinal da prática da justiça, da caridade, da verdade, enfim das virtudes indispensáveis ao cristianismo. Resumindo, o único sentido da canonização de uma pessoa é oferecer a oportunidade para que os cristãos percebam que aquela pessoa canonizada conseguiu testemunhar a Doutrina de Jesus Cristo e que também os cristãos de hoje têm as mesmas condições humanas de cumprir os mandamentos do amor (Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo - Lc 10,27).
Não é necessário ser grande observador para perceber nos santinhos que o verdadeiro interesse nesta devoção não é aquele orientado pela Doutrina Cristã, e sim o interesse comercial. Isto fica muito claro em pelo menos quatro aspectos. 1. Os tais santinhos não oferecem qualquer informação sobre as virtudes praticadas pelos santos enquanto viveram aqui na terra a fim de provocar nos cristãos o desejo de imitar seu heroísmo; 2. O escandaloso flagrante do objetivo comercial. Antes mesmo da “pseudo-oração ao santo” vem uma rubrica onde se informa o dia em que se celebra a festa do santo (no caso do santinho de Santo expedito, 19 de abril). Para ampliar as oportunidades comerciais, diz-se que se pode celebrar no dia 19 de qualquer mês. O texto considerado “oração” apenas reforça, ideologicamente, a força intercessora do santo junto a Deus; não as virtudes que o santo praticou; 3. Outra ideologia é a indicação da utilidade da devoção “se você está passando por algum problema...” como se existisse alguma pessoa isenta disto; 4. O apelo para que a pessoa que recebeu o tal santinho faça a encomenda do objeto devocional, sugerindo explicitamente a quantidade, o valor do milheiro, o telefone da editora responsável pela edição dos santinho, e a propaganda de programas “religiosos” na mídia que estão afinados e provavelmente são patrocinados pelo que talvez possamos chamar de “estelionatária/exploradora da fé”, a Editora Santo Expedito. Todas essas informações estão contidas no roda-pé do santinho. Tal estratégia livrou a referida editora da falência e a colocou em invejável situação econômica.
Para grande parte do clero, essa e outras devoções reforçam nas pessoas a necessidade de freqüentar as igrejas dando a falsa impressão de crescimento do interesse pela religião. Isso muitas vezes cria grandes oportunidades de arrecadação. Muitas paróquias na verdade, são umas espécies de microempresas e por isso temem diminuir sua clientela ao tratar de assuntos polêmicos que redirecionem para as origens do cristianismo a orientação da prática religiosa que ao longo dos séculos foi se descaracterizando em virtude do teocentrismo medieval que, na contramão do crescimento científico-social-tecnológico, vem ganhando cada vez mais força.
Aos temerários pelo esvaziamento das igrejas é oportuno lembrar as palavras de Jesus Cristo: Não temas, ó pequeno rebanho! Porque ao vosso Pai agradou dar-vos o reino (Lc 12,32).

Vital Martinho Carneiro de Oliveira
(leigo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Riachão do Jacuípe – Bahia).
19.02.2004


MESA REDONDA COM PRÉ-CANDIDATOS

Hoje, a partir das 19h30, no Centro Paroquial, os pré-candidatos a prefeito Jucelino do Esporte, Ném de Aureliano e eu faremos uma discussão pública sobre a sucessão municipal. A idéia é apresentar à sociedade candidaturas confiáveis e possibilitar que a própria população decida o processo político deste ano, desde o início. Participe!
Postado por José Avelange.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Felicitações ao Dr. José Vicente

Com um misto de alegria e saudades, a Comarca de Riachão do Jacuípe se despede do Promotor de Justiça Dr. José Vicente dos Santos Lima. Após aproximadamente 14 anos de inestimáveis serviços prestados a esta comunidade, o digníssimo promotor foi promovido para assumir uma das promotorias de Salvador, especificamente a 21ª Promotoria de Justiça de Assistência, de Entrância Especial.
A certeza de que o Riachão de hoje é diferente do Riachão de outrora, é a mesma que nos permite creditar grande parte disso a este brilhante defensor da sociedade jacuipense. O mais recente exemplo disso é o inquérito civil público instaurado para apurar irregularidades no concurso público municipal, realizado pela atual administração, no qual o promotor vem atuando com brilhantismo, apontando grandes indícios de vícios e fraudes praticadas no referido concurso. Pelo que conheço do ilustríssimo promotor, posso afirmar que não lhe foi difícil encarar esta grande empreitada, apesar dos obstáulos de ordem material e da enorme demanda de processos naquela promotoria.
Sem muitas palavras, Riachão do Jacuípe manifesta sua gratidão e apreço ao ilustre Dr. José Vicente, desejando-lhe muito sucesso e parabenizando-o pelo seu empenho e dedicação às causas do interesse público.
Desejando que Deus o abençõe sempre, Riachão quer mais uma vez dizer:

OBRIGADO DR. JOSÉ VICENTE!

Revista IstoÉ presta desserviço à Língua Portuguesa

A revista IstoÉ presta um grande desserviço à cultura e ao Brasil. Passou a oferecer em fascículos aos seus pobres leitores a Novíssima Gramática Ilustrada de Sacconi. Segundo o lingüista Marcos Bagno é o que há de mais reacionário, conservador e antiquado em matéria de estudo gramatical. Sem falar do preconceito contra a diversidade lingüística e o dogmatismo na doutrina gramatical. É um fascista.

Os grupos sociais que não falam como o que ele determinou que é o “certo” são atingidos por seu discurso fascistóide, que trata como “língua de jacu” os nordestinos, os baianos, os indígenas, os peões, os analfabetos, os imigrantes italianos, os idosos, os militantes do PT, os afrodescendentes. Sobra até para os jornalistas. O autor é um desastre.

Em particular, Sacconi destrata a Bahia e sua “influência africana”. A revista Istoé precisa ser processada por crime de lesa-pátria, atentado à cultura e denunciada ao Procon por propaganda enganosa. Não há nada de “novíssima” na gramática que empurra lixo e preconceito aos seus (pobres) leitores.

Leia o artigo de Marcos Bagno na revista Caros Amigos, na mesma edição em que Luis Nassif detona a revista Veja. Imperdível.


Texto de Oldak Miranda

Fonte: http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6142412929997061962

Vale a pena dar uma olhada

Clique no link http://carosamigos.terra.com.br/ e veja trechos de uma entrevista explosiva de Luis Nassif à revista Caros Amigos (já nas bancas), sobre a podridão na Revista Veja.

E como terminou a história do conto?

Como prometido, publico hoje na forma descritiva convencional, a palestra e o ocorrido por conta dela. Dois dias após o fato, para evitar que se perdesse detalhes do ocorrido, abri alguns parênteses para comentar o que ocorreu durante a palestra e levei pessoalmente uma cópia ao bispo que até hoje, não respondeu. Mas isso é assunto para um outro post. Importa fazer um esforço para recordar qual era o contexto da época. Creio que a própria palestra, bem como outros textos ainda a serem publicados irão ajudar nisto.

IGREJA COMUNIDADE DE IRMÃOS SOLIDÁRIOS

X

IGREJA ELETRÔNICA

Irmãos e irmãs, como a Moisés, Deus nos confia e nos envia para uma missão: “Vá. Eu envio você ao Faraó, para tirar do Egito o meu povo” - Êx 3,10. Para isto, precisamos de tempo, de disponibilidade, do aprendizado que se faz necessário para desempenhar a missão particular de cada um.

Nem sempre nossa missão é agradável aos olhos do mundo e não é raro ela provocar conflitos, discórdia, incompreensão, crítica construtivas e principalmente destrutivas, por parte dos próprios irmãos, de caminhada até, e mesmo membros da nossa própria família. Mas, somos confortados pelas palavras do próprio Mestre Jesus, que já nos advertia dizendo: “O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho, os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome – Mt 10, 21-22b. É possível que alguns dos presentes, estejam preocupados pelo simples fato de ver-me neste espaço, dirigindo a palavra a tantos irmãos. Outros, talvez, deixaram de vir para não ter que ouvir coisas que imaginam não ser agradáveis de se escutar. Porém, irmãos e irmãs, não tenho aqui outra intenção que não seja cumprir a missão que Deus me confiou. Não pretendo fazer nenhum esforço para agradar a qualquer pessoa, se ao agradá-la eu deixar de fazer a vontade de Deus ou fugir do cumprimento de nossa missão de Igreja. Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Tenham cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês aos tribunais, e açoitarão vocês nas sinagogas deles. Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa. - Mt 10, 16a,17-18b.

Conforme o que acabamos de ouvir, o que Jesus promete à sua igreja, aos seus discípulos, é bem diferente do que estamos acostumados a ouvir e buscar na igreja que comumente queremos (ou que alguns querem que queiramos). A Igreja, Comunidade de irmãos solidários, vem sendo cada vez mais substituída pelas igrejas eletrônicas, as igrejas que de forma espetacular oferecem solução fácil, milagrosa ou mágica para qualquer problema, através de uma simples e alienada reza repetitiva, cansativa e prejudicial ao caráter racional do homem e da mulher, feitos à imagem e semelhança do nosso Deus. Querem os adeptos e propagadores das igrejas eletrônicas, que os problemas de ordem social, econômica, política, até afetiva, etc., sejam solucionados ao se fazer uma novena ao Espírito Santo ou com a reza de um terço bizantino, terço da libertação, ou simplesmente fazendo uso de uma medalha, de um crucifixo enorme no peito, etc. Fazem questão de mostrar através destes objetos devocionais, que são católicos fervorosos.

No entanto, têm dificuldade em aceitar certas atitudes da Igreja, principalmente a Doutrina Social da Igreja Católica. Geralmente conhecem os dogmas, recebem os sacramentos regularmente, rezam com ênfase, colocam no rosto uma expressão visível de piedade, ajoelham-se e abaixam a cabeça até o chão, fazem ofertas generosas, mas nem sempre se diferencia de outros católicos e até mesmos ateus, os quais não servem de exemplo de cristandade. Não suportam quando ouvem a igreja denunciar as atitudes maléficas da corrupção política, do descaso pelos pobres, querem que estes assuntos jamais entrem na pauta da Igreja. [citar o exemplo da Rádio Canção Nova] (a rede de radiodifusão Canção Nova, ao instalar uma de suas emissoras em Vitória da Conquista, foi procurada pelos padres José Lisboa Moreira de Oliveira e José Ionilton Lisboa de Oliveira a fim de que pudessem apresentar um programa de meia hora semanal produzido pela Sub-regional da CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil) naquela emissora. De início a direção da emissora local não pode atender a solicitação, alegando que por ser uma Rede de Rádio, sua grade de programação é produzida na cidade de Lorena SP, e distribuída para as emissoras filiadas, não havendo possibilidade de fazer uma programação regionalizada. Diante da insistência dos padres religiosos, dias depois, a emissora aceita a proposta e começa-se difundir o que seria uma série de programas, onde a Sub-regional da CRB dava sua contribuição para elucidar aos ouvintes alguns pontos da Doutrina Social da Igreja Católica. Após o quarto programa da série, os padres religiosos, apresentadores do programa, receberam um telefonema do gerente da emissora, anunciando que o programa deveria sofrer modificações. A partir de então, não se teria um programa semanal de meia hora, mas sim, algumas frases de curtíssimas durações – 10 a 15 segundos – e estas, seriam levadas ao ar, esporadicamente, durante todo o dia no decorrer da programação da emissora. Perguntado o porquê de tal modificação, os padres foram informados de que o programa fazia o povo pensar de forma questionadora e, segundo o gerente da emissora, este não é o objetivo da Canção Nova. Questiona-se: Pode se chamar de emissora católica uma rádio que não permite a difusão, por suas ondas sonoras, da Doutrina da Própria Igreja Católica?)

Somos o maior país católico do mundo, temos 3 redes de TVs católicas, mais de 300 emissoras de rádios também católicas, como a Canção Nova; os movimentos pentecostais tanto da Igreja Católica quanto de outras igrejas, mais que duplicaram o número de seus adeptos nos últimos dez anos. Agiganta-se o número de pessoas que se reúnem para rezar em encontros de movimentos pentecostais, católicos ou evangélicos, em finais de semanas; lotam-se estádios e praças para expressar sua força mobilizadora de multidões; celebram-se missas em galpões com capacidade para 30, 40 mil pessoas; enfatizam de forma espetacular o hábito de rezar, de dar esmolas, etc.

Ao mesmo tempo em que cresceu o número de adeptos de tais movimentos, cresceu também de maneira assustadora a corrupção, a miséria, a fome, a violência, o desemprego, o número de miseráveis, os roubos, estupros, o tráfico de drogas, a imoralidade, a concentração da riqueza, do latifúndio, as doenças - crianças morrem de gripe, de desnutrição -, falta assistência médica, sobra desemprego, e a política se deteriora, apodrece dia após dia além de tantos outros males.

Será que com tanta gente rezando pelos pobres, pelos governantes... Deus ainda não se dignou a atender as necessidades do povo? Ou estamos hoje repetindo as atitudes denunciadas por Deus através do profeta Amós como ouvimos na I Leitura? (Am 5, 21-24 ) - E o que nos disse Jesus no Evangelho que ouvimos há pouco? (Mt 23, 13-23) - Será que Jesus não repete hoje as mesmas palavras que foram dirigidas aos fariseus e doutores da lei, que com profunda hipocrisia; rezavam, contorciam o rosto quando jejuavam para que todos vissem que eles estavam jejuando, e não se importavam com a justiça que o Reino de Deus exige para que ele aconteça? “Ai de vocês fariseus e doutores da lei hipócritas! Vocês percorrem o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguem, o torna, duas vezes mais merecedor do inferno do que vocês”. – Mt 23,15.(Citei um fato, sem identificar os personagens, ei-lo: Há pouco, uma pessoa procurou o pároco dizendo-lhe: - Padre, a senhora...fulana, é uma pessoa muito caridosa, ela troca uma cédula de R$ 50,00, em cédulas de menor valor e distribui com os pobres. Precisamos evangelizar esta pessoa. Permita-me realizar círculos bíblicos na casa dela! - O curioso, é que esta pessoa tão caridosa, demitiu diversos funcionários, ou subordinados, porque desconfia que estes não votaram nos seus candidatos a deputado. A última vítima dessa pessoa caridosa, foi uma senhora de mais de 50 anos de idade que foi demitida há uma semana. – neste momento, repeti o versículo 13 do capítulo 23 de Mateus. Essa pessoa, apesar de vir à Igreja só ocasionalmente, paga mensalmente R$ 80,00 reais de dízimo. Considero uma quantia alta demais para uma pessoa ofertar mensalmente na condição de Dízimo, porque isto significa que enquanto a maioria dos irmãos e irmãs passa fome, outros ganham o salário que possibilite pagar esta quantia. Citei o versículo 23 do capítulo 23 do evangelho de Mateus ).

Como ouvimos a pouco (Am 5, 21-24), Deus não se alegra com qualquer oração e chega a ter nojo dos nossos cânticos, quando deixamos de lado a justiça e o direito. Deus vira o rosto para não ver as nossas ofertas, porque sem a Justiça e o direito nossas ofertas e orações se tornam uma tentação a Deus, e Jesus nos diz: “Não tentarás o Senhor teu Deus” - Mt 4, 7b.

Irmãos e irmãs, a nossa missão é a mesma de Moisés enviado ao Faraó, no Egito, que mantinha o povo oprimido e escravizado da mesma forma com se faz ainda hoje. Quantas pessoas perderam o emprego neste país por causa de uma política econômica cruel e mentirosa que hoje já recebe um índice de rejeição de 66% dos brasileiros? (A Tarde, 10/08/1999), (Pausa). Há um ano atrás, a igreja de Irmãos solidários de Riachão denunciava esta política econômica, e alguns cristãos que se negaram a votar nos candidatos a deputado que apoiam e promovem, através deste modelo econômico, o desemprego, a fome, a miséria a violência e a corrupção que este governo causou; esses cristãos estão hoje desempregados ou lhes roubaram, até 3 meses de seus salários; salários roubados pelo Poder Executivo deste município que continua repetindo os mesmos erros dos seus antecessores. O chefe do Poder Legislativo fez discursos na Tribuna da Câmara e nas praças públicas dizendo que o funcionário da Prefeitura tem que votar em quem o prefeito MANDAR, e nenhum vereador se manifestou. Ninguém acionou a Justiça e ainda esperamos (nós, igreja) que os ameaçados pelos políticos fariseus e hipócritas de hoje, se manifestassem e perdessem seu emprego como aconteceu aos nossos irmãos Veto, Samuel, João e a este que vos fala e talvez a outros. (no momento ainda acrescentei: E o Poder Executivo ainda foi para a Rádio Sisal dizer eu havia desviado material da Prefeitura para escrever coisas contra o seu governo. Utilizei 9 folhas de papel ofício, porque há dois meses a prefeitura não pagava a nenhum funcionário ou servidor, e por isso não tive dinheiro para comprá-las numa papelaria. No dia seguinte ao das denúncias que foram feitas aqui na Igreja há um ano atrás o prefeito pagou a todos os funcionários, com exceção daquele que o denunciou e ainda deixou de pagar-lhe mais um mês trabalhado após a denúncia.) - ( Neste momento, incitado pela sua companheira, o Prefeito, o Presidente da Câmara de Vereadores e seus “advogados amadores” e incondicionais, dirigiram-se aos berros para o altar, para tomar o microfone ou para agredir-me. Nada porém aconteceu-me. Nunca me senti tão tranqüilo e tão sereno, tenho convicção de que em momento algum demonstrei rancor. Simplesmente pedi aos ofendidos que me processassem se puderem provar o contrário. O restante da palestra não foi proferido, mas está escrito abaixo. )

Estas são as algemas utilizadas pelos faraós de hoje e que os Moisés, também de hoje, precisam libertar, libertar das algemas da opressão, da perseguição, libertar do desemprego, libertar todos os esquecidos e marginalizados pela estrutura de poder da sociedade atual. Deus envia-nos como profetas, não para fazer previsões futurísticas do que vai acontecer amanhã, que dia o mundo vai se acabar, etc., mas para alertar que o futuro da humanidade está ameaçado pelas atitudes dos poderes terrestres que ignoram o bem maior, a vida. Vida é o sentido primeiro e último da proposta de Deus Pai aos seus filhos. Tanto valorizou a vida dos homens e mulheres, que se tornou também homem, nascendo de uma mulher para dar a sua vida em defesa da humanidade prejudicada pelo pecado com a conseqüência deste, que é a morte.

Deus, vivendo entre nós como homem, na pessoa de Jesus Cristo, nos ensinou que se a justiça não for uma realidade entre os homens e mulheres, não será possível experimentar, sentir a intensidade da maravilha de viver. Por isso ele condenou toda a injustiça, hipocrisia, a cegueira do sistema político, social, e principalmente religioso, além de frustrar as expectativas dos que esperavam um messias rei, poderoso, capaz de expulsar com a espada a dominação estrangeira. Também foi frustração àqueles que imaginavam resolver seus problemas sociais através da oração alienada, separada da ação libertadora, questionadora e chegou a dizer a estes: “Não pensem que eu vim trazer paz à terra; e sim a espada”- (Mt 10,34). E disse também qual era a sua missão: “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância (Jo 10,10)”.

Diante das ameaças que são apresentadas à humanidade ainda hoje, somos enviados como Moisés, encorajados por Jesus: “Não tenham medo deles, pois não há nada escondido que não venha a ser revelado, e não existe nada oculto que não venha a ser conhecido. O que digo a vocês na escuridão, repitam à luz do dia, e o que vocês escutam em segredo, proclamem sobre os telhados. (Mt 10,26-27). Seguindo as orientações de Jesus, a Igreja convida você caro irmão, cara irmã a entrar na defesa da vida anunciando a paz como fruto da justiça. Por isso esta paróquia, como Igreja de Irmãos solidários, convoca a todos e todas para a missão que Jesus nos confia e envia com as seguintes palavras: Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei convosco até o fim do mundo”( Mt 28, 18b-20)

VITAL MARTINHO CARNEIRO DE OLIVEIRA, 14 de agosto de 1999, 71º aniversário de emancipação política de R. do Jacuípe.

terça-feira, 25 de março de 2008

Como atua o PIG

Veja o artigo de Paulo Henrique Amorim, demitido recentemente do portal IG, sobre como e porque o maior jornal do Brasil, (inclusive já virou jornalão jornaleco) A Folha de São Paulo, não faz matérias que gerem prejuízo eleitoral aos tucanos paulistas. http://www.paulohenriqueamorim.com.br/materias3.asp

O que a mída não conta sobre o "mensalão"

Clique nos links http://www.paulohenriqueamorim.com.br/materias21.asp e http://www.paulohenriqueamorim.com.br/materias20.asp para saber o que o PIG (Partido da Imprensa Golpista) não conta sobre mensalão.

Encarando a vida de um jeito diferente

O texto a seguir foi resultado de um trabalho solicitado pela disciplina Oficina Literária. Foi exigida a elaboração de um conto. Por pura falta de criatividade para inventar uma história, resolvi contar nos moldes contista uma história real que aconteceu comigo. Hoje vai o conto, depois postarei a história de forma descritiva e convencional. É mais um texto do meu banco de dados.

O Conto do vigário?

Era a penúltima noite do novenário e como em todos os anos os devotos se espremiam disputando espaço nos bancos da igreja. Além dos festejos em louvor ao santo acontece, concomitantemente, o aniversário de emancipação política da cidade. A missa ainda está incluída como atividade deste último evento.

Até pouco tempo, a paróquia gozava de excelente relacionamento com a administração pública que pagava as despesas paroquiais em troca de eloqüentes e freqüentes elogios e agradecimentos em público da parte do pároco, em todas as ocasiões sobretudo nas indispensáveis festas de padroeiros. Agora, as coisas já não são mais como antes. Apesar dos xingamentos e das calúnias com que ataca os padres através da imprensa, o prefeito está acompanhado pelo presidente da Câmara de Vereadores e pelo secretariado municipal. Foram rezar naquela missa pelos 71 anos de emancipação política de Riachão do Jacuípe. A Filarmônica, a postos, já fazia sua apresentação dando maior brilho à festa. Um coro de vozes conduzia os fiéis durante os cantos cuidadosa e previamente ensaiados pela comunidade para aquela ocasião.

Dentre o povo, alguém cochichava prazerosamente sobre a presença das autoridades no recinto.

- O prefeito fez as pazes com o padre?!

- Acho que ele está aproveitando da festa pra mostrar ao povo que apesar de xingar o padre, ele também é católico e quando sobra tempo, vem à missa.

- É... Pode ser, afinal ano que vem tem eleição e ele sabe que o outro prefeito perdeu a eleição passada porque brigou com a igreja.

- Pelo sim, pelo não, é melhor assim. Afinal, dizer no programa dele na Rádio Sisal, que o padre é vigarista, ministro de satanás e que fica excitado quando lembra dele, já foi longe demais.

- É... mais o padre também provoca. Fica falando que o prefeito persegue o povo que não votou nele, que atrasa o pagamento dos funcionários da prefeitura, que não paga o salário mínimo, faz campanha pros deputados dele invadindo as capelas das comunidades pra botar energia solar sem autorização da paróquia... até por isso ele fala do prefeito.

- Na verdade, eu acho que a raiva do prefeito não é tanto do padre. Ele tem raiva mesmo é de Martinho.

- Eu também acho. Parece que o padre faz o que esse sujeito manda. Aliás, não é só esse padre d’ agora não, com o outro que foi embora era a mesma coisa ou pior!

- Tirando o padre de Coité, nenhum outro padre da região fala de política. O padre de Gavião, o de Serra Preta, até o Cura da Catedral de Feira de Santana são grandes amigos dos prefeitos de suas cidades.

- Só em Riachão e Coité que existe essa briga da igreja com a prefeitura.

- Eu vi padre Marcelo Rossi dizendo no programa de Faustão que não acha certo padre falar de política.

- Os padres da Rede Vida, da Canção Nova, só falam do evangelho, de Deus, de pecado, ensinam rezar o terço, corrente de oração...

- Tu ta certa, só os padres de Riachão e Coité falam de política. Por isso que o prefeito mandou eles ir aprender rezar missa com Pe. Marcelo Rossi.

- Por isso também que a turma do prefeito de Coité vestiu uma batina num cachorro, botou um crachá com o nome do padre e soltou o bicho nas ruas da cidade.

O cochicho de Maria Santa e Antônia Pia foi interrompido quando o padre fez a invocação à Santíssima Trindade e introduziu o Ato Penitencial.

Quase todas as noites havia um padre de fora para fazer a pregação. Não vendo nenhum que fosse estranho, Maria Santa imagina que algum dos padres da paróquia vai pregar naquela noite. O clima é de apreensão. Todos especulam o que vai acontecer.

Desde que o padre velho foi embora a paróquia não é mais a mesma. Ao invés de ensinar o povo a rezar, de confessar os fiéis, fazer grandes missões como antigamente; os padres novos falam de corrupção, falam mal do prefeito, dos vereadores, e usam a Bíblia para isso. Dizem que na Bíblia, Jesus e os profetas fizeram tudo isso. Assim sendo, a tônica de suas pregações é a justiça social, a opção pelos pobres, a solidariedade, estimula o povo se envolver na política, se candidatar, alertam que política é coisa santa, que se distanciar da política é contribuir com a politicalha, que quem reza demais não tem tempo ou esquece de praticar as virtudes, etc.

Após entoar o Glória, deu-se início à Liturgia da Palavra. Foi lida a profecia de Amós: “Eu detesto e desprezo as festas de vocês; tenho horror dessas reuniões.(...) Longe de mim o barulho dos seus cantos (...). Eu quero, isto sim, é ver brotar o direito como água e correr a justiça como riacho que não seca”.

Maria Santa, mais uma vez, cutuca Antônia Pia e pergunta:

- Será que isso tá na Bíblia mesmo?

- Se tá, eu nunca li.

- Depois vamos perguntar a Seu Manelito, que já leu a Bíblia toda, se tem isso mesmo na Bíblia. Qual foi mesmo o livro dessa leitura?

- Foi o livro do Profeta Amós, capítulo 5, os versículos eu não lembro.

A desconfiança daquelas senhoras aguça ainda mais a imaginação, e a pergunta sobre o que vai acontecer naquela noite está estampada na fisionomia apreensiva dos fiéis.

- Depois que o padre velho foi embora, esse já é o segundo padre que vem pr’aqui e parece que são iguais. Só sabem falar de Bíblia, se botar política pelo meio.

- Qual é o tema da noite de hoje?

- Deix’eu ver aqui no cartazinho da festa. É... “IGREJA ELETRÔNICA X IGREJA COMUNIDADE DE IRMÃOS SOLIDÁRIOS”.

As mulheres continuam seu cochicho até quando se anuncia a proclamação do Evangelho.

- Com um tema desse, o Evangelho deve ser esquisito igual a leitura.

- Presta atenção quem é o evangelista, o capítulo e versículo pra gente conferir em casa.

­Enquanto cochichavam, o padre anunciava o Evangelho narrado por Mateus, capitulo 23, versículos 13 a 36. Após o Evangelho, é a hora da pregação. A apreensão cresce. Antônia Pia mais uma vez cochicha com Maria Santa.

- Será que o padre viu que o prefeito tá aí?

- Só não viu se for cego! Ele tá bem no banco da frente.

- E será que ele vai falar de política hoje, ou vai ficar quietinho?

- É hoje que a gente vai saber se esse padre é macho mesmo!

E começa a proclamação do Evangelho.

“Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas, e para disfarçar fazem longas orações! (...) Vocês percorrem o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguem, o tornam merecedor do inferno duas vezes mais do que vocês. (...) Vocês pagam o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. (...)”.

Após a proclamação do Evangelho, a assembléia apreensiva, quase que chocada, responde o Glória a vós, Senhor! Segue um instante de silêncio que mesmo breve, parece uma angustiosa eternidade. O que será agora? É hora da pregação. Por que este silêncio? É a pergunta que ocorre a todos. Tamanha era a apreensão, que ninguém percebeu que o coroinha, ao dirigir-se à mesa do presbitério levando de volta a vela utilizada no ritual da proclamação do Evangelho, embaraça-se no fio, desconectando o plug do microfone. A agonia permanece enquanto o padre espera, silenciosamente, que se restabeleça a conexão.

Restabelecida, quebra-se o silêncio.

- O Concílio Ecumênico Vaticano II, que revolucionou a liturgia da Igreja, também conferiu aos leigos o protagonismo da evangelização. Estamos celebrando a festa de São Roque, um santo leigo. Assim, hoje, quem nos dirigirá a mensagem da pregação, será um leigo desta comunidade.

Uma grande sensação de alívio e relaxamento toma conta da assembléia, até que o padre chama ao microfone o palestrante.

Nunca houve trégua tão mesquinha, tão curta, mal deu tempo respirar. Toda a agonia se renova redobrada quando o padre chama o leigo Martinho para dirigir a mensagem à comunidade.

Antônia Pia e Maria Santa, que imaginam que o prefeito tem mais raiva desse sujeito que do padre, mesmo sem saber que Nietzche já havia dito coisa parecida, concordam que não existe classe mais habilidosa na arte da vingança que a sacerdotal. Justo no dia em que o prefeito está na Igreja esse sujeito é escalado pelo padre para fazer pregação.

Enquanto as duas mulheres se entreolham e conversam com seus botões, Martinho toma posse do microfone e cantando, invoca o Espírito Santo.

Ao fim da invocação, para surpresa e imediato alívio de todos, serenamente Martinho saúda os presentes, incluindo as autoridades – sem nominá-las – e inicia a reflexão.

Aos poucos, começa a usar a tática do morcego, assopra para morder em seguida.

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